"Estou a viver em Madrid para jogar e treinar com melhores condições"
- Como é que surgiu a possibilidade de formarem uma dupla fixa para atacar a época de 2025, visto que no ano passado, apenas nas provas em Portugal e na Seleção, jogaram juntos?
Pedro Araújo: "O primeiro torneio que nós jogamos juntos foi o Campeonato Nacional de 2024. Entramos com o objetivo de o vencer. Fizemos um torneio bastante competente e conseguimos alcançar o objetivo de sermos campeões, o que nos enche de orgulho. Pessoalmente este era um objetivo que já tinha há 4 ou 5 anos. Fiquei muito satisfeito por ter alcançado este objetivo em conjunto com o António Luque, que é um jogador que me ajuda imenso dentro de campo porque tem muito mais experiência, muitos mais anos de Padel. Depois fizemos mais um torneio em Guimarães que conseguimos vencer e jogamos juntos o Mundial. Esta participação foi a prova de que podíamos fazer uma boa dupla, conseguimos vencer jogos importantes que ajudaram na conquista do tão desejado terceiro lugar final. Foram todas estas coisas que me levaram, no final de 2024, a convidar o António a jogar este ano sempre comigo. Ele aceitou, o que me deixou muito satisfeito, e estamos a jogar juntos os circuitos português e internacional".
- Como é que um espanhol de nascença consegue chegar ao título de campeão nacional? O que o levou a aceitar o convite do Pedro para constituírem uma dupla fixa?
António Luque: "Para mim foi um orgulho poder ganhar oficialmente o meu primeiro campeonato nacional. Fizemos uma grande prova e conseguimos vencer duplas muito fortes. O título de campeão foi importante, mas penso que o mais decisivo foi a nossa prestação no campeonato do mundo. Foi nessa altura que percebemos que podíamos ganhar no circuito internacional como dupla".
- Já falaram do terceiro lugar obtido por Portugal na mais recente edição do Mundial, só atrás das potências Espanha e Argentina. António, que visão tem da evolução do Padel em Portugal, até tendo em atenção que chegou a Portugal apenas há alguns anos?
António Luque: "Cheguei a Portugal no ano de 2018 e não tenho dúvidas que, nestes sete anos, a evolução tem sido muito grande. Quando cheguei cá, os jogos em que tinha dificuldades eram muito poucos, mas agora é tudo muito diferente, há quatro, cinco, seis duplas muito fortes, o que demonstra uma evolução notável".
- Pedro, o que significa perceber que o Padel começa a ser muito mais falado no nosso país e que a equipa portuguesa consegue jogar praticamente olhos-nos-olhos com potências como a Espanha e a Argentina?
Pedro Araújo: "Comecei a jogar Padel em 2016 e a verdade é que se nota uma diferença muito grande. Quando comecei quando dizia que praticava esta modalidade muitas pessoas perguntavam o que era isso? Não era o desporto que é hoje, não era muito conhecido. Atualmente fico bastante orgulhoso de ver tantas pessoas a praticar o desporto que nós gostamos, é inacreditável porque se vê Padel em todo o lado, é muito bom para nós sentir este crescimento e um dos principais sinais é precisamente o que Portugal conseguiu obter nos campeonatos europeus e mundiais. A medalha de terceiro lugar que obtivemos no último campeonato do mundo, mais o quarto lugar das nossas meninas, mostram a evolução do Padel português. Penso também que a Federação Portuguesa de Padel tem muitas responsabilidades neste crescimento por todas as oportunidades que nos dá. Nós também trabalhamos muito, eu por exemplo, estou a viver em Madrid para jogar e treinar com melhores condições para evoluir o máximo possível".
- O António vive no Porto e o Pedro vive em Madrid, como é que a dupla desenvolve o seu trabalho?
António Luque: "Treinamos separados, mas a ideia passa por durante o ano, quando não tivermos torneios, tentar passar tempo juntos, no Porto ou em Madrid, para trabalharmos em conjunto".

"Há cada vez mais pessoas que nos reconhecem"
- Qual é o vosso grande objetivo para a temporada de 2025?
António Luque: "Temos vários, um deles é voltar a conseguir conquistar o campeonato nacional, queremos defender o título e queremos ganhar. Internacionalmente o principal objetivo é somar pontos suficientes no Ranking internacional para podermos entrar nos torneios principais, os Premier, para competirmos frente aos melhores do mundo".
- Como é que vocês sentem essas presenças em grandes torneios internacionais, que começam também a ter visibilidade em Portugal?
Pedro Araújo: "Nós sentimos que cada vez há mais acompanhamento e nós também nos motivamos com isso. Por exemplo nos torneios Premier só há transmissão streaming nos jogos do quadro principal, o que leva que a nossa motivação também aumente, porque queremos que os nossos jogos possam ser vistos por todos. Queremos que em Portugal se veja Padel, não só as nossas famílias e amigos, mas todos aqueles que gostam da modalidade".
António Luque: "Uma prova de que o Padel está a crescer muito é que para além do aumento de número de praticantes e de torneios nacionais e internacionais, é a presença da modalidade na comunicação social. Cada vez há mais notícias, na rua há cada vez mais pessoas que nos reconhecem, o que é muito agradável para nós. Para o crescimento do Padel é muito importante esta presença nos meios de comunicação.
- Há cada vez mais pessoas que começam a olhar para as prestações dos melhores jogadores do mundo: Galán, Tapia, Tello, Chingotto, etc… Eles são mesmo de outro mundo?
António Luque: "Sim, as três, quatro melhores duplas do mundo, são muito mais fortes que as restantes. Principalmente as duplas Tapia/Coello e Galá/Chingotto estiveram em 2024, na maioria das finais dos principais torneios".
Pedro Araújo: "Concordo que há três/quatro duplas que se destacam, mas começam a haver surpresas porque o Padel tem evoluído muito também ao nível mundial. Há duplas que em torneios importantes, partem da qualificação e chegam aos oitavos de final e aos quartos de final, penso que o nível médio está cada vez mais elevado".