1.087 golos em 1.118 jogos - dependendo da fonte - é o legado deixado por Pelé no Santos após 18 anos de ligação. Uma relação particularmente colossal, atestando a qualidade inata do brasileiro para a bola redonda e para o futebol. Desde a estreia, aos 15 anos, até à primeira Libertadores ganha por uma equipa brasileira, o avançado teve um verdadeiro caso de amor com o Santos.
Estreia no Brasil e na Europa
Pelé tinha 15 anos quando chegou aos campos de treino do Santos. Contudo, só em 1957 é que começou a sua carreira profissional. Deixou imediatamente a sua marca na equipa e marcou 20 golos. O Santos passou a ser temido pelos adversários, o que o beneficiou, e Pelé foi convocado para o Campeonato do Mundo de 1958, na Suécia. Quando regressou ao clube, foi a apoteose. Marcou 58 golos em 38 jogos, um recorde que o marcou para o resto da sua carreira e fez com que ganhasse vários prémios.
Uma vez que Pelé tinha sido uma estrela internacional desde o Campeonato do Mundo de 1958, tinha de surfar a onda em 1959. O Santos propôs uma digressão europeia para competir com outros clubes e gerar lucros com a sua estrela. Nesse ano, o Rei jogou 22 jogos na Europa.
Declarado "tesouro nacional não exportável" pelo Santos, Pelé ficou com o clube brasileiro, tendo-o promovido e atraído o interesse de grandes clubes do outro lado do Atlântico. No final do ano, Pelé tinha jogado 103 jogos, um número sórdido que ilustra perfeitamente os delírios de grandeza da época.
No entanto, Pelé foi nomeado melhor marcador do campeonato Paulista e repetiu a façanha em 1960, 1961 e 1962. Isso permitiu que jogasse a Libertadores.
1961 e 1962: anos históricos para Pelé e para o Santos
Em 1961, o Santos ganhou o precursor do Brasileirão. A Taça Brasil, portanto, permitiu a Pelé e aos seus companheiros de equipa competir na Libertadores em 1962. A campanha do clube brasileiro não foi fácil, mas Pelé, ainda assim, conseguiu brilhar. O Santos derrotou a Universidade Católica na meia-final e, depois, enfrentou o gigante Peñarol, a grande equipa uruguaia da época.
O Santos ganhou a primeira mão e empatou a segunda, porém um golo foi anulado no segundo jogo por causa de uma garrafa atirada contra o árbitro assistente no início do segundo tempo. A partida tornou-se então história, uma vez que foi interrompida. A multidão estava furiosa, assim como os jogadores. O árbitro foi forçado a reiniciar o jogo após 51 minutos. Um terceiro jogo foi então disputado em Buenos Aires, já que Santos tinha ganho o primeiro jogo e o Peñarol o segundo.
Pelé mais uma vez deixou a sua marca num grande torneio: marcou duas vezes na final. Graças ao seu génio futebolístico, Pelé conseguiu fazer do Santos o primeiro clube brasileiro a ganhar a Libertadores. A lenda está no topo do mundo e é observada por todos. Viveu a vida ao máximo, desfrutando do seu estatuto e das suas conquistas, apesar de um dececionante Mundial devido a uma lesão.
Divórcio no declínio do Rei
Nos anos que se seguiram, os golos continuaram a surgir contra os adversários do Santos e de Pelé. Com oito títulos Paulistas e seis Taça Brasil na década, o clube da região de São Paulo tornou-se um ponto de referência no futebol brasileiro. Mas no final dos anos 60, Pelé começou a cansar-se facilmente e a sua proporção de objetivos diminuiu gradualmente. O divórcio não estava muito longe. O Rei cumpriu os seus deveres, acompanhou a sua equipa para a Europa, mas surgiu a questão da reforma.
No final, Pelé deixou o Santos em outubro de 1974. Num dos jogos mais memoráveis da sua carreira, decidiu pegar na bola no 23.º minuto, movê-la para o círculo central e ajoelhar-se. Foi então aplaudido pela multidão de adeptos. Foi um final brilhante para o tempo que esteve no clube.
Posteriormente, Pelé voou para os Estados Unidos e para os New York Cosmos. Jogou durante dois anos, marcando 37 golos em 64 jogos, antes de se reformar, adorado e respeitado por todos.