"Durante 30 anos, a imagem que transmiti ao mundo nem sempre foi a que eu sentia por dentro", explicou Nadal numa carta publicada no The Players Tribune.
"Honestamente, estive nervoso antes de cada jogo, isso nunca nos deixa. Todas as noites antes de um jogo, ia para a cama com a sensação de que podia perder (mesmo quando acordava de manhã). No ténis, as diferenças entre os jogadores são muito acentuadas e entre os adversários ainda mais. Quando se entra em court, tudo pode acontecer, pelo que todos os sentidos têm de estar em alerta máximo", continua a lenda espanhola do ténis.
"Essa sensação de fogo interior, os nervos, a adrenalina de sair e ver um court cheio, é uma sensação muito difícil de descrever", diz o espanhol, antes de sublinhar que sabia controlar essas emoções "com uma exceção".

"Houve momentos no court em que tive dificuldade em controlar a minha respiração e não consegui jogar ao meu melhor. Não tenho qualquer problema em admitir isso agora. No final do dia, somos seres humanos, não super-heróis", diz Nadal, sem especificar o momento exato.
"O jogador que se vê no meio do court com um troféu é uma pessoa; exausto, aliviado, feliz, grato, mas apenas uma pessoa. Felizmente, não cheguei ao ponto de não conseguir controlar coisas como a ansiedade, mas todos os jogadores passam por momentos de dificuldade em controlar a mente e, quando isso acontece, é difícil ter o controlo total do jogo", explica.
Nadal fala também da lesão que sofreu quando tinha 17 anos e lhe foi dito que "provavelmente nunca mais voltaria a jogar ténis profissionalmente".
"Passei muitos dias em casa a chorar, mas foi uma grande lição de humildade e tive a sorte de ter uma família que sempre esteve e está muito próxima de mim em tudo e especialmente o meu pai, a verdadeira influência que tive na minha vida, que sempre foi muito positivo", diz.
O tenista despede-se dizendo que durante a sua carreira deu tudo o que podia: "Em troca, recebi alegria e felicidade. Alegria e felicidade, amor e amizade, e muito mais".