Ao longo das décadas, vários treinadores deixaram a sua vida ligada ao desporto que amavam. A recente morte de Miguel Ángel Russo, enquanto dirigia o Boca Juniors, reavivou a memória de figuras que, como ele, partiram enquanto ainda estavam em funções.
Ángel Labruna, o eterno símbolo do River
Referência absoluta do River Plate, Ángel Labruna foi um dos primeiros grandes ídolos a morrer em atividade. Em 1983, enquanto era treinador do Argentinos Juniors, a sua saúde deteriorou-se subitamente. O seu último jogo foi, curiosamente, frente ao clube da sua vida, o River, no estádio Monumental.
Labruna deixou um legado imenso: campeão como jogador e treinador, referência de uma identidade futebolística e símbolo eterno do Millonario.
Osvaldo Zubeldía, o revolucionário que partiu sendo campeão
O caso de Osvaldo Zubeldía é tão trágico quanto histórico. O treinador que revolucionou o Estudiantes de La Plata multicampeão levou o seu método ao futebol colombiano e conquistou o título com o Atlético Nacional em dezembro de 1981.
Apenas um mês depois, a 17 de janeiro de 1982, faleceu de um enfarte em Medellín. A sua morte fez dele o único treinador na história da Colômbia que morreu sendo campeão em título.
Para além do seu final, Zubeldía deixou uma marca indelével: inovador, obsessivo e pioneiro no trabalho tático, mudou a forma de entender o futebol moderno na América do Sul.
Vladislao Cap, o campeão que não chegou aos 50
Campeão da Taça América de 1959 e treinador da Seleção Argentina no Mundial de 1974, Vladislao Cap também integra esta lista de despedidas prematuras.
Depois de treinar Independiente, Boca e River, morreu a 10 de setembro de 1982, com apenas 48 anos, vítima de um cancro do pulmão. Nessa altura, encontrava-se ao comando do clube de Núñez.
Os seus problemas de saúde tinham sido detetados durante uma digressão internacional, mas Cap continuou à frente da equipa até que a doença o impediu.
José Omar Pastoriza, um líder querido por todos
O Pato Pastoriza, emblema do Independiente e figura respeitada em todo o país, faleceu repentinamente a 2 de agosto de 2004, enquanto dirigia o Rojo.
Carismático, frontal e paternal, Pastoriza deixou uma marca profunda no balneário e no coração dos adeptos. O seu nome continua a ser sinónimo de liderança e paixão.
Diego Maradona, a despedida mais dolorosa
O capítulo mais recente e comovente foi protagonizado por Diego Armando Maradona, que morreu sendo treinador do Gimnasia y Esgrima La Plata.
No seu 60.º aniversário, a 30 de outubro de 2020, foi homenageado em El Bosque, já visivelmente debilitado. Dias depois foi internado e operado, mas a 25 de novembro de 2020 o futebol argentino ficou de luto para sempre.
Maradona, o maior de todos, deixou a sua marca também a partir do banco, inspirando jogadores e adeptos com a mesma paixão que o caracterizava dentro de campo.
Miguel Ángel Russo, um final que voltou a comover o futebol argentino
A morte de Miguel Russo enquanto dirigia o Boca Juniors voltou a colocar em destaque esta triste lista de treinadores que morreram em plena atividade.
Vencedor nato, querido por jogadores e rivais por igual, Russo fez parte da grande história do futebol argentino: campeão da Taça Libertadores 2007 com o Boca e símbolo de serenidade, respeito e profissionalismo. A sua partida deixa um enorme vazio no desporto nacional.
Um legado que transcende o resultado
Labruna, Zubeldía, Cap, Pastoriza, Maradona e Russo partilham algo mais do que um destino trágico: o amor incondicional pelo futebol. Todos morreram a fazer o que mais amavam, deixando uma herança de trabalho, paixão e ensinamento.
A sua memória vive nos adeptos, nas equipas que marcaram e na história eterna do futebol argentino.