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Djokovic recorda drama da infância e nega retirada em Riade: "Lamento desiludir-vos"

Novak Djokovic
Novak DjokovicAmal Alhasan / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP

O tenista sérvio fez o balanço da sua carreira e negou uma possível retirada em breve durante a Riyahd Season, que se realiza atualmente na capital da Arábia Saudita.

Novak Djokovic participou no Joy Forum, aproveitando a sua presença em Riade para disputar o Six Kings Slam. O balcânico fez parte de uma palestra intitulada 'Narrativa GOAT: de lendas a legados', que também contou com a presença do CEO da UFC, Dana White, e do ex-jogador da NBA Shaquille O'Neal.

No entanto, dada a sua personalidade afável, Nole ficou com a maior parte do protagonismo, sobretudo quando avisou os jovens da ATP de que não devem esperar pela sua retirada: "Não vai acontecer. Lamento. Lamento desiludir-vos. Simplesmente, não está a acontecer", disse.

"Sinto que o ténis também é um desporto que pode transformar-se, e vai fazê-lo, enormemente. E quero jogar quando rejuvenescermos o nosso desporto e estabelecermos a nova plataforma que perdurará nas próximas décadas", continuou.

"Sinceramente, acho que a longevidade é uma das minhas maiores motivações. Quero mesmo ver até onde posso chegar. E acho que se analisarmos o panorama desportivo mundial, LeBron James continua em grande forma. Tem 40 anos. Cristiano Ronaldo e Tom Brady jogaram até aos 40 e tal anos...", afirmou.

Amadurecimento forçado

Outro dos pontos do relato de Djokovic que chamou a atenção foi o relato da sua dura infância durante as Guerras Jugoslavas: "O meu pai pôs a nota de 10 dólares na nossa mesa quando eu tinha 12 anos e sentou-me a mim, à minha mãe e aos meus dois irmãos mais novos e disse: 'isto é tudo o que temos'. Estávamos a passar pela segunda guerra das nossas vidas nesse momento, e ele disse: 'Sabem, estamos sob sanções; sob embargo, se realmente querem jogar este desporto individual dispendioso, têm de acelerar o ritmo'", confessou.

"Eu tinha 12 anos nessa altura, por isso tive de amadurecer muito antes do que era suposto e então percebi a mensagem. Tinha de me tornar homem. Tive de ser uma espécie de segundo pai em casa, particularmente para os meus dois irmãos mais novos, por isso tinha muitas responsabilidades e sinto que essa maturidade precoce moldou a minha personalidade e o meu caráter, fortaleceu-me e permitiu-me compreender realmente o que é a disciplina e o que é a vida adulta", acrescentou o tenista sérvio, vencedor de 24 títulos do Grand Slam.

Felizmente, a história teve um final feliz e o resto está escrito com letras douradas nos livros do ténis: "Isso ajudou-me a tornar-me quem sou e quando comecei a viajar pelo ténis, muitas vezes faltava a torneios porque não tínhamos dinheiro para os financiar, mas mantive-me sempre fiel ao meu sonho, sabia a missão e fui muito afortunado", afirmou.