Entrevista Flashscore a Tomáš Petera: "Os torneios WTA 250 vão tornar-se provas sem valor"

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Entrevista Flashscore a Tomáš Petera: "Os torneios WTA 250 vão tornar-se provas sem valor"

Tomas Patera, à frente do AGEL Open de 2022, em Ostrava, ao lado de Karolina Muchova
Tomas Patera, à frente do AGEL Open de 2022, em Ostrava, ao lado de Karolina MuchovaProfimedia
Tomáš Petera e a sua equipa conseguiram organizar um torneio WTA 500 em Ostrava, no outono de 2020, no meio da pandemia de COVID-19. Mas, após três edições bem sucedidas, o responsável não tem a certeza se o evento irá continuar. Os torneios generosamente subsidiados na China estão de volta ao calendário e encontrar uma nova data parece muito difícil. Além disso, o circuito de ténis feminino sofrerá grandes alterações em 2024, de acordo com Petera.

Embora o circuito ATP masculino já tenha anunciado o seu calendário de torneios para o próximo ano durante o mês de março, pouco se sabe sobre o circuito feminino de ténis. No website da WTA, só é possível encontrar o calendário de torneios até ao Open dos Estados Unidos deste ano. O futuro é incerto. Mas relatórios recentes da liderança da organização sugerem que as jogadoras de ténis femininas irão para a Ásia no outono e, durante algum tempo, apesar do caso de Peng Shuai, para a China, até aqui afastada do cenário competitivo.

- O que pensa da decisão da WTA de fazer regressar os seus torneios à China?

- Penso que as pessoas que mandam não tiveram escolha. Trata-se de dinheiro e a WTA não o tem, por isso é que decidiram regressar, apesar de parecerem tolos face ao que aconteceu.

- Também foram afetados pela decisão. Ostrava estava originalmente a substituir os torneios chineses durante o período de COVID-19. O seu torneio corre o risco de terminar?

- Não, não pensamos que isso vá acontecer. Ainda estamos à procura de uma solução para manter Ostrava. A primeira opção é que se chegue a um acordo com a agência que detém a licença para o torneio em Moscovo. É óbvio que não pode ser jogado na Rússia. A Taça Kremlin já foi cancelada no ano passado, mas no calendário preliminar ainda tem um lugar reservado na semana 42. Foi Guadalajara, em vez disso.

- Quais as probabilidades de isso acontecer?

- A licença para o torneio de Moscovo pertence ao Octagon, que é uma das três maiores agências de ténis. A probabilidade de ser jogado em Moscovo este ano é zero. Mas, ao mesmo tempo, o problema com a sua data é que, como a digressão asiática está planeada, ter um único grande torneio de volta à Europa é problemático para as jogadoras, especialmente do ponto de vista logístico.

- Acha que as jogadoras estariam dispostos a voar da China para a Europa e voltar à Ásia?

- Se conseguirmos substituir a data de Moscovo, elas voarão. A lista de datas é atualmente estabelecida de tal forma que não haverá outro grande evento nessa data. Além disso, os pontos contam para os Masters neste torneio, pelo que elas vão querer jogá-lo. Mas é claro que essas viagens de meio mundo não são agradáveis, por isso estão à procura de um lugar para jogar o "torneio de Moscovo". Idealmente, deveria ser na Ásia. Mas Ostrava é também uma solução.

- Existem outras opções?

- A outra opção é que não se consiga chegar a acordo sobre Moscovo, mas se possa organizar a atualização do torneio para 2024, para que Ostrava possa ser jogado em fevereiro, permanecendo nessa data para sempre. E a última opção é não haver absolutamente nada. Ficará claro nas próximas duas ou três semanas.

- Em fevereiro costumava realizar-se o torneio em São Petersburgo. Há também a possibilidade de substituir a Rússia?

- Não, não tem nada a ver com isso. A situação agora é que a partir de 2024 haverá uma reestruturação completa dos torneios. Os atuais torneios 250 vão tornar-se provas sem valor porque as tenistas até ao 30.º lugar no ranking WTA não poderão jogá-los. A luta começará para quem tiver permissão da organização para atualizar o torneio de 250 para 500. É claro que os torneios terão de pagar por isto. Poderá ficar claro até ao final de abril quem será bem sucedido. E então começará a surgir algum tipo de calendário de torneios para o próximo ano.

- Em fevereiro, a maioria das jogadores estava a mudar-se da Austrália para a Ásia, a logística não será também um problema lá?

- Poderíamos conseguir uma data logo após o Open da Austrália, o que não é o ideal, mas também não é mau. Mas gostaríamos de o conseguir na semana seguinte. Estamos em disputa com um torneio em Linz, que está a procurar atualizar-se na mesma data que nós. Quando se compara o alinhamento de jogadoras e a atmosfera e organização em Ostrava e Linz, saímos melhor. Também, do ponto de vista do ténis, a República Checa tem 10 jogadores no top-100 e o melhor austríaco está algures por volta do 80.º lugar, com outros talvez no top-200. Mas continuará a ser uma luta e não posso dizer hoje como poderá vir a ser.

- As referências de Ostrava Open podem ajudá-lo?

- Claro, Ostrava ganhou uma grande reputação nos três anos. A primeira coisa que fizemos para nos tornarmos bem vistos foi termos conseguido organizar o torneio numa altura em que mais ninguém no mundo o conseguia fazer. Foi no meio do receio. E, depois, a edição do ano passado foi um sucesso. Tudo se juntou, teve uma excelente final, e foi classificado entre os quatro melhores torneios do ano em termos de organização em geral. Essa é a nossa força. Mas, de qualquer modo, quando negociamos com a WTA, as decisões não se baseiam em critérios de ténis, são mais decisões políticas.

- No passado, também quis organizar um torneio em Marbella. Ainda tem esses planos?

- Sim, falámos sobre isso, é um local bonito e eu até já tinha uma licença de torneio. Estávamos a pensar muito alto, em fazer um 250 lá. Mas como Marbella se tornou um local de forte atração nos últimos anos, acabou por não fazer sentido. No entanto, consigo definitivamente ver um torneio em Marbella, é apenas uma questão de saber se não será um ITF 100. Nessa altura, custaria talvez apenas um terço do dinheiro e, em termos de elenco, seria praticamente a mesma coisa.