A capa da revista de referência Sports Illustrated do mês de março - uma rara honra reservada a uma "perspetiva", sendo o mais ilustre LeBron James, na altura ainda no ensino secundário e apelidado de "O Escolhido", em 2002 - prova-o: o francês de 19 anos e de 2,21 metros é visto como a maior esperança do basquetebol mundial. LeBron vê-o como "um extraterrestre", "um talento geracional".
É a inveja e desejo de todas as franquias, mesmo que apenas um par delas possa ter possibilidade de acertar no jackpot no final da época. É provável que "Wemby" seja a escolha número um no draft em 22 de junho, apesar da concorrência de outro prodígio, Scoot Henderson. Mas a identidade da equipa que o vai selecionar está ainda longe de ser conhecida.
Vai depender da classificação final e da lotaria criada para equilibrar as forças deste campeonato fechado e organizado para os 14 emblemas que não se qualificam para os play-offs.
Nas últimas três edições, as três equipas com o pior registo da época têm, cada uma, 14% de hipóteses de serem as primeiras a escolher o primeiro jogador no draft, o "mercado" de jovens talentos que querem adquirir. A quarta pior equipa terá uma probabildiade de 12,5%, a quinta de 10,5% e por aí adiante, até que a 14.ª tenha apenas 0,5%.
Atenção especial
Se já sorriu a Minnesota (Anthony Edwards), Detroit (Cade Cunningham) e Orlando (Paolo Banchero), que estiveram entre as equipas com a primeira escolha com 14% de hipóteses, este novo sistema tem como principal objetivo evitar um "tanking" massivo, que tem a consequência de desvirtuar todo o campeonato.
Até à implementação deste novo sistema, a pior equipa da épcoa tinha uma probabilidade de 25% de ser a primeira a escolher no draft e por vezes as equipas lutavam para ver quem... acabava em último.

Ainda assim, a NBA temia que, tendo em conta o fenómeno Wembanyama e uma vez terminado o sonho de chegar aos play-offs, muitas equipas cedessem à tentação de quem perde ganha no final da época.
"Eu percebo (a ideia de "tanking"), especialmente quando existe um talento único a chegar. Mas avisamos as equipas, vamos prestar muita atenção a este assunto", avisou o comissário da Liga, Adam Silver, antes da época.
"A palavra que começa por T não entra no meu vocabulário como comissário. Impusemos múltiplas alterações na lotaria para desencorajar as equipas de perderem de propósito. Estamos cientes de que existem processos de reconstrução legítimos. Mas não há vantagem em ser a pior ou a segunda pior equipa da época. Claro que 14% é sempre melhor do que 1% ou 0%, mas é difícil apostar o futuro nisso".
"Vamos rezar pelo Victor"
O chefe da NBA, que ainda assim afastou a hipótese de introduzir um sistema de despromoção para punir as franquias que não cumprissem, parece ter sido ouvido, já que os Houston (19 vitórias, 49 derrotas), Detroit (15 vitórias, 48 derrotas) e San Antonio (15 vitórias, 47 derrotas) podem ser as únicas equipas a terminar com menos de 20 triunfos. Estes clubes, rapidamente identificados como os mais fracos, devem, salvo surpresas, constituir o trio com a maior probabilidade de herdar Wembanyama.
Outros emblemas em fase de reconstrução, como os Orlando, Indiana e Utah, pareciam potenciais candidatos ao "tanking", mas mostraram um lado diferente, tal como os Charlotte, cuja atual série de cinco vitórias consecutivas mostra um desejo de evoluir.
Quando um adepto dos Portland instou no Twitter a sua equipa favorita a fazer "tanking", a resposta de Damian Lillard, a estrela dos Blazers, que estão a lutar pelos play-offs, foi clara: "Nem pensar".
Entre os executivos preocupados com o draft, apenas o proprietário dos Houston, Tilman Fertitta, foi aberto quanto à esperança em recrutar Wembanyama. Contando com a ajuda de... Deus: "Vamos rezar pelo Victor", proclamou durante um Mardi Gras bem regado.