Enquanto quase todos os olhos estavam voltados para o State Farm Stadium em Glendale, Arizona, para o Super Bowl, no coração dos Estados Unidos, em Dallas, Texas, escrevia-se história para o ténis chinês no momento em que Yibing Wu se tornou o primeiro tenista daquele país a conquistar um torneio ATP.
E fê-lo ao vencer dois tenistas norte-americanos de forma sequencial: Taylor Fritz nas meias-finais e John Isner na final. O chinês sofreu bastante, já que precisou de pouco mais de três horas para levar a melhor sobre Long John num encontro que teve três tiebreaks, o último dos quais com 26(!) pontos. Pelo meio, Isner converteu 44 ases, um a menos que o recorde de Ivo Karlovic num encontro de uma prova ATP, tendo desperdiçado ainda quatro match points.
Recorde aqui as incidências do encontro.
"Fiz história para o meu país e para mim", destacou Wu durante a cerimónia de entrega do troféu. "Estou muito orgulhoso de mim mesmo e agradeço especialmente a todos os adeptos e à minha equipa, que esteve aqui para me apoiar. Eu não teria conseguido sem nenhum de vocês".
Tem sido um ano fenomenal para o tenista chinês, que era o número 1121 do ranking ATP a 7 de fevereiro de 2022, também devido a várias lesões, e agora se encontra na 58.ª posição.
No entanto, Wu não é novo a estabelecer recordes para o seu país, já que em 2017 alcançou o primeiro lugar no Circuito Júnior depois de vencer o título de singulares masculinos no Open dos Estados Unidos, tornando-se assim o primeiro chinês a conquistar um troféu masculino de num Grand Slam daquela categoria.
Em setembro de 2017 estreou-se em torneios ATP no Chengdu Open, com um wildcard, e em 2018 registou a sua primeira vitória na categoria contra Li Zhe no Masters de Xangai, tendo ainda ganhado um set contra Kei Nishikori na segunda ronda.
Apesar de ter estado fora dos circuitos entre março de 2019 e dezembro de 2021, devido a uma lesão, em 2022 conseguiu conquistar três títulos em eventos Challenger nos Estados Unidos, em Roma (Texas), Geórgia e Indianápolis, alcançando assim o 174.ª lugar na hierarquia. Quatro títulos Challenger no total fazem dele o chinês mais condecorado da história do circuito.
Wu estabeleceu outro recorde, mesmo que este tenha durado apenas algumas horas, ao tornar-se o primeiro chinês a qualificar-se para o Open dos Estados Unidos, feito posteriormente alcançado também por Zhang Zhizhen.
Naquele torneio, Wu superou o 31.º cabeça-de-série Nikoloz Basilashvili na primeira ronda , o que fez de si o primeiro chinês a vencer uma partida num torneio Grand Slam na era Open e o segundo depois de Mei Fu Ci em Wimbledon, em 1959. Mas Wu não parou e, com a vitória sobre Nuno Borges em cinco sets, tornou-se no primeiro chinês a chegar à terceira ronda num evento Grand Slam na era Open e o segundo da história depois de Kho Sin-Kie, em 1946.
Em virtude destas vitórias, Wu, que acabou derrotado por Daniil Medvedev na terceira eliminatória, subiu mais 43 posições, chegando ao 131.º posto na classificação mundial, e acabou por terminar o ano em 119.º lugar, 1.000 posições acima da sua posição no final de 2021.
Agora, o chinês dos recordes estabeleceu a meta de maior prestígio para sua nação, assegurando o primeiro título ATP na vertente masculina e tornando-se o jogador chinês com melhor classificação de sempre, depois de entrar no top-60 na atualização de 13 de fevereiro de 2023.
Uma personalidade forte, frieza nos momentos decisivos e facilidade de jogo são as características vencedoras que Wu mostrou no Texas. Jogador tecnicamente completo e com excelente timing, o tenista chinês tem que recuperar o terreno perdido por culpa da lesão e da pandemia de COVID-19: problemas no cotovelo direito, costas, ombro, punho e dificuldade para se movimentar fora do país depois da pandemia podem ter bloqueado a sua evolução, mas agora Wu está pronto para voar e dar novas alegrias ao seu país, mas também um bom espetáculo para todos os adeptos de ténis.