“Tenho consciência de que não só a minha carreira, como o processo e a preparação de final de carreira, foram muito bons, mas também uma exceção. Nem sempre as coisas se organizam na vida dos atletas e se proporcionam da maneira que aconteceu comigo", disse, à agência Lusa.
No final da apresentação do estudo "Transição de carreira, situação perante o emprego e mercado de trabalho", da Escola Superior de Desporto de Rio Maior-Instituto Politécnico de Santarém, Telma Monteiro disse estar “muito feliz” com a sua situação.
“Mas ao mesmo tempo, se de um modo geral acaba por ser uma exceção, significa que nós temos que pensar no geral e continuar a pensar em planos que podemos desenvolver para ajudar os atletas”, afirmou.
A medalha de bronze no Rio-2016 considerou que “é bastante importante” este tipo de estudos, pois trazem “resultados factuais, percentagens da realidade com pessoas envolvidas no processo que são os atletas olímpicos”-
“Se nós estamos a pensar, a refletir, a fazer estudos sobre este assunto, significa que as coisas estão a mudar, isso é bom”, afirmou.
Depois de terminar a carreira, em que conquistou dezenas de medalhas a nível internacional, Telma Monteiro assumiu o cargo de coordenadora do judo do Benfica, clube em que fez grande parte da sua carreira desportiva.
“Acho que esse é o meu maior objetivo e desafio, é conseguir trazer a minha experiência enquanto atleta e de formação para criar melhores condições para os atletas que estão no Benfica e no caso do judo”, afirmou.
Também presente na apresentação do estudo, Rui Silva lembrou que participou em “um dos primeiros projetos” de preparação para a integração no mercado de trabalho, mas que já era uma questão que ia sendo levantada pelos atletas quando terminou a carreira.
“É lógico que com o passar do tempo as coisas vão ficando cada vez mais aprimoradas e se calhar daqui a 20 anos não estaremos a falar desta dificuldade, mas estaremos a falar de outras dificuldades que eventualmente apareçam e esta já ficaou para trás”, referiu.
O medalha de bronze nos 1.500 metros em Atenas-2004 acredita que o trabalho do Comité Olímpico de Portugal, da Comissão de Atletas Olímpicos, do governo e das próprias federações vai ter resultados a médio prazo.
“É lógico que tudo isto demora sempre o seu tempo, não é de um dia para o outro, mas a tendência será sempre para ir atenuando estas dificuldades e cada vez aparecer um processo mais simplificado, quer desde a sua génese, desde que se identifica um atleta, que um atleta que demonstra apetência para a carreira de alto rendimento, até depois passar pelo projeto, pelo trajeto olímpico e já ir, de certa forma, a preparar a transição que acabará por acontecer”, referiu.
Rui Silva garante que tem falado com a filha Patrícia Silva, que vai agora disputar os Europeus de pista coberta, para ela “ter preocupação com a formação académica”, algo que tem feito, estando a estudar ciências do desporto.
“É uma das mensagens que lhe transmito, e também ao irmão, apesar de ele praticar desporto, digamos, federado, mas não do nível da irmã, também tem a sua carreira académica. Eu acho que isso, como foi evidenciado ali no estudo, é cada vez mais importante que os atletas se preocupem também com ter essa formação académica”, assumiu.