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Em declarações à agência Lusa, o treinador que conduziu os lobos ao sucesso frente às Fiji (24-23), reconheceu que o percurso da equipa “foi um pouco difícil” após a sua saída, “porque não houve continuidade” nas equipas técnicas, mas destacou que “o potencial está lá” presente no grupo.
“Há muito mais potencial na seleção portuguesa hoje do que quando iniciámos o percurso, em 2019, rumo ao Mundial de França, quatro anos depois”, afirmou Lagisquet, no dia em que Portugal assegurou a qualificação para o próximo Mundial, a realizar na Austrália, em 2027.
Após a saída do técnico francês, o seu sucessor e compatriota, Sébastien Bertrank, “ficou apenas algumas semanas” e, depois, o argentino “Daniel Hourcade foi uma solução provisória” e só agora é que Portugal pode “começar a trabalhar de forma consistente com Simon Mannix”, lembrou o Express de Bayonne.
Ainda assim, e apesar de Portugal continuar a usar muitos jogadores que levou ao França-2023, Lagisquet recusa ter ainda alguma responsabilidade na qualificação agora conseguida com o neozelandês Simon Mannix.
“Não fui eu que fiz estes jovens tornarem-se tão bons jogadores. Eles já tinham um grande potencial e isso foi um trabalho de continuidade do João Mirra, do Luís Pissarra (adjuntos de Lagisquet durante a sua passagem por Portugal) e dos clubes portugueses, que estão a fazer um bom trabalho com os jovens e foram a chave desta geração que ainda tem mais jovens que podem crescer”, comentou o técnico.
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Por isso, Lagisquet acredita que Portugal “pode voltar a ganhar um jogo, sem problema”, em 2027, ou “talvez dois jogos se tiver todos os jogadores disponíveis e sem lesões importantes”, mas considerou que isso vai depender, também, “da capacidade de jogadores como Samuel Marques”, atualmente com 36 anos, “continuar a jogar ao mesmo nível”.
Questionado pela agência Lusa sobre se a posição de médio de formação é aquela em que a seleção portuguesa está mais carenciada de talento, o técnico respondeu que “Hugo Camacho e Pedro Lucas podem vir a ser bons jogadores”, mas referiu que “o problema é não terem competição suficiente ao mais alto nível”.
“Há duas posições em que Portugal pode melhorar. Precisa de mais jogadores como o Rafael Simões, que está lesionado, rápido e poderoso, para dar equilíbrio à terceira linha, e a posição 9 (médio de formação) também. Nas linhas atrasadas há um potencial enorme e muita concorrência”, analisou.
O sorteio do Austrália-2027 ainda não está agendado, mas, com o apuramento direto, existe uma possibilidade de Portugal defrontar a França, seleção pela qual Lagisquet somou 46 internacionalizações como ponta, venceu dois torneios das Seis Nações e disputou a final do primeiro Campeonato do Mundo, em 1987, frente à Nova Zelândia.
Confrontado com essa possibilidade, o técnico não se mostrou muito entusiasmado, apesar de estar a planear, com os antigos companheiros de equipa, viajar até à Austrália para celebrar os 40 anos dessa final perdida para os All Blacks.
“O problema é que o pack avançado da França é demasiado poderoso para Portugal e isso viu-se no sábado, contra a Inglaterra, apesar da derrota no Seis Nações. Equipas como África do Sul, França e Irlanda são muito poderosas e seria muito complicado para Portugal”, comentou Lagisquet.
Portugal apurou-se hoje para o Mundial de râguebi Austrália-2027, após vencer a Alemanha, no Estádio do Restelo, em Lisboa, por 56-14, resultado que assegurou, pelo menos, um dos dois primeiros lugares no Grupo B do REC25 e o consequente apuramento direto para a competição.
Esta será a terceira presença dos lobos em 11 edições da maior competição internacional da modalidade, que se disputa de quatro em quatro anos, desde 1987.
O próximo Campeonato do Mundo vai ser disputado entre 01 de outubro e 13 de novembro de 2027, na Austrália.