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ONU alerta para a intromissão do crime organizado no desporto na América

A ONU alerta para a intromissão do crime organizado no desporto na América
A ONU alerta para a intromissão do crime organizado no desporto na AméricaANGELA WEISS / AFP

O crime organizado aumentou a sua participação no desporto na América para obter lucros ou lavar dinheiro, o que ameaça as competições desportivas no continente, alertou uma agência da ONU num relatório apresentado nesta sexta-feira, 19 de setembro.

O relatório do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) baseia-se no estudo de 15 países do continente, entre eles Estados Unidos, Canadá, Brasil, México, Argentina, Chile e Colômbia.

"Cada vez mais se observa que a corrupção no desporto está a tornar-se mais sofisticada, sistemática e transnacional, com um aumento também da participação de grupos de crime organizado", disse Tarsila Klein, responsável do UNODC no Brasil, na apresentação do relatório em videoconferência.

Segundo o relatório, "a ameaça que representam a corrupção e outros crimes e ilícitos para o desporto nas Américas e no Caribe está a crescer" e "está a colocar em risco o impacto social e económico positivo" das competições desportivas no continente.

O relatório afirma que o crime organizado obtém lucros ou lava dinheiro com as suas atividades criminosas por meio de várias modalidades. Uma delas é a adulteração das competições desportivas para obter benefício econômico. Também destaca a infiltração de grupos criminosos na promoção de apostas ilegais pela internet.

Biliões de dólares em jogo

Segundo a agência da ONU, anualmente são movimentados até 1,7 bilião de dólares em apostas ilícitas controladas pelo crime organizado em todo o mundo.

"No nosso continente americano, identificamos que a manipulação de competições pode estar vinculada a grupos de crime organizado e, frequentemente, com vínculos transnacionais relacionados também a apostas ilegais e lavagem de dinheiro", afirmou Andrés Ramírez, do UNODC no México.

O relatório também alerta para o risco de corrupção no processo de organização de grandes torneios desportivos, como o Mundial de futebol de 2026, que será realizado nos Estados Unidos, México e Canadá, assim como os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 ou os Panamericanos de Lima 2027, devido aos elevados orçamentos destinados a obras e contratos.

Além disso, denuncia a exploração de atletas por clubes, patrocinadores, intermediários ou agentes na negociação de contratos.

O estudo indica que, em 2024, o gasto global com transferências internacionais de futebolistas masculinos atingiu 8,590 mil milhões de dólares.

"A vulnerabilidade do desporto à corrupção nas Américas e no Caribe é evidente", diz o documento, que pede aos governos que revejam as suas legislações e aumentem a cooperação internacional para combater esse flagelo de forma mais eficaz.

"Cada vez mais, identificamos que o crime organizado está a explorar as vulnerabilidades pela falta de regulamentações", lamentou Klein.