Um quarto Campeonato do Mundo ao ar livre e um terceiro título da Liga Diamante foram os pontos altos do ano que agora terminou.
"Isto não fica por aqui. Isto é um avanço e é uma vantagem para o que está para vir", disse Rojas depois de ser nomeada Atleta Feminina do Ano do Atletismo Mundial.
"São prémios como este que nos fazem trabalhar mais e pensar em grande, pensar que as coisas estão a ir na direção certa", acrescentou, com o seu habitual sorriso e ambição, num vídeo que publicou nas redes sociais.
Agora, esta carismática atleta de 28 anos tem a oportunidade de continuar a fazer história: nunca antes um atleta da sua Venezuela natal ganhou duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos.
Rojas juntou-se ao boxeador Francisco "Morochito" Rodríguez no México 1968, ao taekwondista Arlindo Gouveia em Barcelona 1992 e ao esgrimista Rubén Limardo em Londres 2012 no exclusivo clube de venezuelanos que ganharam medalhas de ouro olímpicas.
16 metros na mira
Dona do recorde mundial de 15,35 metros, Yulimar Rojas quer tornar-se na primeira mulher a quebrar a barreira dos 16 metros no triplo salto. O recorde mundial de 15,74 metros, estabelecido em pista coberta a 20 de março de 2022, apoia esse objetivo.
Shanieka Ricketts, da Jamaica, com 15,03 metros, e Maryna Bekh-Romanchuk, da Ucrânia, com 15 metros, foram as únicas capazes de superar a barreira dos 15 metros em 2023. Embora as suas rivais a observem de longe, a final do Campeonato do Mundo de Budapeste, a 25 de agosto, foi um aviso: Rojas é, afinal, humana.
A medalha de ouro e até mesmo o pódio quase lhe escaparam por entre os dedos, e ela conquistou a coroa numa última tentativa agonizante, com um salto de 15,08 metros, que comemorou de joelhos, chorando de alegria, tirando imensa pressão de si mesma.
"A melhor Yulimar Rojas é aquela que nunca desiste, a melhor Yulimar Rojas é aquela que supera as adversidades (...). Foi uma noite muito complicada para mim, mas consegui defender o meu título", disse a venezuelana, que tem quatro campeonatos do mundo ao ar livre (2017, 2019, 2022 e 2023) e três campeonatos do mundo em pista coberta (2016, 2018 e 2022).
O seu melhor desempenho ocorreu a 16 de setembro na final da Liga Diamante em Eugene, Estados Unidos da América, com os seus 15,35 metros, que lhe deram o título da Liga Diamante pelo terceiro ano consecutivo (2021, 2022 e 2023).
Bilhete selado
A 5 de julho, com um salto de 15,16 metros, Rojas selou o seu bilhete olímpico e ganhou a medalha de ouro nos Jogos Centro-Americanos e das Caraíbas de San Salvador-2023.
"Paris está mesmo ao virar da esquina e o meu nome já está inscrito", disse a atleta natural de Caracas.
Embora a coroa dos Jogos Centro-Americanos e do Caribe não seja a que mais se destaca na extensa lista de prémios de Rojas, esse triunfo foi de especial importância para ela, pois havia escapado até aquele momento.
"A primeira vez (Veracruz-2014), as coisas não correram como eu queria; a segunda vez (Barranquilla-2018), não pude participar porque estava lesionada; e a terceira foi de vez", disse.
Treinada pela lenda cubana Ivan Pedroso, Rojas lançou um desafio extra, ainda por cumprir, pois anunciou o desejo de competir em Paris-2024 numa prova adicional ao triplo salto: o salto em comprimento.
"Sou uma mulher de desafios (...), para mim, fazer a dobradinha nos Jogos Olímpicos é um sonho que vou tentar realizar".