Fernando Belasteguín é o melhor jogador da história do padel. Se alguém tem dúvidas sobre isso, agora que se retirou, depois de perder o seu último jogo por 6-3 e 6-4 no Milano Premier Padel P1, pode pôr em perspetiva o que foram três décadas cheias de sucesso ao mais alto nível.
Para colocar em cima da mesa um facto convincente que dê dimensão à sua lenda, basta recordar os 230 torneios ganhos e as 286 finais disputadas. Poder-se-ia dizer que isso é normal por ter começado numa altura em que a modalidade não era tão competitiva como é hoje, mas isso seria injusto.
Foi campeão, pelo menos uma vez, todos os anos de 1996 a 2022; e só na sua primeira e última épocas (1995 e 2024) é que não esteve na luta pelo título. Com o cair do pano, foi a sua vez de fazer o balanço da estrada em vários locais e, sempre com a sua elegância caraterística, o resultado é espetacular.
A reação mais recente pode ser encontrada na sua conta X: "Competi, corri, aqueci e terminei a minha carreira sendo fiel à minha essência. Que grande sensação poder olhar a minha família nos olhos, sabendo que dei o meu melhor até ao fim! E a todos vós... nunca poderei retribuir o amor e o respeito que me demonstraram", disse o argentino.
História do padel
Falar da história do padel e de Bela é quase a mesma coisa. O albiceleste soube jogar com os jogadores mais velhos e mais novos do circuito - ganhou títulos com o mais velho (Willy Lahoz, 44 anos) e com o mais novo a vencer (Arturo Coello, 19 anos).
Mas na lista de todos os seus parceiros, destacou-se a ligação com um deles: Juan Martin Diaz. Junto com o compatriota, ele ficou um ano e nove meses sem perder, período em que conquistaram 22 títulos consecutivos. Isso não é nada.
No final, aquele jovem de 15 anos com um sonho conquistou o planeta. Primeiro, ganhou duas vezes o trono mundial de duplas (2002 e 2004). Depois, levou a bandeira argentina ao topo do pódio mundial de equipas por seis vezes (2002, 2004, 2006, 2014, 2016 e 2022).
Logo após o seu último jogo profissional, ainda quente, fez um balanço de tudo em frente ao microfone do Premier Padel: "Nunca se sabe qual é a sensação quando se deixa de jogar. E eu estou muito feliz, muito calmo. Vou-me embora feliz. O desporto está de uma saúde incrível e com jogadores que dão um espetáculo impressionante. Para mim, o que estamos a ver hoje no padel nunca foi visto antes. Para mim, o padel que estão a ver hoje é o melhor padel que já vimos na nossa história", afirmou.
Aproveitou ainda para fazer um apelo a toda a família do padel antes de pendurar a raquete: "Mas vou pedir aos jogadores e às suas equipas que continuem a trabalhar para que no próximo ano possamos assistir a um espetáculo ainda melhor. Muito obrigado por tudo", concluiu.