O jogador de 38 anos tem tido dificuldades para chegar ao seu melhor nível desde que derrotou Carlos Alcaraz para ganhar o ouro olímpico em Paris no ano passado e regressa a Roland Garros pouco depois de se ter separado do treinador e antigo rival Andy Murray.
"Sei o que é preciso para ser um campeão do Grand Slam. Não é tão suave e fácil para mim como era há 10 anos. Obviamente, as coisas mudam e a minha vida mudou muito, mas para (o) melhor, para ser honesto", disse Djokovic, antes do evento de aquecimento desta semana em Genebra, onde regressou às vitórias.
O sérvio provou em vários momentos deste ano que a magia não desapareceu completamente, com destaques para a vitória nos quartos de final do Open da Austrália contra Alcaraz e uma campanha até à final do Masters de Miami.
Mas a derrota nesse jogo para o adolescente Jakub Mensik foi seguida de duas derrotas consecutivas nos jogos de estreia no Masters de Monte Carlo e no Open de Madrid, contra Alejandro Tabilo e Matteo Arnaldi, respetivamente. Djokovic já perdeu seis vezes este ano contra jogadores fora dos 30 melhores do mundo.
"Tenho que tentar ganhar um ou dois jogos, sem pensar em chegar longe no torneio. É uma sensação completamente diferente da que tive em mais de 20 anos de ténis profissional. É um desafio para mim, mentalmente, enfrentar este tipo de sensações no campo", admitiu Djokovic após a derrota com Arnaldi em Madrid.
Djokovic, o último membro ativo do Big Three depois das reformas de Roger Federer e Rafael Nadal, está fora do top-3 mundial desde setembro passado. O antigo número um igualou o recorde de todos os tempos de Margaret Court de 24 títulos de Grand Slams no Open dos Estados Unidos de 2023.
No entanto, teve cinco tentativas de estabelecer um recorde absoluto desde então, sem sucesso, ficando muito perto na final de Wimbledon do ano passado, que perdeu com Alcaraz.
As lesões tiveram impacto, com Djokovic a desistir do Open de França de 2024 antes dos quartos de final e a retirar-se da meia-final contra Alexander Zverev em Melbourne há quatro meses. O sérvio optou por não jogar no Open de Itália, que foi ganho por Alcaraz no domingo, e está a aquecer para Roland Garros num evento discreto em Genebra.
"Competir é um pouco mais difícil"
O número um mundial, Jannik Sinner, e Alcaraz são os dois favoritos do Open de França, mas Djokovic continua a apostar em si próprio. O três vezes campeão em Paris pode ter perdido os dois jogos em terra batida este ano, mas ganhou o último grande torneio que faltava no seu currículo, os Jogos Olímpicos.
"Sempre que entro em campo sinto os nervos, o stress, tudo o que todos os outros jogadores sentem e também o entusiasmo. (Competir) tornou-se um pouco mais difícil para mim, para ser honesto. Mas é claro que vou dar o meu melhor no futuro", disse no mês passado.
O sorteio masculino de Roland Garros tem sido considerado o mais aberto das últimas décadas, dada a forma de Djokovic e a ausência de Nadal, mas o sérvio recuperou muitas vezes de forma enfática quando foi posto de lado no passado.
A última vez que o seu futuro foi seriamente questionado foi na sequência de uma surpreendente derrota nos quartos de final do Open de França de 2018 para Marco Cecchinato, quando foi prejudicado por uma lesão no cotovelo, que o fez cair para fora do top 20 mundial. Na altura, Djokovic respondeu vencendo Wimbledon um mês depois e foi número um do mundo no final do ano.
Nas próximas semanas, em Paris, Djokovic espera dar início mais uma reviravolta na sua ilustre carreira.
"Sinto que ainda tenho o jogo para ser um dos candidatos aos principais títulos do Grand Slam", disse Djokovic.