O veterano Feliciano López testemunhou de perto a ascensão do seu compatriota Rafa Nadal.
Nadal, atualmente lesionado e 22 vezes campeão do Grand Slam, está na fase final da sua ilustre carreira, mas com um timing impecável, a Espanha produziu um jogador que já mostrou que pode preencher esse vazio.
Alcaraz, de 20 anos, ganhou o título de relva no Queen's Club na semana passada, de forma brilhante, naquele que foi apenas o seu terceiro evento neste court, colocando o atual campeão do Open dos EUA de novo no topo do ranking ATP.
O espanhol consegue o primeiro lugar em Wimbledon e, embora Lopez ainda veja o atual campeão Novak Djokovic como favorito, acredita que com Alcaraz tudo é possível.
Um milagre
"Chamo-lhe um milagre", disse Lopez, que por três vezes chegou aos quartos de final de Wimbledon, à Reuters, no seu evento de despedida em Maiorca, esta semana.
"A Espanha não é um país grande e poderoso no ténis em comparação com outros países e é uma loucura ver que um grande como o Rafa estava prestes a terminar a sua carreira e, de repente, este tipo de Múrcia apareceu", acrescentou.
"Ganhar um Grand Slam aos 19 anos, tornar-se o número um do mundo. É espantoso. Até Nadal demorou algum tempo a adaptar o seu jogo de terra batida à relva antes de conquistar o título em 2008 e 2010", lembrou.
O problema da relva
O estilo de Alcaraz é mais adequado à relva. Tem um backhand natural quando é necessário, grande confiança nos seus vóleis, consegue servir de forma muito perigosa e o seu forehand deixará marcas de queimadura nos sagrados courts de relva de Wimbledon.
Alcaraz disse que o maior desafio era aprender a mover-se na relva, mas eliminou essas preocupações em Queen's, ganhando 10 sets consecutivos. Disse que se sentia como se estivesse a jogar nesta superfície há 10 anos. No ano passado, chegou à quarta ronda na sua estreia, perdendo para Jannick Sinner, mas seria uma grande surpresa se não conseguisse o mesmo este ano.
"Penso que ele tem as capacidades para se tornar um grande jogador de relva. Tem boas mãos e movimenta-se muito bem e a movimentação na relva é fundamental. Não há muitos jogadores que se movam como ele", acrescentou Lopez.
"Antes de Queen's, só tinha jogado seis encontros em relva, mas é muito talentoso e os jogadores talentosos conseguem adaptar-se mais depressa do que o resto das pessoas", disse.
Vitória em Wimbledon
López acredita que a abordagem arrojada de Alcaraz vai servir-lhe bem em Wimbledon.
"É claro que ele vai ter nervos, como vimos no jogo de França contra o Djokovic. Mas ele tem a capacidade, tal como os grandes jogadores, de sobreviver e encontrar uma solução. Não se trata apenas do seu ténis e da sua força física, mas também de ser suficientemente corajoso para desafiar os melhores jogadores do mundo numa idade tão jovem", explicou.
Embora Lopez não esteja totalmente surpreendido com a rápida transição de Alcaraz para a relva, outros estão.
"Nunca pensei que Carlos Alcaraz se pudesse habituar à relva tão rapidamente", disse Mats Wilander, sete vezes campeão do Grand Slam, à Eurosport. "Para mim, Alcaraz já mostrou que pode ganhar Wimbledon", defendeu.