Assim, a final da Taça Davis 2025 em Bolonha será entre Itália e Espanha. Depois da vitória épica de Flavio Cobolli “à Hulk” naquele que foi o sexto tie-break mais longo da história da Davis, os espanhóis responderam com a solidez do seu par de duplas Granollers/Martinez, que superou a dupla alemã Krawietz/Puetz.
Será o 14.º frente a frente entre Itália e Espanha na Copa Davis, com os italianos a liderar por 7-6. No entanto, já não se defrontam há muito tempo; o último encontro foi há 19 anos, em San Sebastián, quando os espanhóis, com Nadal, venceram por 4-1. Nessa altura, também estava presente o atual capitão italiano, Filippo Volandri, que bateu Robredo por 3-0 mas acabou por ceder a Rafa por 3-1. A última vitória italiana foi em 1997, com a equipa composta por Camporese, Nargiso e Furlan, que surpreendeu ao vencer por 4-1 frente a uma Espanha que contava com Carlos Moya e Albert Costa.
Analisando as duas possíveis finalistas na véspera, havia o receio de Zverev, n.º 3 do mundo e jogador com o ranking mais alto neste torneio, mas a Espanha, mesmo sem Alcaraz, é uma equipa a ter em conta e já o demonstrou nesta competição. Embora só por volta das 14:00 oras se conheçam as escolhas dos capitães para os encontros de singulares, é muito provável que entrem em campo Pablo Carreño-Busta frente a Matteo Berrettini e Jaume Munar contra Flavio Cobolli. Ambos os encontros prometem ser muito equilibrados.
Berrettini - Carreño Busta
Matteo, que fez valer a sua experiência frente ao belga Collignon, encontra em Carreno um adversário do mesmo nível nesse aspeto, já que o espanhol de 34 anos, ex-top ten como ele (melhor ranking 10), é outro veterano, conhecido sobretudo pela sua inteligência tática: a sua carreira deve-se mais à cabeça do que a golpes ou capacidades físicas excecionais.
O tenista romano, se estiver em boa forma, tem alguma vantagem, especialmente em pisos rápidos. No entanto, devido a um desconforto nas costas, que não o impediu de entrar em campo, as suas condições não são as ideais. O que não lhe falta é paixão pela seleção, algo que Matteo já sublinhou várias vezes em conferência de imprensa ao falar do sonho de criança, e certamente dará tudo em campo, mesmo com algumas limitações físicas.
Entre Carreño e Berrettini há apenas dois confrontos anteriores, ambos já com três anos, e cada um venceu uma vez. O último triunfo foi do espanhol no Masters 1000 de Toronto, enquanto o italiano venceu nos Open da Austrália. Carreno, antes de bater Struff, foi eliminado pelo checo Mensik nos quartos de final, enquanto Matteo venceu ambos os seus encontros, superando sem grandes dificuldades o austríaco Rodionov e o belga Collignon. Em teoria, Matteo parte como favorito, mas há várias incógnitas.
Cobolli - Munar
O n.º 36 ATP Jaume Munar atravessa provavelmente o seu melhor momento, algo que ficou evidente não só frente a um apagado Rinderknech, batido sem dificuldades para garantir o 2-0 sobre a França, mas também diante do n.º 3 do mundo, Alexander Zverev, que só conseguiu vencer após dois tie-breaks. Este ano, Munar também chegou aos oitavos de final em Flushing Meadows, onde foi eliminado por Lorenzo Musetti.
O espanhol mostrou ter evoluído bastante também em pisos rápidos, tal como Cobolli. No único confronto entre ambos, Munar, natural de Santanyí e com 26 anos, venceu de forma clara em Xangai, por 7-5 6-1, embora o italiano tenha tido um problema na perna no segundo set. Flavio cresceu em força e confiança, e a vitória frente a Bergs, da forma como aconteceu, pode ser o salto para outro patamar.
Além disso, a Taça Davis não é um torneio ATP, são realidades distintas, apesar de ser o mesmo desporto. Flavio afirmou em conferência de imprensa aqui em Bolonha que, para vencer Bergs naquela autêntica montanha-russa de tie-break, com sete match points salvos de cada lado, tentou manter-se frio e concentrar-se apenas nos golpes a executar. Uma mentalidade de campeão. Mas também é alguém que se supera na luta, no combate, como um verdadeiro gladiador, regressando à mística dos adeptos da sua equipa do coração, a Roma.
Contra Bergs, mostrou isso ao incitar o público como fazem os jogadores da casa. E a casa, a Itália, fez-se ouvir em Bolonha, empurrando-o durante todo o encontro. Respondeu à altura e, no final, até rasgou a camisola à Hulk. Missão cumprida. Munar, no entanto, é um adversário mais perigoso do que Bergs. Entre ambos há apenas um confronto nos US Open deste ano, ganho facilmente pelo espanhol em três sets: 6-1 6-4 6-4.
Bolelli/Vavassori - Granollers/Martinez
Numa eliminatória tão equilibrada, é possível que Simone Bolelli e Andrea Vavassori, que estiveram sentados no banco (embora tenham saltado, gritado e festejado), tenham de vestir o equipamento e entrar em campo. Nesse caso, do outro lado estará uma dupla bem entrosada, composta pelo especialista e craque da modalidade, Marcel Granollers, e pelo seu parceiro Pedro Martinez, que não é o histórico argentino Horacio Zeballos, com quem costuma dominar, mas sim um fiel escudeiro com quem tem grande sintonia.
A dupla espanhola, ao contrário da italiana, já teve de entrar em campo duas vezes neste torneio para fazer a diferença. Primeiro frente à dupla checa Machac-Mensik e depois contra os fortes alemães Krawietz/Puetz, mostrando excelente forma.
O facto de a dupla italiana jogar junta durante todo o ano, ao contrário da espanhola, pode ser visto como uma vantagem para a Itália, mas o par liderado por Ferrer mostrou neste torneio que, mesmo não sendo Martinez um verdadeiro especialista, a proximidade de um craque como Granollers compensa e ajuda a disfarçar as lacunas. O jogador de 1986 já conquistou 32 títulos, incluindo Roland Garros e US Open este ano.
Entre o serviço e o jogo de rede, Marcel pode fazer a diferença, como fez frente aos alemães, que até eram favoritos. A vantagem italiana é ter dois top ten da especialidade como Bolelli e Vavassori, mais fortes e entrosados do que os espanhóis. Aliás, a dupla italiana já derrotou Granollers com o seu parceiro habitual Zeballos nas ATP Finals de Turim em dois sets (7-6 6-4).
Este domingo, porém, talvez os números pouco importem. O fator decisivo na final pode ser mesmo a Arena, que já empurrou Cobolli para uma façanha heroica. Jogar em casa pode acabar por ser determinante.

