Paulo Murta, o responsável pelo crosse na Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), reconheceu que o historial pesa, com os 59 metais até agora conquistados, atrás dos 200 da Grã-Bretanha, dos 111 da França e dos 88 de Espanha, mas não tolhe a ambição nacional.
“Portugal tem tradição, mas também temos a noção de que as últimas medalhas já foram há alguns anos. Em femininos, estivemos nos pódios em 2021 e 2019, com a Mariana Machado, mas em homens já foi há mais tempo. Portugal ainda continua a ser o quarto país com mais medalhas conquistadas no geral, mas cada vez torna-se mais difícil conquistar uma medalha. Nós temos essa noção”, recordou Murta, em declarações à Lusa.
O fator casa é uma vantagem, mas não é decisiva, admitiu o técnico algarvio, antevendo as sete corridas dos Europeus de crosse, as masculinas e femininas em seniores, sub-23 e juniores, com a atribuição de pódios coletivos, atendendo aos três primeiros classificados em cada uma das provas, além da estafeta mista.
“Claro que toda a gente pensa que estafeta mista será a prova em que temos mais possibilidades. Eu, sinceramente, não sei se será ou não, porque os outros países também apostam, também têm finalistas olímpicos e mundiais. É uma prova muito rápida em que tudo se pode decidir numa fração, o bom e o mau”, detalhou.
Portugal pode apresentar nesta prova Isaac Nader, campeão mundial dos 1.500 metros, Salomé Afonso, vice-campeã europeia indoor dos 1.500 metros e bronze nos 3.000, Nuno Pereira e Patrícia Silva, bronze nos 800 em pista curta em Apeldoorn 2025, além de Maria Avelino e Rodrigo Lima.
Paulo Murta não escondeu o receio com o impacto provocado pela greve geral, na preparação e nas deslocações dos atletas, na quinta-feira, mas também pelo contexto gripal da região, almejando que não afete a seleção nacional.
Sem querer responsabilizar em demasia Mariana Machado, pentacampeã nacional da especialidade, e José Carlos Pinto, que conquistou o cetro pela primeira vez neste percurso, o responsável técnico elogiou as possibilidades das seleções masculinas sénior e de sub-23.
“Claro que uma medalha, uma só que seja, já seria bom e eu ficaria satisfeito, mas, para já (a dois dias da competição), o que pretendo é que a maioria dos atletas se superasse. Eu penso que é possível, com resultados nos dois primeiros terços (da classificação) ou até no primeiro terço. Temos hipóteses de pôr muitos atletas aí. Todos ambicionam a superação e toda a gente que vai entrar na pista vai entrar para fazer o seu melhor, bem melhor do que fizeram no campeonato nacional”, garantiu.
Murta elogiou ainda o empenho da FPA na preparação dos Europeus, com dois estágios de observação e um final, o apoio “incansável” do Município de Lagoa, numa competição animada pela presença constante de estrelas do atletismo de pista, como Mo Farah (ouro em 2006), Sifan Hassan (vencedora em 2015) e, mais recentemente, de Jakog Ingebrigtsen (tetracampeão de juniores e três vezes em seniores) e Nadia Battocletti (bicampeã de juniores e sub-23 e atual detentora do cetro principal).
Além disso, o técnico justifica ainda o recente interesse europeu na especialidade, com o domínio africano dos Mundiais de crosse, agora disputados de dois em dois anos, com a próxima edição marcada para 10 de janeiro de 2026, em Tallahassee, nos Estados Unidos.
