Ele sempre o disse e nunca se cansou de o repetir: "Os recordes são feitos para serem batidos".
Mas o saltador mundial de altura e ídolo internacional Javier Sotomayor sorri quando o diz por detrás de óculos escuros, enquanto o sol feroz das Caraíbas bate no Estádio Pan-Americano de Havana.
É que, aos 55 anos, celebra neste 27 de julho a terceira década em que o seu salto de 2,45 metros continua inigualável. Foi o seu último recorde. Mas há 35 anos que é o recordista mundial do salto em altura.
Basta contar a partir do dia em que alcançou 2,43 metros na pista coberta de Budapeste, em 1988. Depois, voltou a bater o recorde, com mais um centímetro, tal como Sergei Bubka no salto com vara, um ano mais tarde, em San Juan de Porto Rico.
Desde Salamanca, o seu recorde mantém-se invicto, mas não por falta de rivais que ambicionem arrebatar-lhe a coroa.
"Houve uma competição muito forte entre nós em todas as etapas", disse Sotomayor em entrevista à Reuters.
"Eles foram os culpados por eu ter saltado 2,45 metros", assumiu.
Entre os culpados estão o sueco Patrik Sjoberg, que já bateu o recorde mundial com 2,42 metros, bem como o cazaque Igor Paklin e o americano Charles Austin, com recordes pessoais de 2,41 e 2,40 metros, respetivamente.
"Hoje em dia, com 2,33 ou 2,34 metros é-se medalha de ouro e medalhado em qualquer competição, seja a nível mundial ou olímpico", disse Sotomayor.
No entanto, dois atletas mais jovens ameaçaram a sua marca: Mutaz Essa Barshim, do Catar, com um salto de 2,43m em Bruxelas, e Bogdan Bondarenko, da Ucrânia, que saltou 2,42m em Nova Iorque, ambos em 2014, há quase uma década.
Atualmente secretário da federação cubana de atletismo, Sotomayor também aconselha o seu filho Jaxier, que saltou 1,99 m em Espanha aos 15 anos, e organiza um evento anual de salto em altura para crianças em honra do seu falecido treinador, José Godoy.
"Sinto-me muito feliz e orgulhoso por ainda ter a glória de ser o recordista mundial ao fim de tantos anos", disse Sotomayor.
"Vou viver com esse orgulho, e ele vai continuar mesmo depois de alguém me ultrapassar", acrescentou.