Na ansiada disputa pelo título de melhor sprinter do pelotão já não esteve o corredor da Alpecin-Deceuninck – o camisola verde abandonou após uma queda no sprint intermédio -, com o mais experiente campeão europeu de fundo a levar a melhor sobre o estreante italiano Jonathan Milan (Lidl-Trek).
O alemão Phil Bauhaus (Bahrain Victorious) foi terceiro, com as mesmas 04:16.15 horas do vencedor, que repetiu o feito de 2021 – curiosamente, tal como aconteceu na véspera ao camisola amarela Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck), a única vitória anterior do belga na ‘Grande Boucle’ também foi há quatro anos e igualmente na terceira etapa.
“Vim cá para ganhar uma etapa. Claro que vestir a amarela (no primeiro dia) era um objetivo, mas estou satisfeito por ter a etapa”, resumiu o ciclista de 32 anos, sem aludir ao seu líder e compatriota Remco Evenepoel, que caiu à entrada dos três quilómetros finais dos 178,3 da terceira tirada, mas cruzou a meta com um sorriso, embora agarrado às costelas.
O duplo campeão olímpico teve mais sorte do que Philipsen, com a Alpecin-Deceuninck a manter, ainda assim, a camisola amarela no corpo de Van der Poel, que continua a liderar com quatro segundos de vantagem sobre Tadej Pogacar (UAE Emirates) e seis sobre Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike).
Antes de Dunquerque acolher a primeira chegada do Tour desde 2001, o inverno parecia ter chegado para ficar ao norte de França, com o pelotão a partir de Valenciennes debaixo de chuva forte.
Numa jornada em que Pogacar vestiu apenas pela segunda vez em prova (e literalmente da cabeça aos pés) a famosa camisola de bolinhas vermelhas, apesar de ter sido vencedor da classificação da montanha do Tour em 2020 e 2021 – liderava a geral, pelo que prevaleceu a amarela -, o arranque da tirada voltou a ser atrasado, como aconteceu no dia anterior.
Quando a partida real foi dada, o pelotão adotou um ritmo de verdadeira procissão, com a velocidade a ser inferior a 30 km/h e as tentativas de fuga a escassearem.
Quando o sol finalmente espreitou, a velocidade aumentou, mas não os motivos de interesse, com a tirada a prosseguir sem tentativas de fuga ou sustos até ao sprint intermédio, quando Philipsen caiu e deixou a 112.ª edição sem camisola verde.
Bryan Coquard (Cofidis) quis sprintar onde não havia espaço, embateu em Laurenz Rex (Intermarché-Wanty) e provocou a queda do belga da Alpecin-Deceuninck, com o primeiro camisola amarela da 112.ª edição e vencedor de 10 etapas no Tour - e também da classificação por pontos em 2023 – a cair desamparado e com violência no asfalto e a abandonar de imediato.
A desistência de Philipsen, um dos principais candidatos a vestir a camisola verde no pódio final em Paris, em 27 de julho, representou a primeira grande baixa nesta Grande Boucle e impediu o tira teimas sobre quem é o melhor sprinter da atualidade, uma vez que o belga nunca chegou a ter um frente a frente com Merlier e Milan (os dois primeiros de hoje chegaram atrasados na primeira etapa).
Depois, Tim Wellens atacou para pontuar na única contagem de montanha do dia e roubar a camisola ao seu líder, em mais uma tática no mínimo estranha da UAE Emirates, que talvez tenha querido poupar Pogi das cerimónias e das obrigações protocolares e do consequente atraso no período de recuperação.
Mal cumpriu a sua missão, o campeão belga de fundo descaiu ao pelotão, que prosseguiu sem sobressaltos até à entrada dos três quilómetros finais: uma queda apanhou Evenepoel, consolado rumo à meta pelo eterno azarado Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe).
Quando o sprint já ia lançado, outra queda fracionou o pelotão, mas todos os favoritos, inclusive João Almeida (UAE Emirates), foram creditados com o mesmo tempo, assim como Nelson Oliveira.
O quarto classificado do Tour-2024 ocupa a 15.ª posição da geral, a 49 segundos de MVDP, enquanto o luso da Movistar é 108.º, a mais de oito minutos do camisola amarela, que na terça-feira terá um desafio nos 174,2 quilómetros entre Amiens a Rouen, que incluem cinco contagens de montanha de terceira ou quarta categoria nos derradeiros 50.