Hugo Auradou, 20 anos, do Pau, e Oscar Jegou, 21 anos, do La Rochelle, foram detidos na segunda-feira no âmbito da investigação sobre a violência sexual. Eles são esperados em Mendoza, a 1.100 km da capital Buenos Aires, onde serão julgados.
"Trata-se de um abuso sexual particularmente atroz, com relações sexuais, com a participação de duas pessoas, com violência, para ambos", declarou Natacha Romano, advogada da queixosa de 39 anos, que é também filha e irmã dos advogados, em entrevista à AFP na quarta-feira.
Referiu-se ao "abuso com acesso carnal", a definição legal de violação na Argentina. De acordo com a legislação argentina, a violência sexual pode constituir crimes que vão desde a agressão sexual até à violação agravada, que pode ser punida com uma pena de prisão até 20 anos.
Oscar Jegou e Hugo Auradou, por seu lado, "confirmaram ter tido uma relação sexual com a jovem durante a noite, mas (...) negaram firmemente qualquer forma de violência", segundo um comunicado da Federação Francesa de Rugby(FFR) publicado na terça-feira.
Estas relações sexuais foram "consensuais", disse o advogado dos dois jogadores de râguebi, Rafael Cuneo Libarona, em Mendoza, na quarta-feira. " Ela afirma ter sido agredida, mas as câmaras (de vigilância do hotel) dizem que não foi", disse ele a vários meios de comunicação, incluindo a AFP.
A alegada agressão ocorreu no sábado à noite no Hotel Diplomático em Mendoza, onde os jogadores franceses e a equipa técnica estavam hospedados após a vitória da equipa francesa por 28-13 sobre os argentinos. Fontes policiais disseram à AFP, sob condição de anonimato, que os jogadores tinham conhecido a alegada vítima num bar. Os jogadores conheceram a alegada vítima num bar, beberam álcool juntos e depois a queixosa, que estava "tonta", foi levada para o hotel.
"Um murro na cara"
Segundo a advogada Natacha Romano, a cliente regressou ao hotel com um dos dois jogadores envolvidos, "inicialmente identificado como Hugo (Auradou)". Segundo Natacha Romano, "ele agarrou-a imediatamente, atirou-a para a cama, começou a despi-la e começou a bater-lhe selvaticamente com o punho, cujo hematoma é visível no rosto da vítima. Sufocou-a até ao ponto em que ela sentiu que ia partir".
Cerca de uma hora mais tarde, "entrou o segundo homem, chamado Óscar", disse o advogado, acusando-o dos "mesmos actos de violência e abuso sexual". "Ela tentou fugir pelo menos cinco vezes. Mas o Hugo acordou e levou-a de volta", continuou.
"Para já, a acusação é de abuso sexual, mas há uma forte possibilidade de evoluir para uma acusação que combine outros crimes", disse.
Segundo a procuradora de Mendoza, Daniela Chaler, "o depoimento (da queixosa) foi bastante longo, completo e pormenorizado e, para já, corresponde às conclusões forenses".
"As lesões são compatíveis com o relato da vítima, mas não são necessariamente resultado exclusivo de uma agressão sexual", acrescentou a magistrada, que pediu a prisão preventiva dos dois jogadores, à rádio LV10.
"Que a justiça seja rápida"
O presidente da Federação Francesa de Rugby, Florian Grill, que se encontrou com os dois jogadores em Buenos Aires na terça-feira, espera que "a justiça se mova rapidamente", como explicou à AFP.
"Hoje (quarta-feira), fomos a Mendoza para ver o braço direito do procurador e o responsável pelo caso: o advogado pôde explicar vários pontos que levantam dúvidas sobre a declaração inicial e que vão pôr em causa várias declarações", continuou.
"Se a investigação apurar os factos do caso, estes constituem uma atrocidade sem nome. Os nossos pensamentos estão com a vítima", escreveu Amélie Oudéa-Castéra, ministra francesa do Desporto, no X, após a revelação do caso que mergulhou a equipa nacional francesa na confusão.
"Foi um dia muito difícil, muito, muito difícil. Foi um momento muito difícil de viver", disse o treinador dos Bleus, Fabien Galthié, na terça-feira. Depois de ter vencido o Uruguai (43-28) na quarta-feira, a seleção francesa deverá voltar a defrontar os Pumas no sábado, em Buenos Aires.
