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Análise Sérvia: Repetição de 2018 não é opção e passar o grupo é o mínimo exigido

Análise Sérvia: Repetição de 2018 não é opção e passar o grupo é o mínimo exigido
Análise Sérvia: Repetição de 2018 não é opção e passar o grupo é o mínimo exigidoProfimedia

No terceiro Campeonato do Mundo da Sérvia como nação independente, a seleção treinada por Dragan Stojkovic procura chegar às eliminatórias pela primeira vez desde 1998, quando ainda jogava como Jugoslávia. Para isso, conta com a base campeã europeia sub-19 em 2013, quando venceu Portugal na meia-final, e campeã mundial sub-20 de 2015, ao vencer o Brasil na final, o adversário na estreia no Catar. 

Os destaques dessa equipa vitoriosa na Nova Zelândia, e que continuam na seleção principal, são os guarda-redes Rajkovic e Vanja Milinkovic-Savic, o defesa Srdan Babic e o médio Sergej Milinkovic-Savic.

O ciclo sérvio desde o Mundial Rússia-2018 foi de altos e baixos. O país ficou fora da Campeonato Europeu de 2020 numa fase de grupos que qualificou Ucrânia e Portugal. Nos play-offs, sofreu uma derrota traumática diante da Escócia nas grandes penalidades.

Na Liga das Nações, a outra competição continental, a Sérvia foi a única das seleções europeias qualificadas para este Campeonato do Mundo que não disputou a Liga A nos últimos quatro anos.

Mesmo assim, a vaga no Mundial foi conquistada com uma campanha brilhante, novamente no grupo de Portugal. A Sérvia conquistou o primeiro lugar ao bater os portugueses em Lisboa por 2-1 na última jornada. O golo aos 90 minutos de Aleksandar Mitrovic garantiu a vaga direta e atirou Cristiano Ronaldo e companhia para a o play-off.

Pontos fortes

O que marca a diferença sérvia neste Mundial é a sua capacidade física. Com jogadores muito fortes, a seleção de Stojkovic deve destacar-se no Catar nos duelos individuais e na capacidade de se impor nesse aspecto sobre os adversários. Apenas dois dos 26 convocados têm menos de 1.80m de altura.

A equipa possui um ataque com dois jogadores altos e fortes fisicamente. Dusan Vlahovic (1.90m) e Aleksandar Mitrovic (1.89m) formam uma dupla que se impõe na força e na capacidade de se posicionar dentro da área. A temporada de Mitrovic também anima os sérvios: o camisola 9 marcou 13 golos na temporada 2022/23, nove dos quais na Liga inglesa, na qual é o terceiro melhor marcador.

Mitrovic e Vlahovic foram uma das melhores duplas de avançados
Mitrovic e Vlahovic foram uma das melhores duplas de avançados Profimedia

A dupla de ataque funcionou muito bem nos últimos jogos da Liga das Nações, em setembro. O 4-1 sobre a Suécia, em Belgrado, contou com três golos de Mitrovic e uma assistência de Vlahovic. No jogo seguinte, contra a Noruega em Oslo, 2-0 com um de Vlahovic e um de Mitrovic.

Pontos fracos

O sistema defensivo sérvio é um ponto de preocupação para o técnico Stojkovic. A formação com três defesas — Milenkovic, Veljkovic e Pavlovic — utilizada nos jogos da Liga das Nações deixa o lado esquerdo vulnerável, devido à propensão ofensiva do ala esquerdo Kostic. O defesa central Strahinja Pavlovic, do Red Bull Salzburg, tem sido questionado devido aos seus atributos e velocidade.

A Sérvia vai enfrentar grandes desafios nesse setor durante a primeira fase do Mundial, sobretudo contra Brasil e Suíça. Na estreia terá pela frente Raphinha, do Barcelona, ou Antony, do Manchester United, a jogar desse lado. No terceiro e, provavelmente, decisivo jogo com a Suíça, Xherdan Shaqiri será o extremo direito a explorar esse setor.

XI ideal

Vanja Milinkovic-Savic - Milenkovic, Veljkovic, Pavlovic - Lazovic, Gudelj, Sergej Milinkovic-Savic, Kostic - Tadic, Vlahovic, Mitrovic.

Principais dúvidas

O guarda-redes é um ponto que está indefinido para Dragan Stojkovic. Predrag Rajkovic, do Mallorca, sempre foi apontado como o grande guardião desta geração, fundamental nos títulos das camadas jovens da última década. No entanto, não está em boa fase nesta temporada e perdeu espaço para Vanja Milinkovic-Savic, do Torino.

Outro grande ponto de indefinição é no meio-campo e explica-se mais por razões táticas do que pelo momento dos jogadores. Lazovic e Zivkovic apresentam características diferentes na ala direita. Lazovic, do Verona, joga à procura da linha de fundo para cruzamentos e tem mais velocidade. Já Zivkovic, ex-Benfica que agora atua no PAOK, consegue trabalhar mais pelo meio do campo, fazendo a diagonais até a área adversária.

Previsão

O grande objetivo sérvio neste Mundial é passar a fase de grupos, algo que não acontece desde 1998, quando ainda era a Jugoslávia. Para isso, a seleção europeia sonha com um empate na estreia com o Brasil, seleção que enfrentou em 2018 e perdeu por 2-0.

Contra os Camarões, uma boa vitória é fundamental devido à diferença de golos que pode vir a ser o fator determinante neste grupo. Na última jornada, outro reencontro de 2018, com a Suíça. Esse é, provavelmente, o jogo de maior carga emocional de toda a primeira fase.

Há quatro anos, os jogadores suíços de origem kosovar Granit Xhaka e Sherdan Shaqiri comemoraram os golos ao reproduzir o símbolo da águia albanesa, em referência à etnia maioritária no Kosovo. A Sérvia não reconhece a independência do Kosovo e reivindica a posse do território. Os gestos geraram polémica na altura e aumentaram a carga dramática para o reencontro de 2022. 

Além de todo o aspecto geopolítico, o jogo da terceira jornada vai definir provavelmente o segundo classificado do grupo, partindo do príncipio que o Brasil garante o primeiro lugar. Portanto, anote na agenda: Sérvia e Suíça encontam-se no dia 02 de dezembro.