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Queiroz diz que jogadores do Irão são livres de se manifestarem e confronta jornalistas

Queiroz diz que jogadores do Irão são livres de se manifestarem e confronta jornalistas
Queiroz diz que jogadores do Irão são livres de se manifestarem e confronta jornalistasAFP
Os jogadores de futebol do Irão são livres de se juntarem aos protestos que atravessam o país islâmico acerca dos direitos das mulheres enquanto jogam no Campeonato do Mundo no Catar, mas devem fazê-lo dentro das regras do torneio, apontou esta terça-feira o selecionador iraniano, o português Carlos Queiroz. Questionado sobre se sente orgulho em treinar um país que oprime mulheres, o treinador devolveu a questão: "Quanto me pagas para responder a isso?"

A HRNA (agência de notícias de direitos humanos) indicou que 344 pessoas morreram e 15.280 foram detidas nos últimos dois meses de manifestações a nível nacional, desencadeadsa pela morte da mulher curda Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia da moralidade.

O Irão defendeu que a sua morte se deveu a condições pré-existentes e acusou os seus inimigos de fomentarem a agitação para desestabilizar o país. Os protestos transformaram-se numa crise de legitimidade para o sistema clerical, no poder há mais de quatro décadas.

Os jogadores do Irão taparam o símbolo da seleção nacional quando fizeram dois jogos de preparação em setembro, o que foi interpretado como um sinal de apoio aos protestos. Mas têm sido duramente criticados nas redes sociais nos últimos dias por se terem reunido com os dirigentes iranianos antes da ida para Doha, onde treinaram pela primeira vez esta terça-feira.

Os jogadores são livres de protestar como o fariam se fossem de qualquer outro país, desde que esteja em conformidade com os regulamentos do Campeonato do Mundo e esteja dentro do espírito do jogo”, afirmou Carlos Queiroz, em conferência de imprensa.

Mas também te podes expressar em campo no jogo de futebol e os jogadores só têm uma coisa na cabeça que é lutar para nos qualificarmos para a próxima fase”, vincou.

A FIFA tem-se oposto a que jogadores, equipas e adeptos se envolvam em protestos, mas no último ano tomou uma atitude mais tolerante em relação às manifestações, como quando várias equipas usaram camisolas com apelos ao respeito pelos direitos humanos, dirigidos ao anfitrião do Mundial-2022, o Catar.

Queiroz foi também questionado se tinha orgulho em treinar um país que reprime mulheres e, numa resposta tensa, perguntou ao jornalista quanto lhe pagaria para responder àquela pergunta.

O treinador disse que os jogadores iranianos tinham estabelecido o objetivo de chegar à fase a eliminar, apesar de estarem no Grupo B com Inglaterra, Estados Unidos e País de Gales. O primeiro encontro é com os ingleses, na segunda-feira.

Nas últimas cinco participações em Mundiais, o Irão não conseguiu passar da fase de grupos

Eles não querem apenas fazer parte da história, mas também fazer história. Se levarmos alegria e prazer ao povo, então fizemos o nosso trabalho como futebolistas e essa é a questão mais importante para mim como treinador da seleção nacional”, afiançou.

Carlos Queiroz, que esteve presente nas últimas quatro edições do Mundial – uma delas por Portugal –, disse que sentia que uma Inglaterra fora de forma conseguiria ser derrotada, mas que deve ser respeitada.