De um lado da quadra, Sinner, uma máquina de precisão e potência, campeão do Open da Austrália e do US Open. Do outro, a categoria e agilidade de Alcaraz, que levantou os troféus de Roland Garros e Wimbledon.
Dois tenistas antagónicos, carismáticos e quase amigos. Um presente para o ténis no momento de virar a página do seu capítulo mais brilhante, o reinado do "Big 3", com Rafael Nadal recém-retirado, seguindo os passos de Roger Federer, que pendurou as raquetes em 2022, e Novak Djokovic como ilustre sobrevivente.

Djokovic e Murray juntos
Não cabe considerar o sérvio, dono de 24 títulos de Grand Slams, como acabado, mas a temporada que termina deixa pistas sobre o seu declínio. Ele despede-se do ano sem um major pela primeira vez desde 2017, mas com um heroico ouro olímpico nos Jogos de Paris, a única conquista importante que faltava em seu vasto currículo.
A sonhada medalha veio na terra batida de Roland Garros, com vitória sobre Alcaraz depois de dois tie-breaks.
Djoko voltará a mostrar a sua melhor versão? O seu plano para reacender no circuito conta com uma carta inesperada: o ex-tenista escocês Andy Murray, que se aposentou depois dos Jogos de Paris, como treinador.

Dois ex-número 1 do mundo, nascidos com uma semana de diferença em 1987, rivais desde garotos e que se enfrentaram em sete finais de Grand Slam (cinco vitórias de Djokovic e duas de Murray). A parceria entre ambos será uma das atrações da temporada desde o Open da Austrália (12 a 26 de janeiro).
Em Melbourne, Djokovic, dez vezes campeão do primeiro Grand Slam do ano, vai encontrar-se com o novo detentor do título: Sinner.
O italiano terá como objetivo confirmar-se como dominador do circuito e, assim como Alcaraz, completar sua coleção de Grand Slams.
Tratamento desigual?
Além do desafio de renovar o seu reinado, Sinner vai precisar colocar um ponto final no seu caso de doping. "Claro que passa pela minha cabeça", confirmou o número 1 do mundo no final de novembro, depois de conquistar sua segunda Taça Davis consecutiva pela Itália.
O tenista de 23 anos testou positivo para o anabolizante clostebol, presente em quantidades ínfimas na sua urina em dois exames realizados com oito dias de intervalo em março.
A Agência Internacional de Integridade do Ténis (ITIA) aceitou a alegação de Sinner de contaminação acidental, uma decisão muito controversa, também pelos prazos depois de ter sido anunciada em agosto. O caso foi reaberto porque a Agência Mundial Antidoping (Wada) entrou com um recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), cuja decisão deve chegar no início de 2025.

Também houve controvérsia em torno da punição imposta à poloca Iga Swiatek, número 2 do ténis feminino e dominadora do circuito nos últimos anos: no final de novembro, a ITIA anunciou um mês de suspensão depois de testar positivo para trimetazidina em agosto.
Swiatek também alegou contaminação acidental e a ITIA considerou que a gravidade de seu caso era "a mais fraca do espetro".
Os casos de Sinner e Swiatek abrem vários pontos de interrogação: A ITIA atua de forma independente? Atua com justiça ou protege as estrelas? Usa o mesmo critério com todos os jogadores?
"Vemos falta de protocolos claros e padronizados. Posso entender os sentimentos de muitos jogadores que estão se questionando se eles são tratados de maneira igual", ressaltou Djokovic sobre a sombra que não para de crescer sobre o ténis.