Mais

Análise Suíça: Geração de qualidade e histórico recente motivam helvéticos

Análise Suíça: Geração de qualidade e histórico recente motivam helvéticos
Análise Suíça: Geração de qualidade e histórico recente motivam helvéticosProfimedia
Historicamente, a Suíça tem um papel secundário em Campeonatos do Mundo. Em 2022, a equipa parte para sua 12.ª participação em Mundiais, completando-se 58 anos desde o seu melhor resultado, quando ficou pelos quartos de final em 1954, na edição que organizou. Esse desempenho foi uma repetição de 1934 e 1938.

Introdução

A Suíça tenta quebrar o estigma de ser mais conhecida pela sua capacidade defensiva e pela eficiência em fechar espaços, apresentando-se com uma linha defensiva de cinco homens. Num Mundial, esse tipo de estratégia pode até permitir a qualificação, mas será preciso mais do que isso para confirmar o sonho de ir longe. Em duelos contra adversários diretos, como Camarões e Sérvia, a Suíça vai precisar da sua qualidade ofensiva para balançar as redes e obrigar o adversário a ter de fazer melhor.

O ataque da Suíça passa diretamente pelos médios Granit Xhaka, do Arsenal, que vai disputar o terceiro Mundial, e Xherdan Shaqiri, dos Chicago Fire. Este último vai para a quarta participação seguida e é o clássico médio de ligação, que tem a função de providenciar os avançados com oportunidades que vão precisar de ser muito bem aproveitadas. Shaqiri pode ainda oferecer vantagens com remates de meia distância.

A Suíça está prestes a entrar em ação no Catar
A Suíça está prestes a entrar em ação no CatarAFP

Pontos fortes

A Suíça chega ao Mundial pela quinta vez consecutiva. Nessas cinco participações, cumpriu o objetivo de se qualificar para os oitavos de final em quatro. A sequência mostra a regularidade da seleção, depois de ficar quase 30 anos fora do maior torneio de futebol do mundo. Outro fator que mostra as pretensões da Suíça é a campanha invicta na qualificação, deixando a Itália arredada do primeiro lugar, forçando os tetracampeões do mundo a irem ao play-off.

Para mostrar que não se tratou de obra do acaso, a Suíça já tinha feito bom trabalho também no Europeu de 2020. A terceira posição no grupo com Itália, País de Gales e Turquia rendeu o apuramento para os oitavos de final, diante da toda poderosa França. Contra os franceses, a Suíça esteve a perder 3-1 e empatou a partida, vencendo nos penáltis. O remate falhado de Mbappé contribuiu para o suíços se infiltrarem entre as potências do continente. Nos quartos, fizeram a Espanha suar noutro jogo decidido nas grandes penalidades.

A Suíça surpreendeu no Euro-2020 ao eliminar a campeão do Mundo
A Suíça surpreendeu no Euro-2020 ao eliminar a campeão do MundoAFP

Na elite da Liga das Nações, estar no mesmo grupo de Espanha e Portugal foi demais para os suíços, que fizeram seis jogos sem empates, terminando à frente da República Checa.

A presença de boa parte do plantel em ligas de alto nível há vários anos dá esperança extra aos adeptos. Não é exagero dizer que podemos estar diante da melhor seleção suíça de todos os tempos - algo proclamado pelo próprio selecionador na véspera do jogo inaugural da equipa.

Tal afirmação aparece não pelas caras novas, que são poucas, mas pela evolução das principais peças nos últimos anos, afirmando-se em cenários de destaque mundial. Apenas sete jogadores vão jogar o seu primeiro Mundial.

Alguns dos nomes mais importantes são Denis Zakaria, do Chelsea, e Remo Freuler, do Nottingham Forest. O defesa Manuel Akanji, do Manchester City, e Fabian Schar, do Newcastle, são outras peças importantes. A experiência vem com o lateral Ricardo Rodríguez, de 30 anos, do Torino, e o guardião Yann Sommer, de 33 anos, do Borussia Monchengladbach, que vive um grande momento na carreira. O médio Fabian Frei, de 33 anos, é um dos grandes nomes da história do futebol local.

Pontos fracos

A história mostra que o ataque é a parte do campo em que a Suíça costuma ter mais problemas. Os números apontam evoluções no setor, mas é preciso consistência, principalmente num Mundial. Nos seis jogos da Liga das Nações, marcaram apenas seis golos, rendimento que impediu que a equipa avançasse para a fase final.

Nas eliminatórias para o Mundial, o ataque correspondeu, com 15 golos em oito jogos, uma média quase duas vezes superior à que foi apresentada na Liga das Nações.

Apesar do menor fulgor ofensivo, a Suíça esteve inspirada na qualificação
Apesar do menor fulgor ofensivo, a Suíça esteve inspirada na qualificaçãoAFP

XI ideal

Sommer - Widmer, Elvedi, Schar e Ricardo Rodríguez - Xhaka, Freuler, Sow e Okafor - Embolo e Vargas

O timoneiro de serviço é de Murat Yakin, ex-defesa que está à frente da equipa há pouco mais de um ano. A química é uma das marcas desta equipa, que se desenvolveu nos últimos anos graças à presença dos atletas em ligas fortes e competitivas. As poucas alterações no grupo são um ponto a favor, contribuindo na organização tática dentro de campo.

Mesmo com alguns jogadores a terem a preferência do treinador, alguns setores do campo ainda podem trazer novidades e dúvidas antes da estreia. Uma delas é no setor ofensivo. Haris Seferovic está no top 10 dos maiores marcadores da história da Suíça, tendo o histórico a seu favor. Mas Breel Embolo foi titular durante a Liga das Nações e tem tudo para ser o preferido no Mundial. Noah Okafor e Ruben Vargas são as outras opções.

Uma particularidade na convocatória suíça é o facto de o treinador Murat Yakin ter chamado quatro guarda-redes. O titular Yann Sommer e o suplente Jonas Omlin são dúvidas por lesão, situação que fez o treinador precaver-se. Desta forma, Gregor Kobel e Philipp Kohn estão de olho na vaga.

Previsão

A estreia no Mundial-2018, contra o sempre favorito Brasil, terminou empatada (1-1) e mostrou o potencial da equipa em tirar pontos aos grandes e bater o pé aos rivais diretos. Certamente, esta é uma inspiração para os suíços, que vão, novamente, enfrentar o Brasil na fase de grupos. Ainda assim, o que vai fazer a diferença no futuro da equipa na competição serão os jogos contra Sérvia e Camarões, adversários diretos na luta pela segunda posição, uma vez que o favoritismo para ocupar a liderança é todo do Brasil

Conseguindo o apuramento, o conjunto helvético parte em busca de igualar os melhores resultados e chegar aos quartos de final. Estar entre os oito melhores seria um grande feito para a Suíça. Para isso, além da dura primeira fase, será preciso passar os oitavos, que não devem ser favoráveis, já que o grupo suíço cruza com o de Portugal, Gana, Coreia do Sul e Uruguai. A aposta em portugueses e uruguaios coloca um desafio interessante no horizonte da Suíça.

Assim, será preciso que a Suíça se apresente em grande nível e faça uma partida regular para aumentar as hipóteses de estar nos quartos de final. A partir daí, o que vier é um acréscimo. Se a sorte permitir um embate contra Gana e Coreia, as chances aumentam.