Mais

João Fonseca, a joia do ténis brasileiro, faz-se grande na Austrália

João Fonseca festeja na Arábia Saudita.
João Fonseca festeja na Arábia Saudita.FRANCOIS NEL / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
Seguindo as pisadas de Jannik Sinner e Carlos Alcaraz, o brasileiro João Fonseca vai estrear-se em Grand Slams aos 18 anos no Open da Austrália frente ao russo Andrey Rublev (nono do ranking ATP), uma estreia que faz jus às expectativas criadas pelo mais recente vencedor do NextGen ATP.

"O meu sonho é chegar a número um. Gosto de jogar contra os grandes. Gosto quando tenho um jogo difícil num grande estádio", disse antes de se qualificar para o primeiro Major do ano. Um aviso para um veterano como Rublev, que enfrentará na terça-feira.

O ídolo Gustavo Kuerten manifestou-se à imprensa brasileira esta semana com pleno conhecimento de causa: "Para nós é um privilégio (o facto de ser brasileiro) e ao mesmo tempo acho que temos que ter o cuidado de ajudá-lo a avançar com tranquilidade. A tendência, penso eu, é chegar ao top 10 e lutar por Grand Slams, para conseguir grandes coisas".

Um mês frenético

Há três semanas, em Riade, Fonseca sagrou-se campeão do NextGen, o torneio que reúne os melhores jogadores sub-21 do circuito masculino. Fê-lo em grande estilo, vencendo os cinco jogos que disputou, sendo o mais jovem dos oito participantes. Quando levantou o troféu, foi felicitado no campo por Rafael Nadal, a lenda que se tinha despedido do ténis um mês antes.

João, o primeiro sul-americano a vencer o ATP Masters sub-21 criado em 2017, juntou-se a Sinner (2019) e Alcaraz (2021) como os dois únicos que conseguiram fazê-lo com menos de 19 anos. O torneio foi a derradeira rampa de lançamento para a elite. O tenista nascido no Rio de Janeiro chega agora ao sorteio principal do Open da Austrália com uma dinâmica vencedora.

Na semana passada, conquistou o segundo título profissional, no Camberra Challenger Tour, seguido de três vitórias no qualifying em Melbourne, a somar a uma série de 13 vitórias consecutivas, com os últimos 16 sets ganhos sem perder qualquer um.

Ao conquistar a coroa de Camberra, João seguiu os passos de Sinner, o único capaz de encarreirar o triunfo no NextGen com um título do circuito. A sua estreia como campeão tinha sido no Lexington Challenger, no Kentucky.

"O garoto joga outra coisa"

A explosão definitiva do brasileiro, que saltou do 730.º lugar do ranking para o atual 113.º no espaço de um ano, não é nenhuma surpresa. Com cara de criança, barba e cabelo encaracolado debaixo de um boné bem penteado, Fonseca de 1,80m, destro e com backhand a duas mãos, destaca-se com um forehand explosivo e um serviço muito melhorado.

"Será, no mínimo, top 5, gente. O garoto joga outra coisa", escreveu o jogador argentino Fede Coria na rede social X, acrescentando um vídeo de João Fonseca contra Federico Agustin Gomez (6-4, 6-0) na qualificação para o Open da Austrália.

Por ocasião do NextGen, o promissor tenista, cujo ídolo incontestável é Roger Federer, explicou a sua infância multidesportiva no Rio de Janeiro.

"Vivo perto da praia, por isso fazia surf. Também andei muito de bicicleta e experimentei escalada. A minha mãe era jogadora de voleibol, por isso também experimentei e adorei. Nos meus tempos livres, gosto de praticar outros tipos de desporto", afirmou.

João não mencionou o futebol, um "sacrilégio" para um brasileiro que, sem dúvida, nasceu para jogar ténis.

Pode acompanhar a sua estreia no Flashscore