As partes do processo reuniram-se em San Isidro, a norte de Buenos Aires, para acordar o procedimento do "segundo" julgamento contra sete profissionais de saúde, previsto para começar a 17 de março de 2026.
Maradona, ícone do futebol argentino, morreu aos 60 anos, a 25 de novembro de 2020, devido a uma crise cardiorrespiratória e a um edema pulmonar, enquanto recuperava de uma neurocirurgia.
O segundo julgamento, tal como o primeiro, que captou a atenção na Argentina e além-fronteiras, procura apurar se a morte era inevitável, dado que o corpo já estava debilitado por excessos e dependências. Ou se, pelo contrário, houve negligência grave, até consciente, por parte da equipa de profissionais (médico, psiquiatra, psicólogo, enfermeiros) que acompanhava Maradona.
O primeiro julgamento foi anulado em maio, após mais de vinte audiências em dois meses e 44 testemunhas. A anulação ficou marcada pelo escândalo: uma das três juízas, sem que ninguém soubesse, colaborou numa minissérie documental sobre o caso, onde era protagonista. Desde então, foi afastada.
A audiência preliminar desta terça-feira apresentava o risco de novo adiamento: os advogados de defesa apresentaram vários recursos, incluindo um pedido de nulidade, invocando o "non bis in idem", princípio que garante que uma pessoa não pode ser julgada duas vezes pelos mesmos factos.
"Está-se a ponderar fazer dois julgamentos, mas isso não é possível", explicou na segunda-feira à AFP Nicolás d’Albora, advogado de uma das acusadas, a coordenadora médica Nancy Forlini. Denunciou a "precipitação" do tribunal, "com o risco de comprometer o processo".
No entanto, o tribunal considerou que estes recursos, que aguardam decisão numa instância de recurso distinta, não devem atrasar o início do próximo julgamento.
"Justiça"
"As audiências realizar-se-ão três dias por semana, das 10:00 às 17:00, a partir de 17 de março", anunciou um dos três juízes do tribunal de San Isidro, Alberto Gaig. Sublinhou a intenção da justiça de conduzir um julgamento célere, ao contrário das duas sessões semanais do processo anterior.
Falta ainda que as partes cheguem a acordo sobre uma lista reduzida de testemunhas — cerca de 90 por agora — e sobre as provas a apresentar. Mas o tribunal, mais uma vez, considerou que estes acordos podem ser alcançados em privado entre as partes e não devem atrasar o futuro julgamento.
"O mais importante, apesar dos recursos, é que o julgamento vai mesmo acontecer, não está suspenso", declarou à AFP Fernando Burlando, advogado das filhas mais velhas de Maradona, Dalma e Gianinna. Tal como ele, vários advogados dos queixosos receavam manobras da defesa para adiar ao máximo o segundo julgamento.
"Apesar de todas as tentativas para impedir, já tens data marcada para o julgamento!", celebrou Dalma Maradona no Instagram, dirigindo-se ao pai: "Continuaremos a lutar e a enfrentar todos os desafios para que consigas a justiça que mereces".
