Miguel Ângelo Falcão de Oliveira, nascido em Almada em 04 de janeiro de 1995, foi o primeiro piloto português a vencer corridas no Mundial de MotoGP, mas vai prosseguir a carreira nas Superbikes a partir de 2026.
O piloto luso, de 30 anos, está a competir atualmente no MotoGP, categoria rainha do motociclismo de velocidade, ao serviço da equipa Prima Pramac Yamaha, mas no próximo ano vai mudar-se para as Superbikes, conduzindo uma BMW.
Sob influência do seu pai, Paulo Oliveira, também ele antigo piloto e confesso apaixonado por velocidade, Miguel teve aos três anos o seu primeiro contacto com uma mota. Numa primeira fase, uma moto4 elétrica e depois, já mais a sério, uma de 50 centímetros cúbicos.
Depois da aprendizagem, a competição entrou na vida de Miguel Oliveira aos nove anos. Em 2004, o jovem piloto, que pelo meio tentou a sorte nos karts, voltou às duas rodas para competir no campeonato nacional MiniGP, que venceu em 2005 e 2006.
Uma vez mais, o seu pai voltou a ser a peça chave no que viria a ser a carreira de Miguel. Foi ele o primeiro a perceber, também por experiência própria, que Portugal era pequeno demais para potenciar o talento que via diante dos seus olhos.
O campeonato espanhol de velocidade, no qual se estreou em 2009, acabou por ser a grande montra para Miguel Oliveira, que simultaneamente disputou nesse ano o campeonato europeu, terminando em terceiro e quinto, respetivamente.
Em 2010, lutou pelo título espanhol, terminando como vice-campeão, a dois pontos de Maverick Viñales. Na mesma posição, terminou também o campeonato europeu.
Estreou-se no Mundial de velocidade em 2011, na categoria de 125cc, pela Andalucía-Cajasol. No ano seguinte integrou a Moto3, pela Estrella Galicia 0,0, conquistando os primeiros pódios, ao ser terceiro na Catalunha e segundo na Austrália.
Entre 2013 e 2014 alinhou pela Mahindra Racing (dois terceiros lugares, na Malásia e nos Países Baixos), antes de se transferir, em 2015, para a Red Bull KTM Ajo, onde somou as primeiras vitórias no Mundial (seis nessa temporada) que lhe valeram o segundo lugar do campeonato, a seis pontos do britânico Danny Kent.
Em 2016 subiu para a Moto2 com a Leopard Racing e, posteriormente, regressou à Red Bull KTM Ajo, em 2017, equipa pela qual alcançou seis vitórias e o vice-campeonato de 2018, atrás do italiano Francesco Bagnaia.
A estreia em MotoGP ocorreu em 2019, na Tech3 KTM, conseguindo em 2020 a primeira vitória da carreira na classe rainha, no Grande Prémio da Estíria, oferecendo também o primeiro triunfo de sempre àquela equipa privada no Mundial de MotoGP.
No mesmo ano venceu também o Grande Prémio do Algarve, em Portimão, numa prova marcada pela pandemia e em que o Falcão fez a pole position, volta mais rápida e liderou todas as voltas da corrida.
As prestações valeram-lhe a promoção à equipa oficial da KTM, entre 2021 e 2022, com a qual conquistaria mais três vitórias (Catalunha, em 2021, e Indonésia e Tailândia, em 2022, com a particularidade de estas duas corridas se terem disputado debaixo de chuva).
Mas, em 2023, decidiu experimentar uma nova marca, mudando-se para a Aprilia, com a equipa satélite Trackhouse Racing. Os problemas técnicos e as lesões não permitiram que voltasse a conhecer o sucesso experimentado com a KTM.
Em 2025 acabaria por mudar de ares novamente, agora para a Yamaha, na equipa Prima Pramac que acabara de conquistar o título de equipas e de pilotos, com o espanhol Jorge Martin.
No entanto, o ano começou logo mal, com uma queda na corrida sprint da Argentina, segunda ronda da temporada, que lhe provocou uma lesão nos ligamentos do ombro direito. Falhou as três corridas seguintes (Américas, Qatar e Espanha), desistindo na prova seguinte, na França.
A adaptação à nova mota atrasou-se e a equipa acabou por acionar a cláusula de desempenho, que impediu a renovação do contrato com o português por mais uma temporada.
Desde o GP da Hungria, Miguel Oliveira tem sido mais consistente, tendo pontuado em todas as provas realizadas desde então, com um 12.º, dois nonos e um 14.º lugares.
Quando ainda faltam disputar cinco corridas, incluindo o GP de Portugal, penúltima ronda da temporada, o piloto do Pragal é 21.º, com 26 pontos, mas tem sido também dos melhores representantes da Yamaha.
Hoje viu confirmada a mudança para o Mundial de Superbikes, um campeonato com motas derivadas de série, menos potentes e explosivas do que os protótipos de MotoGP, mas, ainda assim, uma competição com estatuto de Mundial.
Ao longo da carreira, Oliveira somou vitórias e pódios nas três categorias do Mundial de velocidade.
Fora das pistas, frequenta o curso de medicina dentária. Pai de dois filhos, fruto do casamento com a filha do padrasto, ficou conhecido como Einstein, graças à cerebral manobra na última curva do GP da Estíria de 2020, que lhe permitiu ultrapassar dois pilotos e festejar a primeira das cinco vitórias na categoria rainha.
Também já experimentou as quatro rodas, disputando provas com o pai no circuito de Vila Real e em Portimão.
Agora, aos 30 anos, muda-se para as Superbikes, antevendo que já será improvável regressar um dia ao MotoGP, que deixa como o único português da história a ter vencido corridas no Mundial de velocidade.