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Ténis: A "incompreensão" do sistema antidoping marcou o caso Sinner

Sinner está atualmente suspenso.
Sinner está atualmente suspenso.TAKUYA MATSUMOTO/The Yomiuri Shimbun via AFP
Um ano após o teste positivo de Jannik Sinner a esteróides anabolizantes, a diretora-geral da Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA), Karen Moorhouse, disse à AFP que o caso revelou uma "má compreensão" das regras antidoping.

"Tentamos ser tão transparentes quanto possível, respeitando sempre as regras. Os problemas de comunicação em torno do caso Sinner talvez tenham revelado um mal-entendido das nossas regras no que diz respeito ao anúncio de positivos ou suspensões provisórias", disse Moorhouse, que dirige um organismo que recebeu muitas críticas pela forma como lidou com os resultados positivos dos testes de Sinner e, alguns meses mais tarde, os da polaca Iga Swiatek (número dois do circuito feminino).

"Em ambos os casos, as regras foram respeitadas: os jogadores recorreram das suas suspensões provisórias no prazo de 10 dias previsto pelas nossas regras. E como os recursos foram aceites, as suspensões não foram tornadas públicas", acrescentou.

Equilíbrio difícil

"É difícil encontrar um equilíbrio entre o interesse de divulgar um teste positivo e o interesse de o manter secreto até à conclusão de uma investigação exaustiva", admitiu.

"Alguns desportos, como o atletismo, decidem anunciar imediatamente as suspensões provisórias. Outros, especialmente os desportos colectivos, nunca o fazem, esperando por uma audiência. O ténis tentou encontrar um equilíbrio com a regra dos 10 dias: se alguém recorrer (da suspensão) antes disso e esta for aceite, não é tornada pública. É uma regra que pode ser alterada", explicou.

"Aplicámos as regras que estavam em vigor na altura, por isso estou confiante na forma como tratámos o caso", insistiu.

Moorhouse recordou que "de acordo com o relatório jurídico" que foi apresentado à ITIA, no caso Sinner "não houve violação da regra antidoping no ténis", pois foi considerada válida a versão do tenista, que alegou ter sido contaminado acidentalmente com clostebol através de um creme utilizado por um dos seus fisioterapeutas.

Casos diferentes para Swiatek e Halep

O caso de Iga, que foi banida por um mês, contrasta com o de outra ex-número um do mundo, a romena Simona Halep, que foi inicialmente banida por quatro anos, uma suspensão mais tarde reduzida para nove meses.

No caso de Swiatek, o teste positivo foi feito a uma droga contaminada, pelo que a sua responsabilidade foi limitada. O caso de Halep é extremamente complexo, mas no final o Tribunal Arbitral do Desporto admitiu que o seu positivo se deveu a um suplemento contaminado.

Ao contrário da polaca, "não se tratava de um medicamento", e o TAS teve em conta as poucas precauções tomadas pela tenista para limitar o risco de contaminação.

"Todas as decisões (das autoridades antidopagem) baseiam-se na natureza do produto em questão e nas precauções tomadas pela atleta para limitar o risco de contaminação", concluiu Karen.