"O nosso objetivo agora é claro: ser selecionada para os Jogos Olímpicos e trazer para casa a medalha de ouro", disse à AFP a atleta de 25 anos, natural de Toulon, entusiasmada com a primeira participação olímpica da sua modalidade em Marselha.
- Como é que recebe este prémio depois de um ano tão rico em vitórias?
- Estou muito emocionada e feliz. Não estava à espera. Foi um ano incrível para mim e é a recompensa de muito trabalho. Mas espero que isto seja apenas o início e que no próximo ano traga mais vitórias para casa.
- Voltando um pouco atrás, como é que descobriu a sua disciplina?
- É um assunto de família! Comecei por andar a cavalo, por isso não tem nada a ver (risos). Mas quando tinha 17 anos, o meu pai e o meu irmão, que já praticavam kite, sugeriram-me que experimentasse em Hyères e apaixonei-me. No início era só por diversão, mas depois a velocidade, a sensação de planar, as corridas e a estratégia... fiquei viciada e senti que tinha potencial. Treinei e treinei até ser melhor do que eles, e depois melhor do que as outras raparigas na competição. E disse para mim própria: 'há aqui qualquer coisa a fazer'".
- O Kitefoil vai fazer a sua estreia olímpica em 2024. Como estão a correr as provas?
- É espetacular. São regatas em que estamos muito próximos uns dos outros e tudo passa a toda a velocidade. Estamos numa prancha que já não está colada à água, como no kitesurf, mas levantada graças a um foil. O vento no papagaio puxa-nos, mas temos de gerir constantemente a nossa velocidade e altura de voo. É uma mistura de força, equilíbrio e estratégia para escolher as trajetórias certas contra os outros.
- Ganhou recentemente o evento-teste olímpico em Marselha, onde vão decorrer as provas. Isso ajuda-a a projetar-se?
- Tive muita pressão antes deste evento e, no final, ter ganho este ensaio geral fez-me muito bem. Consegui desvalorizar tudo o que se estava a passar em torno dos Jogos Olímpicos e lembrar-me que, no final, isto vai ser apenas mais uma competição, algo que estou habituado a fazer, e num corpo de água que conheço bem.
- Atualmente, é considerada a melhor atleta feminina de kitesurf do mundo. Este estatuto agrada-lhe?
- Estou contente, porque o meu sonho era ser a melhor. Penso que, quando se é atleta, o objetivo é levar as nossas capacidades ao limite. Depois disso, sentimo-nos inevitavelmente perseguidos pelos outros, pelo que não podemos descansar sobre os louros. A nível pessoal, isso leva-me a treinar ainda mais para aumentar a distância.
- O que é que se segue?
- Estamos a entrar no período de treino de inverno, já terminámos todas as competições de 2023. Vou passar os próximos meses a treinar, a passar o máximo de tempo possível na água e a trabalhar em pontos específicos. As competições serão retomadas em março, pouco antes do anúncio dos selecionados para os Jogos. Só há um lugar e há muita competição em França, por isso espero obviamente ter a oportunidade de ganhar uma medalha no próximo verão.
