Aaron Lennon acabou carreira e agora quer ajudar outros futebolistas com problemas de saúde mental

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Aaron Lennon acabou carreira e agora quer ajudar outros futebolistas com problemas de saúde mental
Aaron Lennon retirou-se do futebol em novembro
Aaron Lennon retirou-se do futebol em novembroProfimedia
Aaron Lennon, avançado inglês de 35 anos, que esteve numa final de um Mundial, pela Inglaterra, e que jogou ao lado de Luka Modric e Gareth Bale, no Tottenham, retirou-se na última temporada, depois de ter representado o Burnley, e tem agora como objetivo ajudar outros futebolistas que sofram de problemas de saúde mental.

Em entrevista ao jornal The Times, publicada este sábado, Aaron Lennon referiu que "esta é uma grande paixão" para si, também depois do que passou, detido em abril de 2017, pela polícia, por receio do seu bem-estar, tendo estado hospitalizado.

Lennon representava, na altura, o Everton, e estava com o seu irmão.

"Eu disse-lhe: 'Vou só ali á loja'. Até o meu irmão ficou desconfiado. 'Não, eu estou bem, não te preocupes'. Usei uma máscara durante demasiado tempo", assume agora Lennon, que se retirou do futebol em novembro do ano passado.

"Nesse dia tentei regressar ao meu apartamento mas nem conseguia perceber para que lado tinha de ir. Havia relatos de que eu estava na auto-estrada, de pés descalços. E não estava, estava com os meus treinadores. Entrei em pânico", conta Aaron Lennon.

O extremo, recorde-se, fez parte da seleção inglesa que perdeu com Portugal nos quartos de final do Mundial de 2006, nos penaltis, numa altura em que já estava afetado mentalmente.

"No dia seguinte estive no Priorado (um hospital especializado em questões de saúde mental). Estava assustado, suicida, estava a ouvir vozes. Lembro-me de estar na sala, só queria mesmo que acabasse. Tempos loucos", recorda.

"És odiado"

Aaron Lennon lamenta ter deixado, em 2005, o seu amado Leeds United, onde fez a estreia como profissional na Premier League em 2003, com apenas 16 anos, e explica ter chegado ao seu limite devido a uma mistura entre o futebol e problemas pessoais.

"Tinha outras coisas a acontecer, coisas na minha família, estava dentro e fora de más relações. Devia ter saído de Tottenham mais cedo. Eu não estava num bom lugar. Aquela depressão estava a crescer dentro de mim. Estava privado de sono. Não dormia vários dias. A minha cabeça estava sempre a correr. Aquilo era uma espiral. A minha mente não estava a funcionar bem, tudo fora de controlo", lembra Lennon.

Em 2018, Aaron Lennon rumou ao Burnley, orientado na altura por Sean Dyche, agora no Everton, e que merece elogios do avançado.

"Sean Dyche foi ótimo para mim. Tinha estado hospitalizado. Havia dias maus e dias bons, ele deu-me essa liberdade. Compreendeu-me realmente. Chamava-me ao escritório dele e perguntava-me, realmente, como é que eu estava", lembra Lennon.

O avançado inglês esteve dez anos no Tottenham, jogou ao lado de Luka Modric e Gareth Bale, tendo sido orientado por "aquele grande condutor de homens", Harry Redknapp, uma das suas inspirações.

"Parte do meu carácter é ajudar as pessoas. Tive conversas com pessoas no futebol sobre como as ajudar", explica Lennon, que tem agora uma rotina para evitar que volte aos maus momentos: medita durante 15 minutos todas as manhãs, toma duches quentes e frios, escrevendo diariamente tudo aquilo que está a sentir.

Aaron Lennon defende que, devido à pressão, os futebolistas são especialmente suscetíveis de sofrer problemas de saúde mental.

"É uma questão da sociedade, mas é uma questão massiva no futebol, especialmente com os meios de comunicação social. As pessoas esquecem-se que o futebol sobe e desce, marca-se ao fim de semana e é-se uma lenda, perde-se uma oportunidade na terça-feira e odeia-se de novo, bombardeado com todas as mensagens de ódio", explica o antigo avançado.