Mais

Rúben Semedo recorda a detenção em Espanha: "Perdi-me com gente que conheci"

Rúben Semedo está atualmente no Al Khor, do Catar
Rúben Semedo está atualmente no Al Khor, do CatarČTK / imago sportfotodienst / NOUSHAD
Atualmente no Al Khor, do Catar, Rúben Semedo, central português de 30 anos, deu uma entrevista ao jornal "Marca", onde recordou a detenção em Espanha, em fevereiro de 2018, com base em acusações de tentativa de homicídio, agressão, ameaças, posse ilícita de arma e roubo com violência.

Rúben Semedo admitiu admitiu que estava “perdido” em más companhias nessa altura da sua vida, quand representava o Villarreal. Depois de ser libertado, em liberdade condicional, em julho de 2018, o central passou or Huesca, Rio Ave, Olympiacos e FC Porto, antes de rumar ao Médio Oriente, em 2022.

A verdade é que eu estava perdido, passei de ganhar 10 euros a 100 e perdi-me com gente que conheci. Sempre disse que foi culpa minha, porque eu aceitei que essa gente entrasse na minha vida. Não escolhi as melhores pessoas para estarem ao meu lado, mas também não digo que me arrependo, fez-me crescer e aprender. Com esta idade, 30 anos, sou um homem realizado. Obviamente que queria ter outro tipo de histórias para contar no Villarreal, um clube do meu coração. Não me arrependo de nada, mas obviamente que cometi erros e oxalá que sirvam para que outros aprendam”, assumiu Rúben Semedo.

É como tudo, no final há pessoas que querem ter fama ou dinheiro, mas sem trabalhar. Essa gente é sempre mais acessível e, se abres a porta da tua casa, é mais fácil que entrem, mas no final são tudo decisões. Todas as decisões que tomamos, grandes ou pequenas, no final são o que decide o teu destino”, acrescentou o central, internacional português em três ocasiões.

Podem não acreditar, mas o que eu procurava não era nada mais do que companhia, ter alguém ao lado. Quando fui para o Villarreal, fui sozinho. Em muitas das experiências que eu tive fora, estive sempre sozinho, não porque a minha família queria, mas porque eu não os deixava, não os queria perto para não os preocupar. Não gosto de partilhar os meus problemas com ninguém, é um problema que sempre tive. No final, como disse, são decisões e quando alguém toma uma tem de aceitá-las e assumir as consequências que vêm, boas ou más. Agora estou bem”, assumiu Rúben Semedo. 

Lamentando novamente que se tenha deixado aproveitar por “parasitas” nessa fase da sua carreira, Rúben Semedo salientou ainda a importância que a sua fé em Deus teve durante os meses que passou atrás de grades. 

Temos de nos agarrar àquilo em que acreditamos e há pessoas que te amam de verdade. Eu sempre acreditei que aquilo que Deus coloca no teu caminho, seja o desafio que for, é sempre para tornar-te mais forte. Ou seja, há uma frase em português que traduzida diz: ‘Deus dá as grandes batalhas aos seus melhores soldados’ e eu sempre acreditei nisso. É uma forma que levo para encarar os desafios”, referiu. 

Rúben Semedo revelou ainda que Gelson Martins, com quem partilhou o balneário no Sporting, foi o único colega a visitá-lo na prisão em Espanha.

"Não é um colega de equipa, é meu irmão. Gosto muito dele. Não vou chorar, obviamente. Foi uma surpresa e foi muito complicado. Vê-lo e não poder tocar nas pessoas que amamos. Isso é sempre o mais complicado. E pior: eu não podia falar e ele não podia falar. Podíamos falar, mas não era possível. Não conseguíamos fazer sair as palavras. Olhávamos um para o outro e ficávamos assim. E eu dizia, 'então...' e ele... Foi uma coisa muito fria", conta Semedo, que manteve sempre uma forte ligação a Gelson Martins.

"Um dia até lhe escrevi uma carta. As cartas na prisão são como quando se dá um telefone a um miúdo de 10 anos. Deu-nos muita vida, é diferente. Quando saí, senti muito apoio e foi aí que fiz o 'clique' para selecionar as pessoas boas para a minha vida", explicou.

Os números de Rúben Semedo
Os números de Rúben SemedoFlashscore