Reveja aqui as principais incidências da partida
Nuno Borges acusou o peso da história e caiu na terceira ronda de Wimbledon, após uma longa batalha de cinco sets diante do tenista russo Karen Khachanov, 17.º cabeça de série do major de relva londrino.
As palmas que recebeu ao sair do court 3 do All England Club refletem a extraordinária exibição do português, que, contudo, desperdiçou uma vantagem de 5-2 no quinto set, sofrendo o break quando servia para fechar o encontro da terceira ronda e acabou derrotado por 7-6 (8-6), 4-6, 4-6, 6-3 e 7-6 (10-8), em três horas e 48 minutos.
“Nunca sabemos o que é preciso para ganhar estes encontros”, desabafou Khachanov, após um duelo que descreveu como “muito emocional, físico e psicológico”.
Nos momentos decisivos, a maior experiência do 20.º classificado do ranking ATP nestes palcos – foi semifinalista do Open da Austrália em 2023 e do Open dos Estados Unidos em 2022 – foi decisiva, com o 37.º jogador mundial a despedir-se do quadro de singulares sem conseguir igualar João Sousa, o único luso a atingir os oitavos do terceiro major da temporada.
Num primeiro set decidido em detalhes, o histórico Borges, primeiro português a chegar à terceira ronda em todos os torneios do Grand Slam, acabou por ceder no tie-break, já depois de ter anulado quatro break-points e evitado o primeiro set-point.
Diante do 17.º cabeça de série na relva londrina, o maiato de 28 anos, que nunca tinha passado a primeira ronda no All England Club até este ano, não se intimidou e, logo no terceiro jogo do segundo parcial, quebrou o serviço do russo à primeira oportunidade de que dispôs.
O português consolidou o break logo de seguida e não mais largou a vantagem – não enfrentou qualquer ponto para quebra de serviço -, nem mesmo quando teve de servir para fechar o segundo parcial, o que conseguiu no segundo set point.
Embalado, Borges entrou autoritário no terceiro set, quebrando o 20.º jogador mundial, que chegou aos ‘quartos’ em Wimbledon em 2021, logo no jogo inaugural.
O número um nacional, que jogou com um laço negro no boné em homenagem aos futebolistas Diogo Jota e André Silva, que morreram na quinta-feira em Zamora (Espanha), num acidente de viação, protagonizou uma grande exibição e aproveitou as ofertas de Khachanov para adiantar-se para 4-1.
Foram precisos três break-points para o português quebrar novamente o russo, mas a sua superioridade era tão evidente que desesperou o 17.º cabeça de série, que, ainda assim, conseguiu reduzir a desvantagem.
No oitavo jogo, o credenciado Khachanov aproveitou o único break de que dispôs e colocou a pressão do lado de Borges, obrigado a servir para fechar o set.
Depois de liderar por 5-1, o 37.º jogador mundial recuperou de um 0-30, demonstrando novamente crescer nos momentos difíceis e ser exímio a superar adversidades.
Equilíbrio é a palavra ideal para descrever o que se passou no court 3 do All England Club, mas o maiato acabou por baixar o seu nível no quarto set, uma oportunidade que o mais rodado 20.º jogador ATP não desperdiçou.
Após quebrar o luso no quarto jogo, agarrou a vantagem para fechar o parcial por 6-3. Mais habituado a estes momentos, o antigo número oito mundial fez valer a sua maior experiência no derradeiro set, mostrando-se mais consistente do que o português que, com um erro, entregou o seu jogo.
Khachanov passou a liderar por 2-1, mas, quem acompanha a carreira de Borges, sabe que o português nunca desiste e raramente esmorece, e o número um nacional fez jus à sua reputação, devolvendo o break de imediato.
Os dois tenistas acusaram a tensão do momento e o encontro entrou numa fase mais errática, mas o sempre focado Borges soube agarrar a oportunidade para avançar para 5-2, ao conquistar quatro jogos seguidos.
Perante a iminência de fazer história, o maiato sentiu a importância do seu previsível feito e, com um jogo de serviço terrível, permitiu o break ao russo, que acabaria por nivelar a 5-5.
O número um nacional recuperou a compostura e fechou facilmente o seu jogo, sendo imitado por Khachanov.
Tudo se dizia no tie-break e, aí, o russo avançou rapidamente para uma vantagem de 8-3. Borges ainda anulou os dois primeiros match-points, mas não conseguiu evitar que o mais credenciado adversário fechasse, no seu serviço, o emocionante encontro da terceira ronda do major de relva.
O tenista luso continua em prova em pares, ao lado do parceiro norte-americano Marcos Giron, com quem vai disputar a segunda ronda frente ao indiano Yuki Bhambri e ao norte-americano Robert Galloway, 16.ºs cabeças de série do quadro da variante.
