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Rublev admite: "Não uso todo o meu potencial"

Andrey Rublev em ação
Andrey Rublev em açãoJULIAN FINNEY/GETTY IMAGES EUROPE/Getty Images via AFP
Tão conhecido pelos seus golpes devastadores como pelas suas mudanças de humor a meio de um jogo, o russo Andrey Rublev, oitavo classificado do ranking mundial, está a "tentar" controlar melhor as suas emoções em campo para "usar mais" o seu potencial, disse o tenista de 27 anos numa entrevista à AFP no sábado.

- No início da sua carreira, enfrentou os "três grandes" (Federer, Nadal e Djokovic) e agora Jannik Sinner e Carlos Alcaraz. É frustrante ter de enfrentar adversários de tão alto nível?

- Não, de todo. Eles utilizam (ou utilizaram) todo o seu potencial, enquanto eu não. Sei que ainda tenho muito potencial. Sei que ainda tenho margem para melhorar, tudo depende de mim. Tenho de me concentrar em mim próprio e tentar aprender a utilizar mais o meu potencial, e veremos o que acontece.

- É conhecido pela forma como gere as suas emoções em campo...

- Principalmente pela forma como não as consigo gerir (risos)!

- Sente que, aos poucos, está a conseguir lidar melhor com elas?

- Estou a tentar. Mas, sinceramente, é um processo a longo prazo. Por vezes fazemos progressos, depois regredimos um pouco. Há muitas coisas que podem fazer-nos voltar aos velhos hábitos. Claro que quero tornar-me o melhor! Mas isso leva tempo.

- A diferença entre Sinner e Alcaraz é puramente mental?

- Há um pouco de tudo. O aspeto principal é mental, claro, mas também há muitos aspectos do meu jogo que tenho de melhorar. Estou no top 10, mas sou um dos piores jogadores na rede. Os outros jogadores do top 10 conseguem lançar bolas de posições difíceis; as minhas, por vezes, caem fora do court. Por isso, estou a tentar trabalhar em pormenores como esse e estou a dedicar mais tempo a isso do que antes. No passado, estava obcecado apenas com o meu forehand; hoje, estou um pouco mais aberto a trabalhar noutras coisas nos treinos.

- Depois de ganhar dois torneios Masters 1000, o próximo passo é ganhar um Grand Slam?

- Veremos. Agora que estou a treinar de forma um pouco diferente, estou curioso para ver o que acontece. Claro que estou a definir objectivos, mas não em termos de ganhar títulos.

- Então, quais são os seus objectivos para 2025?

- É mais uma questão de melhorar em certos domínios. Se conseguir fazer isso, tornar-me-ei um jogador melhor, que ganha mais jogos. Ganhando mais jogos, ganharei mais torneios, e talvez um deles seja prestigiante.

- Acha que a época de 2025 vai ser dominada por Jannik Sinner e Carlos Alcaraz, como em 2024?

- Sinceramente, não estou preocupado com isso. Eles gerem as suas próprias vidas, são grandes jogadores e dominaram totalmente 2024. Por isso, cabe-lhes a eles preocuparem-se com a forma como começam o próximo ano. Se tiver de me preocupar comigo e com eles ao mesmo tempo, a minha cabeça vai explodir (risos)!.

- Qual foi a sua reação quando soube, no final de agosto, que Jannik Sinner tinha testado positivo para clostebol (um anabolizante)?

- Não se pode desejar isto a nenhum jogador. Não consigo imaginar o stress ou a ansiedade que ele sentiu durante todo esse período. Lidou muito bem com isso, continuou a jogar ao seu melhor nível e conseguiu dominar o circuito apesar de tudo, conquistando títulos. É muito impressionante.

- As autoridades antidopagem foram criticadas pelo atraso na revelação deste teste positivo que remonta a março e pela ligeireza das sanções aplicadas. Partilha destas críticas?

- Penso que o sistema antidopagem deveria ser um pouco mais compreensível. No ténis, as regras são muito rigorosas, mais do que noutros desportos. Tenho a sensação de que cada pequeno erro, mesmo quando não é intencional, pode ameaçar a nossa carreira.