Williams vai agora defrontar o surpreendente finalista Zhao Xintong, da China, que derrotou o sete vezes campeão mundial Ronnie O'Sullivan na outra meia-final, numa final à melhor de 35 frames, disputada no domingo e na segunda-feira.
Com 50 anos, Williams, do País de Gales, é o finalista mais velho do Campeonato do Mundo desde que o torneio se mudou para o Crucible, em Sheffield, Inglaterra, em 1977.
Williams recuperou de uma desvantagem de quatro frames frente a Trump, o número um do mundo, para terminar o jogo de sexta-feira frente ao campeão mundial de 2019 empatado a 8-8.
Mas no sábado, Williams destacou-se e esteve à beira da vitória com uma vantagem de 16-12.
Trump, no entanto, reduziu a diferença para apenas dois frames depois de o inglês, de 35 anos, ter aumentado o recorde que estabeleceu no início do torneio, ao alcançar o seu 107.º century break da época – uma campanha em que conquistou quatro títulos de ranking.
Contudo, Williams manteve a compostura no 31.º frame, selando a vitória com um break de 123 pontos, e alcançou a final do Mundial pela primeira vez desde o seu terceiro título no Crucible, em 2018.
Tensão
"Comecei a tremer no fim, não vou mentir", disse Williams à BBC.
"Quase falhei a preta no último frame – senti alguma tensão no braço de trás".
Acrescentou ainda: "Não consigo acreditar que estou em mais uma final – não sei como é que lá cheguei, para ser honesto".
A forma do canhoto no Crucible tem sido ainda mais impressionante tendo em conta que Williams, membro da célebre "Classe de 92" do snooker, juntamente com O’Sullivan e John Higgins – que entre os três somam 14 títulos mundiais –, tem lidado com problemas de visão em torneios recentes.
"Tive muitas dificuldades com os olhos nos últimos torneios e experimentei de tudo – lentes de contacto, lentes multifocais... Acabei por deixar a decisão nas mãos do Lee (o treinador Lee Walker), porque ele sabe se estou a jogar bem e como estou a bater na bola, e disse que achava melhor jogar sem elas".
Williams brincou: "A substituição das lentes estava marcada para 12 de Junho – já tinha pago o sinal – mas vou ter de repensar. Quero o meu dinheiro de volta".
Zhao, que tenta tornar-se o primeiro jogador chinês a vencer o Campeonato do Mundo, protagonizou um dos maiores choques de sempre no Crucible ao derrotar o inglês O’Sullivan – considerado o melhor jogador da história do snooker – por 17-7, na sexta-feira, garantindo a sua primeira presença numa final mundial.
O canhoto de 28 anos, que conquistou o Campeonato do Reino Unido em 2021 – o segundo torneio mais prestigiado do circuito –, foi tão dominador que bateu o seu "ídolo" com uma sessão de avanço.
Zhao teve de ultrapassar quatro rondas de qualificação só para chegar ao quadro principal em Sheffield, continuando o seu regresso à competição após cumprir uma suspensão de 20 meses por envolvimento num escândalo de apostas.
Agora a competir como amador, Zhao já venceu Jak Jones, Lei Peifan, Chris Wakelin e O’Sullivan para se juntar a Ding Junhui como o único outro jogador chinês a alcançar uma final do Campeonato do Mundo.