A Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA) disse na terça-feira que Sinner tinha fornecido uma amostra a 10 de março, durante o Masters de Indian Wells, que continha clostebol em baixas concentrações. Uma segunda amostra, recolhida oito dias depois fora de competição, também deu positivo para baixas concentrações do mesmo metabolito.
Sinner declarou que a substância provinha de um spray contendo clostebol que tinha sido utilizado por um membro da equipa para tratar um corte no dedo. A ITIA aceitou a declaração, dizendo que a "presença da substância não foi intencional".
Cahill disse à ESPN numa entrevista televisiva que o membro da equipa em questão era o fisioterapeuta Giacomo Naldi, a quem o preparador físico Umberto Ferrara deu o spray de venda livre. O treinador australiano disse que não sabia exatamente como é que Naldi tinha dado o spray a Sinner, mas sugeriu "trabalhar os pés, uma massagem ou qualquer outra coisa".
Profissional
Cahill disse que não se trata de Sinner querer ganhar vantagem com o uso de uma substância proibida. "Não estamos à procura de piedade nem de nada, porque estamos muito gratos por não haver qualquer castigo envolvido. Mas quero apenas sublinhar que ele é uma pessoa fantástica. Ele é incrivelmente profissional", disse.
"É talvez o jovem mais profissional com quem já tive o prazer de trabalhar. Ele nunca faria nada de propósito. Ele está apenas numa situação que é incrivelmente infeliz. E a verdade veio ao de cima, exatamente o que aconteceu. Não há culpa, não há negligência", disse ele.
"Sinto-me muito mal por ele ter de passar por isto também, porque ele não merece isto", acrescentou.
"Desafio emocional"
Cahill disse que Sinner tem passado por momentos difíceis desde que o caso veio a lume, em março. "Foi ele quem mais sofreu com isto e foi ele quem teve de sair e jogar ténis e torneios de ténis também", disse: "Por isso, tem sido muito difícil para ele e tiro-lhe o chapéu por ter conseguido obter os resultados que obteve, mas houve dias em que se podia ver que ele foi testado física e emocionalmente no campo."
Alguns jogadores, como o australiano Nick Kyrgios, questionaram a decisão da ITIA de aceitar a história, mas Cahill disse que não estava preocupado com as dúvidas. "Não faz mal, acho que toda a gente tem direito à sua opinião, sei que esta é uma questão extremamente sensível para todos, todos os treinadores, todos os jogadores, todos os adeptos", disse.
"Só quero sublinhar mais uma vez que o Jannik é o jovem mais profissional com quem tive o prazer de trabalhar, é um bom rapaz que foi criado por pais fantásticos. É honesto até ao tutano e isso vê-se no seu jogo. Ele está numa situação em que é a vítima inocente de uma situação", acrescentou.
Cahill disse que não espera que o caso tenha um impacto a longo prazo na perceção pública do jogador de 23 anos, que estará no centro das atenções na próxima semana no Open dos Estados Unidos em Nova Iorque.
"Penso que, com o tempo, isto não afectará o seu legado no jogo. Penso que as pessoas compreenderão se lerem toda a declaração e aquilo por que ele passou e como determinaram que ele não teve culpa nem foi negligente", afirmou.