"O meu sonho é chegar a número um. Gosto de jogar contra os grandes. Gosto quando tenho um jogo difícil num grande estádio", disse antes de se qualificar para o primeiro Major do ano. Um aviso para um veterano como Rublev, que enfrentará na terça-feira.
O ídolo Gustavo Kuerten manifestou-se à imprensa brasileira esta semana com pleno conhecimento de causa: "Para nós é um privilégio (o facto de ser brasileiro) e ao mesmo tempo acho que temos que ter o cuidado de ajudá-lo a avançar com tranquilidade. A tendência, penso eu, é chegar ao top 10 e lutar por Grand Slams, para conseguir grandes coisas".
Um mês frenético
Há três semanas, em Riade, Fonseca sagrou-se campeão do NextGen, o torneio que reúne os melhores jogadores sub-21 do circuito masculino. Fê-lo em grande estilo, vencendo os cinco jogos que disputou, sendo o mais jovem dos oito participantes. Quando levantou o troféu, foi felicitado no campo por Rafael Nadal, a lenda que se tinha despedido do ténis um mês antes.
João, o primeiro sul-americano a vencer o ATP Masters sub-21 criado em 2017, juntou-se a Sinner (2019) e Alcaraz (2021) como os dois únicos que conseguiram fazê-lo com menos de 19 anos. O torneio foi a derradeira rampa de lançamento para a elite. O tenista nascido no Rio de Janeiro chega agora ao sorteio principal do Open da Austrália com uma dinâmica vencedora.
Na semana passada, conquistou o segundo título profissional, no Camberra Challenger Tour, seguido de três vitórias no qualifying em Melbourne, a somar a uma série de 13 vitórias consecutivas, com os últimos 16 sets ganhos sem perder qualquer um.
Ao conquistar a coroa de Camberra, João seguiu os passos de Sinner, o único capaz de encarreirar o triunfo no NextGen com um título do circuito. A sua estreia como campeão tinha sido no Lexington Challenger, no Kentucky.
"O garoto joga outra coisa"
A explosão definitiva do brasileiro, que saltou do 730.º lugar do ranking para o atual 113.º no espaço de um ano, não é nenhuma surpresa. Com cara de criança, barba e cabelo encaracolado debaixo de um boné bem penteado, Fonseca de 1,80m, destro e com backhand a duas mãos, destaca-se com um forehand explosivo e um serviço muito melhorado.
"Será, no mínimo, top 5, gente. O garoto joga outra coisa", escreveu o jogador argentino Fede Coria na rede social X, acrescentando um vídeo de João Fonseca contra Federico Agustin Gomez (6-4, 6-0) na qualificação para o Open da Austrália.
Por ocasião do NextGen, o promissor tenista, cujo ídolo incontestável é Roger Federer, explicou a sua infância multidesportiva no Rio de Janeiro.
"Vivo perto da praia, por isso fazia surf. Também andei muito de bicicleta e experimentei escalada. A minha mãe era jogadora de voleibol, por isso também experimentei e adorei. Nos meus tempos livres, gosto de praticar outros tipos de desporto", afirmou.
João não mencionou o futebol, um "sacrilégio" para um brasileiro que, sem dúvida, nasceu para jogar ténis.