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Português Pedro Queirós chega a Auschwitz após 100 dias a “correr pela paz”

Pedro Queirós no portão de Auschwitz
Pedro Queirós no portão de AuschwitzInstagram/Pedro Queirós

O atleta amador português Pedro Queirós chegou este domingo a Auschwitz, na Polónia, e concluiu no prazo previsto uma iniciativa de 100 dias “a correr pela paz”, solidária para com projetos no Nepal e no Médio Oriente.

De bandeira portuguesa nas costas, o corredor deparou-se com o antigo campo de concentração e extermínio da Alemanha nazi por volta das 12:00 polacas (11:00 de Lisboa) e foi recebido por um dos responsáveis do Museu Auschwitz-Birkenau, Witold Lysek, que enalteceu o seu esforço para “manter viva” a memória de um lugar onde mais de um milhão de pessoas morreu durante a Segunda Guerra Mundial.

Quando me propus a chegar ao campo de Auschwitz, foi porque já tinha subido ao topo do Evereste (em 2022). Neste manifesto pela paz, propus-me a chegar ao lugar onde a humanidade bateu mais fundo na sua história mais recente. Na minha opinião, esse lugar é o campo de Auschwitz”, realçou à Lusa.

A visita à plataforma de comboio onde chegavam os prisioneiros, na maioria judeus, ao conhecido portão com a inscrição em alemão “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta, na tradução portuguesa) e às antigas instalações do mais mortífero dos campos de concentração nazis despertaram “um misto de emoções” em Pedro Queirós.

O lugar tem um peso muito esmagador devido à sua história. Por outro lado, sentimos paz em alguns lugares, enquanto caminhamos ali, de perceber a coragem daquelas pessoas que sobreviveram, das pessoas que morreram. Neste lugar, aconteceram coisas terríveis, mas não deve ser esquecido. Existem dois extremos”, descreve.

Desde que partiu de Lisboa, em 25 de abril, o atleta projetou cumprir 100 maratonas até Auschwitz, mas, na última semana do desafio, decidiu completar 101, percorrendo 84,4 quilómetros entre as 23:00 de sábado e as 12:00 de hoje, a partir de Cracóvia, a segunda maior cidade da Polónia, situada no sul do país.

"Foi um esforço físico gigantesco. Saí do centro de Cracóvia e fui em direção a norte. Encontrei zonas industriais e depois vilas completamente perdidas, com estradas não iluminadas. Choveu entre as 03:00 e as 05:00. O caminho foi bastante bonito. Depois, virei para oeste e cheguei ao antigo campo de concentração de Auschwitz. Fiz a primeira maratona sozinho. Na segunda, juntaram-se cerca de 20 pessoas”, retrata.

O lisboeta correu mais de 4.200 quilómetros em 100 dias para angariar 100 mil euros com o objetivo de financiar a construção de uma escola no Nepal (50 mil euros), país onde se encontrava aquando do sismo de 25 de abril de 2015 e que apoia regularmente, e duas instituições que almejam a paz entre Israel e a Palestina.

O projeto intitulado ‘Run for Peace – manifesto pela paz’ espera entregar 25 mil euros à Combatants for Peace, associação que reúne ativistas israelitas e palestinianos, nomeada para o Prémio Nobel da Paz em 2017 e em 2018, e outros 25 mil à Hand in Hand, rede escolar com mais de duas mil crianças judias e árabes, em que as línguas hebraica e árabe têm igual estatuto.

Pedro Queirós vai divulgar o valor arrecadado em 15 de agosto, tendo adiantado à Lusa que esta “aventura humanitária”, como designa a iniciativa, ainda não recolheu o montante pretendido.

Antes das 101 maratonas entre Lisboa e Auschwitz, o português cumpriu outras “aventuras humanitárias”, entre as quais a caminhada de 1.200 quilómetros em 2017, entre o Taj Mahal, na Índia, e Catmandu, capital do Nepal, a subida ao cume do Evereste, montanha mais alta do mundo, em 2022, a maratona do Evereste, em 2023, e as 50 maratonas em 50 dias no Japão, em 2024, sempre com fins solidários.


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