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Crianças hospitalizadas imersas no coração do Open de França graças a um robô

Open de França na segunda-feira
Open de França na segunda-feiraROBERT SZANISZLO/NurPhoto via AFP
"É incrível ver o Carlos Alcaraz a treinar a partir de um hospital": durante as qualificações de Roland-Garros, várias crianças hospitalizadas perto de Paris puderam mergulhar no coração do torneio de ténis graças ao Awabot, um robô que controlam à distância.

Numa sala de jogos do serviço pediátrico do hospital Kremlin-Bicêtre, nos arredores de Paris, Sambou e Lenny sentam-se em frente a um computador portátil. "Estamos muito felizes por vos receber em Roland-Garros", exclama Salim Azouzi no ecrã.

Responsável pelas relações estratégicas da Awabot, explica aos dois rapazes, de 16 e 11 anos, que, com as setas do teclado, podem controlar o robô. Com a ajuda de um dispositivo de telepresença com rodas, equipado com um ecrã e uma câmara, Lenny percorre os corredores em redor do court Philippe-Chatrier.

"É especial conduzir um robô à distância assim, não é todos os dias que se faz uma coisa destas", entusiasma-se o jovem. Quando Lenny se ausenta para um tratamento, Sambou assume o controlo, pouco incomodado com a perfusão no braço direito.

Aluno do secundário, seguido desde o nascimento neste hospital, "só conhece o Gaël Monfils", um francês, no mundo do ténis. Mas observa com fascínio o imponente court central. Inicialmente envergonhado, começa a sorrir quando um grupo de crianças pára em frente ao robô e interage com ele.

"Afasta-os realmente do dia-a-dia muito centrado no hospital e nos tratamentos. Para doentes crónicos que estão aqui com muita frequência, é um entretenimento, dá-lhes também confiança. Ver diferentes desportistas é inspirador", sublinha Saïda Argoub, auxiliar de puericultura neste estabelecimento da Assistance Publique–Hôpitaux de Paris.

Um acesso privilegiado

Juntando-se a Lilia (10 anos) e Jordy (9 anos), Sambou entra, graças ao Awabot, nos corredores do estádio Philippe-Chatrier. Ao virar de um corredor reservado aos jogadores, as crianças chegam à beira do court.

Enquanto vários jogadores lutam por um lugar no quadro principal nos courts secundários, Carlos Alcaraz treina no court central.

Graças ao robô, "mostramos-lhes os bastidores de eventos desportivos, locais onde ninguém tem acesso", explica Salim Azouzi, que usa este dispositivo pela terceira vez em Roland-Garros, mas também regularmente na Fórmula 1 e em competições internacionais de futebol.

Direitas, esquerdas, amortis: as crianças observam atentamente o repertório de pancadas do número 2 mundial espanhol no ecrã do seu computador. "É incrível ver o Carlos Alcaraz a treinar a partir de um hospital", entusiasma-se Hyacinthe, que se juntou ao grupo.

Embora não seja apaixonada por ténis, a adolescente aprecia o espetáculo. "É a minha primeira vez neste serviço e não estava nada à espera de ver um jogo de ténis. Agora estamos a ver ténis, a pilotar um robô, é mesmo fixe!", delicia-se a jovem paciente.

Um dia "mágico"

Thierry Amand observa Lenny a pilotar o robô pelo vão da porta e partilha da alegria do filho. "Isto muda-lhe o dia no hospital, traz um pouco de alegria. Vai poder contar isto aos irmãos, que adoram ténis", antecipa.

"Esse dia, que pensavam que seria como os outros, afinal, é um bocadinho mais mágico", observa Claire Falguière, hematologista pediátrica.

"Muitas vezes, os tratamentos estão associados a gestos que podem ser dolorosos para as crianças. Ter uma intervenção como esta torna o dia muito mais fácil para eles", insiste a médica. "Não vão embora só por terem recebido um tratamento, mas por terem participado numa visita a Roland-Garros", acrescenta.

Após duas horas de imersão, Sambou está de volta ao seu quarto. "O torneio deste ano? Vou ver um bocadinho", garante o adolescente, com os olhos ainda a brilhar.