Erik ten Hag assumiu o Manchester United no verão e, embora a maioria dos especialistas tenha previsto que a equipa terminasse em quinto ou sexo lugar na tabela da Premier League, os excelentes desempenhos e resultados desde dezembro levaram os Red Devils ao terceiro lugar, onde provavelmente ficarão até ao final da época.
Os modelos matemáticos da 11Hacks mostram que têm 85% de probabilidade de permanecer na posição que assegura a participação na Liga dos Campeões e ainda têm 3% de probabilidade de ganhar o título.
Pressão híbrida como escadaria para o céu
O United teve uma grande quantidade de jogos em fevereiro, diferenciando-se dos restantes rivais da Premier League pelo facto de continuarem em todas as competições internas no final de janeiro.
Começaram o mês a vencer o Nottingham Forest (2-0) para carimbar um lugar na final da Taça da Liga. Depois, duas semanas mais tarde, tiveram confronto duplo com os líderes da Liga espanhol na primeira ronda da fase a eliminar da Liga Europa.
No primeiro jogo em Barcelona, o United optou por uma estratégia de controlar o meio-campo com a ajuda de uma pressão híbrida. Esta é um método através do qual os jogadores defendem tanto em marcação individual como zonal.
Com este sistema, Ten Hag utiliza nuances tácticas que não são implementadas regularmente pelos seus contemporâneos. A maioria dos treinadores deixaria os seus melhores defesas a marcar a principal ameaça do adversário, o que significaria atenção redobrada sobre Robert Lewandowski, nos jogos com o Barcelona.
No entanto, Ten Hag prefere que seja o seu ala a defender dois jogadores ao mesmo tempo, dando um papel defensivo livre a Casemiro, que depois pode defender onde for mais preciso.
O encontro acabou empatado 2-2, mas de acordo com os modelos matemáticos de golos esperados (xG), o Manchester United criou muitas mais oportunidades e deveria ter ganho o jogo - os valores finais foram de 2.32 contra 1.36, a favor do United.
Uma vitória por 3-0 sobre o Leicester na Liga foi acompanhada por uma desforra em casa com o Barcelona (2-1), e o homólogo de Ten Hag nos Culés, Xavi Hernandez, provou o grande treinador que é.
O United tende a pressionar equipa num dos lados do campo e sobrecarregar com um grande número de jogadores onde quer que a bola esteja. Para combater isto, Xavi criou superioridade numérica na sombra verde do campo (que pode ver abaixo), atraindo os jogadores do United para lá como se fosse um íman de distração.
Depois, trocavam a bola muito rapidamente e, maioritariamente, pelos pés de Frenkie de Jong, para o espaço aberto à volta de Alejandro Balde.
Os dribles de De Jong e Baldé foram uma grande arma para o Barcelona nesse jogo e estes dois jogadores dominaram a primeira parte.

A resposta de Ten Hag veio na forma de uma substituição ao intervalo, lançando a mais criticada contratação de verão para o lugar do avançado Wout Weghorst.
A chegada de Antony por cerca de 100 milhões de euros tem soado entre os adeptos como excesso de dinheiro gasto num jogador que não tem assim tanto impacto ofensivo. Mas há uma força que o brasileiro tem que a maioria da comunidade desvaloriza... a brilhante capacidade de decisão na defesa.

No mesmo sistema, Antony tornou o trabalho de Casemiro mais fácil por ser capaz de defender De Jong e ajudar Aaron Wan-Bissaka a marcar Baldé. De Jon mudou-se mais para a ala, como se pode ver na imagem acima, mas isso de nada valeu ao Barcelona que só conseguiu um remate interessante depois do intervalo.
Graças a este ajuste tático, o United ultrapassou uma das melhores equipas do mundo. Além disso, dias depois, disputaram a final da Taça da Liga inglesa em Wembley, diante de um perigoso Newcastle.
Casemiro, a chave
Sabendo que vinham de um jogo difícil com o Barcelona e que o Newcastle gosta de um jogo físico com rápidas transições ofensivas, Ten Hag montou um bloco baixo de forma a eliminar a ameaça dos extremos do Newcastle.
Ofensivamente, o objetivo era ganhar bolas no meio do campo e entregar a Marcus Rashford e Antony. O Newcastle tinha mais poss de bola e criou várias hipóteses, mas o United aproveitou as suas antes do fim da primeira parte e recolheu aos balneários com uma vantagem de 2-0.
Na segunda parte, o treinador dos Magpies, Eddie Howe, lançou o avançado Alexander Isak e mudou a formação para um 4-4-2. Ten Hag respondeu a isto ao baixar ainda mais o seu bloco. Fred e Bruno Fernandes fizeram marcação individual a Joelinton e Bruno Guimarães, enquanto Casemiro colocou-se no espaço à frente dos centrias para prevenir a superioridade numérica dos adversários.
O médio defensivo brasileiro fez mais uma atuação fantástica e graças à sua forte contribuição, o United controlou o jogo defensivamente e só permitiu ao Newcastle uma hipótese digna de registo no resto do encontro.
Na Liga, deve ser destacado que a equipa de Ten Hag não perdeu qualquer encontro em fevereiro e recolheu 10 pontos em quatro jogos, apesar de não ter podido contar com o jogador-chave Casemiro em três deles devido a suspensão.
Houve uns buracos a mais na defesa durante esses jogos, mas o guarda-redes David de Gea exibiu-se a excelente nível nos momentos importantes e a linha ofensiva do United, liderada por Rashford, foi brilhante.
Considerando os dados e os pontos associados feitos acima, é justo dizer que Ten Hag - o treinador do mês segundo os dados - fez um excelente trabalho no United em fevereiro.