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Râguebi: Inglaterra pretende alcançar novos patamares após o sucesso no Mundial feminino

Treinador de Inglaterra, John Mitchell, após a final do Mundial
Treinador de Inglaterra, John Mitchell, após a final do MundialAFP

A equipa inglesa, que dominou tudo e todos, ainda tem "mais um cume para escalar" depois da vitória na final do Campeonato do Mundo feminino frente ao Canadá, segundo o treinador John Mitchell.

A vitória por 33-13 diante de uma multidão de 81.885 pessoas – um novo recorde para um jogo de râguebi feminino – no seu estádio de Twickenham, ampliou a série de vitórias consecutivas de Inglaterra para 33 partidas seguidas.

Agora, somam impressionantes 63 triunfos nos últimos 64 jogos, sendo a única exceção nessa sequência a derrota para a terra natal de Mitchell, Nova Zelândia, na final da Women's World Cup de 2022, adiada pela Covid, em Auckland.

No entanto, Mitchell, ao falar no hotel da seleção inglesa no domingo, garantiu que não faltará motivação à equipa, líder do ranking mundial, depois de terem superado o Canadá, segundo classificado, por cinco ensaios contra dois.

"Acho que, sim, provavelmente não somos diferentes da maioria dos exploradores do mundo", disse Mitchell, que foi eleito treinador do ano do râguebi feminino pela World Rugby após a final: "Eles estão sempre à procura de mais um cume para escalar, e acredito que também vamos encontrar esse desafio," acrescentou.

Mitchell, antigo treinador dos All Blacks masculinos da Nova Zelândia e responsável pela defesa da Inglaterra quando foram derrotados na final masculina do Mundial-2019 pela África do Sul, não tem dúvidas de que conduzir Inglaterra ao terceiro título mundial feminino e ao primeiro em 11 anos é um dos pontos altos da sua carreira.

"É enorme. Como as jogadoras disseram, há momentos deste dia que vão ficar comigo para sempre," afirmou: "Lembro-me de quando saímos do autocarro e entrámos (em Twickenham), olhei rapidamente para a bancada sul e aquele espaço estava completamente cheio de pessoas. Nunca tinha visto nada assim."

Mudança de vida

O treinador, de 61 anos, acrescentou: "Mas também estar ligado a estas jogadoras é especial, porque são determinadas, mudaram a minha vida e também mudaram a minha forma de pensar."

Questionado sobre o que mudou exatamente, Mitchell, que foi integrado na equipa técnica feminina após a derrota na final de 2022 com o objetivo específico de conquistar o Mundial, respondeu: "Bem, a verdade é que passei a maior parte da minha carreira no râguebi masculino e isso cria um certo viés, não éÉ a única referência que sempre tive e, ao receber a oportunidade de treinar estas jogadoras... É preciso observar, ouvir e encontrar formas de as motivar. Acho que o conselho para qualquer homem (a treinar no desporto feminino) é dar às mulheres espaço para se expressarem. E penso que foi isso que procurei fazer, permitir que as jogadoras se expressem."

Mitchell, cujo contrato vai até ao final do Seis Nações de 2026, não se comprometeu quanto ao futuro.

"Temos um Seis Nações em abril, mas ainda tenho muito tempo para pensar nisso," disse.

Inglaterra vai celebrar a vitória em Londres ainda este domingo, mas a capitã Zoe Aldcroft, que ficou 13 meses sem beber álcool até ao triunfo de sábado, afirmou que ainda há muito por conquistar.

"Depois das celebrações, este capítulo encerra-se," disse: "E depois é hora de preparar a próxima geração das Red Roses."

A terceira linha acrescentou: "Somos muito competitivas e queremos estar sempre no topo. Ganhámos o Mundial, mas dentro de algumas semanas estaremos de volta à PWR (Premiership Women's Rugby), prontas para lutar pelos nossos clubes. A vontade de continuar a evoluir e melhorar nunca termina."

Para a segunda linha Abbie Ward, o sucesso de sábado foi ainda mais especial por ter a filha Hallie na bancada.

"É incrivelmente inspirador ter a minha filha ali e ela foi a minha motivação nestes últimos dois anos, tem sido incrível. Mas acho que o mais importante é que todas as filhas nos inspiraram e usamos as camisolas que dizem 'for the girls' e é mesmo isso."