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Síntese Paris-2024: Velejadores protagonistas na estreia da canoagem, Hocker em território alheio

Atualizado
Carolina João (esq) e Diogo Costa (dir) longe das medalhas, mas perto do diploma
Carolina João (esq) e Diogo Costa (dir) longe das medalhas, mas perto do diplomaAFP

Carolina João e Diogo Costa qualificaram-se esta terça-feira para a medal race da classe 470, com os velejadores a destacarem-se numa jornada em que os campeões mundiais João Ribeiro e Messias Baptista avançaram para as meias do K2 500 metros. No palco global, o atleta norte-americano Cole Hocker atualizou o recorde olímpico nos 1.500 metros, indiferente à rivalidade entre Jakob Ingebrigtsen e Josh Kerr, enquanto a compatriota Gabrielle Thomas foi cirúrgica nos 200.

Portugueses

Foi fora de Paris que se concentraram as atenções da Missão portuguesa, primeiro em Vaires-sur-Marne, onde João Ribeiro e Messias Baptista se apuraram diretamente para as meias-finais da distância em que são campeões mundiais, e, depois, em Marselha, onde a falta de vento que cancelou as últimas duas regatas não impediu Carolina João e Diogo Costa de marcarem presença na medal race.

Depois de serem segundos na sétima regata e oitavos na seguinte, num dia em que Mafalda Pires de Lima manteve o 14.º posto em kite, os portugueses concluíram a jornada na quinta posição da geral, com 49 pontos, garantindo um lugar entre as 10 embarcações que vão disputar as medalhas, na quarta-feira.

É um bocado pena e talvez frustrante não poder lutar, estar mais perto das medalhas. É matematicamente possível, mas é muito difícil já, portanto estamos numa posição boa para garantir o diploma, não está garantido, mas estamos bem encaminhados”, disse à Lusa Diogo Costa.

Embora os pontos conquistados na regata decisiva valham a dobrar, os portugueses estão a 14 da terceira posição, ocupada pelos japoneses Keiju Okada e Miho Yoshioka, e a 10 da quarta, pertença dos suecos Anton Dahlberg e Lovisa Carlsson.

Quem não precisou de fazer contas foi o duo do K2 500, que garantiu tranquilamente o acesso direto às meias-finais da distância: na estreia da canoagem lusa em Vaires-sur-Marne, João Ribeiro e Messias Batista foram segundos classificados da primeira série e nem precisaram de disputar os quartos de final.

Os campeões mundiais cumpriram a prova em 01.28,10 minutos, sendo batidos apenas pelos alemães Jabob Schopf e Max Lemke (01.28,03), numas eliminatórias em que os dois primeiros seguiam para as meias-finais, agendadas para sexta-feira, e os restantes para os quartos.

Uma hora antes, na capital francesa, Salomé Afonso protagonizava a única boa notícia do dia para o atletismo português, ao apurar-se para as meias-finais dos 1.500 metros, com recorde pessoal.

Numa ronda em que se apuravam diretamente as seis primeiras de cada uma das três séries, seguindo as restantes para as repescagens, a atleta do Sporting, de 26 anos, foi quinta em 04.04,42 minutos, batendo claramente a sua melhor marca pessoal, que se fixava nos 04.06,04.

Pelo caminho ficaram, no entanto, Cátia Azevedo, eliminada nas repescagens dos 400 metros, Leandro Ramos, que falhou a final do lançamento do dardo e, sobretudo, Agate de Sousa, a medalhada de bronze no salto em comprimento dos últimos Europeus que não foi além do 24.º lugar na sua disciplina.

Lesionada, a atleta de 24 anos efetuou o seu melhor salto na primeira tentativa, com 6,34 metros, longe dos 7,03 que tem como melhor marca pessoal e dos 6,59 metros obtidos pela francesa Hilary Kptacha, a 12.ª e última apurada para a final.

Também no Stade de France, mas na sessão da noite, Fatoumata Diallo ficou-se pelas meias-finais dos 400 metros barreiras, ao ser sexta na segunda série.

Estreante em Jogos Olímpicos, a atleta do Benfica, radicada em Paris, correu em 54,93 segundos, com mais 28 centésimos do que o seu recorde nacional de 54,65, numas semifinais que apuravam as duas primeiras de cada uma das três séries e os dois melhores tempos restantes.

A luta pelas medalhas
A luta pelas medalhasFlashscore

Global

Com uma ponta final em crescendo, Hocker deixou para trás os dois favoritos da milha e cortou a meta em 3.27,65 minutos, selando uma das maiores surpresas ao quinto dia de atletismo na pista do Stade de France, em Saint-Denis, na periferia da capital de França.

O norueguês Ingebrigtsen liderou quase sempre, mas foi apanhado pelo ataque fugaz do americano, de 23 anos, que arrebatou o primeiro título internacional da sua carreira e até melhorou a marca do então campeão (3.28,32), agora quarto colocado, a 59 centésimos.

Sexto nos últimos Jogos Olímpicos e sétimo nos Mundiais de Budapeste, na Hungria, no ano passado, Cole Hocker seria secundado no pódio pelo britânico Josh Kerr, campeão mundial e bronze em Tóquio-2020, a 14 centésimos, e o compatriota Yared Nuguse, a 15.

Ao invés dos 1.500 metros, o duplo hectómetro validou a forma da principal candidata, a americana Gabrielle Thomas, que melhorou o terceiro posto de há três anos, ao finalizar em 21,83 segundos, a cinco centésimos da melhor marca planetária do ano por si detida.

A vice-campeã mundial resgatou o troféu para a Team USA, em sucessão da bicampeã jamaicana Elaine Thompson-Herah, ausente por lesão de Paris-2024, impedindo também uma dobradinha nos 100 e 200 metros de Julen Alfred, da ilha caribenha de Santa Lúcia.

A vencedora do hectómetro chegou 25 centésimos depois de Thomas (22,08 segundos), mas concedeu a segunda medalha de sempre ao seu país, enquanto a norte-americana Brittany Brown (22,20) superou a britânica Dina Asher-Smith (22,22) na luta pelo bronze.

Entre os países titulados em Paris-2024 passou a figurar o Bahrain, mediante o triunfo da campeã mundial Winfred Yavi nos 3.000 obstáculos, com novo recorde olímpico (8.52,76 minutos), que destronou a ugandesa Peruth Chemutai (8.53,34), até aqui líder da época, enquanto Faith Cherotich fechou o pódio (8.55,15) e evitou um dia em branco do Quénia.

No martelo, a canadiana Camryn Rogers, campeã do mundo, replicou o feito logrado na véspera pelo compatriota Ethan Katzberg e venceu com 76,97 metros, seguida da norte-americana Annette Echikunwoke (75,48), prata, e pela chinesa Zhao Jie (74,27), bronze.

À beira dos metais ficou a polaca Anita Wlodarczyk (74,23), recordista e titular das seis melhores marcas de sempre na disciplina, que era campeã olímpica desde Londres-2012.

Já o grego Miltiadis Tentoglou passou a deter pela primeira vez em simultâneo os troféus olímpico, mundial e europeu do salto em comprimento, fruto de um ensaio a 8,48 metros, capaz de bater os 8,36 do jamaicano Wayne Pinnock e os 8,34 do italiano Mattia Furlani.

Apesar do adiamento para quarta-feira das finais de vela na classe 470 (dinghy), face ao vento inconstante em Marselha, o 11.º dia de Paris-2024 distribuiu 15 títulos e isolou pela primeira vez no topo os Estados Unidos, nação mais condecorada de sempre nos Jogos.

Os anfitriões da próxima edição, em LosAngeles-2028, acumulam 24 ouros em 86 pódios, contra 22 em 59 da China, numa dupla seguida à distância pela Austrália, com 14 em 35.

Se os asiáticos mantiveram o pleno de conquistas nos saltos para a água, desta vez com Quan Hongchan a bisar na prova masculina de plataforma a 10 metros, o maior país da Oceânia viu Arisa Trew, de 14 anos, a impor-se na variante feminina de parque do skate.

Volvidos sucessivos adiamentos em Teahupo’o, na Polinésia Francesa, a mais de 15 mil quilómetros de Paris, o surf elevou o anfitrião Kauli Vaast, carrasco do australiano Jack Robinson, e a americana Caroline Marks, que venceu a brasileira Tatiana Weston-Webb.

Essa foi uma das duas modalidades que finalizaram o programa, a par do equestre, cujo evento individual de saltos de obstáculos foi vencido por Christian Kukuk rumo ao quarto título em seis possíveis da Alemanha, que já tinha visto Isabell Werth a reforçar a lenda.

Campeã por equipas e segunda classificada na prova individual de dressage, a cavaleira, de 55 anos, coleciona 14 medalhas olímpicas em sete presenças desde Barcelona-1992 - falhou Atenas-2004 e Londres-2012 -, entre oito ouros e seis pratas, que a deixaram no segundo lugar da lista de mulheres mais tituladas da história em Jogos Olímpicos, atrás das nove conquistas da ginasta soviética Larisa Latynina e da nadadora americana Katie Ledecky.

Em fim de carreira está o lutador cubano Mijaín López, pentacampeão mundial, que, com 41 anos, passou a ser o primeiro a arrebatar cinco cetros seguidos na mesma classe da luta greco-romana, após ter batido o chileno Yasmani Acosta no combate final de 130kg.

No ciclismo de pista, os Países Baixos melhoraram por três vezes o recorde mundial em sprint por equipas masculinas, fixando-o em 40,949 segundos, a caminho da revalidação do troféu de há três anos, vencendo novamente na decisão a Grã-Bretanha, com 41,814.

Os Estados Unidos, recordistas de troféus e pódios, marcaram encontro com o Brasil na discussão do torneio de futebol feminino, após suplantarem Alemanha (1-0) e a campeã mundial Espanha (4-2), respetivamente, limitando-as ao desafio de atribuição do bronze.

No basquetebol masculino, as meias terão a Alemanha, detentora do título mundial, e a anfitriã França, vice olímpica e europeia, bem como a Sérvia, finalista vencida do último Mundial, e os Estados Unidos, com um máximo de 16 vitórias entre 19 pódios em Jogos.

Entre as mulheres, as gaulesas, campeãs olímpica e mundial em título, têm a companhia de Noruega, campeã continental, Suécia e Dinamarca na luta pelos metais do andebol, enquanto Brasil, Turquia e Itália querem impedir os Estados Unidos de bisar no voleibol.

O dia terminou com o apuramento da argelina Imane Khelif, uma das pugilistas no centro da polémica sobre questões de género, para a final da prova de -66kg de boxe, na qual defrontará a chinesa Wang Liu, após ter derrotado a tailandesa Janjaem Suwannapheng.