André Almeida em entrevista: "Isto é um até já, vou continuar a ser benfiquista"

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André Almeida em entrevista: "Isto é um até já, vou continuar a ser benfiquista"

André Almeida despediu-se em lágrimas dos adeptos do Benfica antes do jogo com o Casa Pia
André Almeida despediu-se em lágrimas dos adeptos do Benfica antes do jogo com o Casa PiaLUSA
André Almeida, lateral-direito de 32 anos, despediu-se ontem dos adeptos do Benfica, depois de ter chegado a acordo para rescindir o contrato que tinha com os encarnados, válido até final da temporada. O defesa, que vestiu a camisola do Benfica durante 12 anos, foi homenageado no Estádio da Luz, antes do jogo com o Casa Pia, e este domingo deu uma entrevista à BTV, passando em revista a longa caminhada ao serviço das águias.

O início no Benfica: "Quando se chega a um clube destes tem de se querer ganhar títulos. Nunca pensei fica tanto tempo e construir uma história tão bonita. Quando comecei a minha carreira sonhava ser jogador mas nunca pensei chegar a um nível tão alto. Foram anos muito bonitos ao serviço deste clube e estou orgulhoso de tudo o que conquistei aqui em casa."

308 jogos oficiais pelo Benfica, algo que só 31 jogadores conseguiram: "Não fazia ideia. Sabia que o Luisão e o Pizzi tinham entrado num lote restrito, mas não fazia ideia desses números. Fico contente porque foram muitos anos e muita dedicação a este clube."

Eusébio: "Não tive a sorte de privar muito com Eusébio, é uma figuras do nosso Benfica, mas conheci pessoas que se davam muito com ele, como senhor Shéu e o Pietra. Tudo o que me falam dele são maravilhas."

Morte de Eusébio em 2014 e o jogo com o FC Porto: "Foi uma das épocas mais vitoriosas que tive aqui. Lembro-me do ambiente no estádio, foi um jogo muito à Benfica. Havia uma atmosfera diferente. Como se os jogadores se elevassem e fossem 11 Eusébios... Foi uma vitória clara, que não deixou dúvidas a ninguém. Ajudou-nos para o que veio a seguir."

Ambiente com os adeptos nesse jogo com o FC Porto: "Foi uma das melhores atmosferas que vi dessa simbiose entre os adeptos e os jogadores. Quando o Benfica se une num só é difícil pararem-nos. Na altura do 'tri' estávamos a perder por 3-0 com o Sporting, mas sentimos uma força dos adeptos e conseguimos o tricampeonato."

Título mais saboroso: "Todos tiveram um sabor especial, mas não sei se foi por ser o meu primeiro título, esse (em 2012/13) o acabou por ser muito marcante."

Idas ao Marquês de Pombal: "Quem sonha ser jogador sonha estar no Marquês. E não há clube melhor para se estar no Marquês do que com o Benfica. O clube enche as ruas, pára o país. E viver isso de perto é uma sensação única que dificilmente consigo explicar. Só vivendo."

Único jogador português, a jogar, que se sagrou tetracampeão: "Claro que sim, fico orgulhoso, mas o Paulo Lopes teve muito impacto em todos esses campeonatos e também lá esteve. Estava muito presente no dia a dia, ajudou-me muito na minha integração no Benfica e em todos os campeonatos teve um papel fundamental."

O melhor campeonato: "Todos tiveram sabor espacial, o primeiro, o do 'tri', porque já nos davam como mortos e com aquele clique dos adeptos, a puxarem por nós no 3-0 com o Sporting, catapultou-nos para uma época de excelência. E a reconquista! Provavelmente foi a minha melhor época individual. Tínhamos algum atraso e acabámos por fulminar alguns recordes de golos e de pontos, que já foi batido. Foi bom ao nível pessoal e coletivo, a malta jovem que surgiu nessa época ajudou-nos a elevar esse nível. Acabaram por ser épocas especiais."

Implementar a mística do Benfica: "Não só com os jovens, mas também com a malta que ia chegando. Porque mais do que falar do clube, o clube é isto, falar, brincar, deixá-los à vontade. Como faz agora o Otamendi. As coisas vão correr bem este ano."

Melhor jogo na Liga: É difícil, não consigo recordar porque são muitos, mas ao nível coletivo lembro-me de muito boas vitórias, o 4-2 em Alvalade, o 10-0 em casa ao Nacional... Não consigo dizer apenas um foram muitos jogos, todos bonitos, dos quais guardo grandes sensações. Se calhar podia dizer um em que marquei, mas os jogos são mais bonitos ao nível coletivo e prefiro falar disso do que da parte individual."

Polivalência: "Foi algo que fui desenvolvendo pela necessidade e pela vontade de querer ajudar. Lembro-me do dia em que assinei contrato com o Benfica, sabia que vinha para um clube imenso, em que se calhar nunca imaginei estar. No dia em que dou a minha primeira entrevista perto do campo, a única  coisa que prometi aos adeptos foi ajudar. Sempre tive essa vontade de ajudar, isso talvez em alguns momentos prejudicou-me, noutros ajudou."

Ambiente no Jamor nas finais da Taça de Portugal: "É diferente, muito populista, as pessoas vivem estes jogos de maneira diferente. O ambiente à volta do estádio é muito especial, mesmo os próprios jogos contra equipas que não as ditas grandes tornam-se muito difíceis."

Jogo da Taça de Portugal mais especial: "A história que me vem mais à cabeça é a do o Jiménez, que fez o 2-0 e colocou a máscara (contra o V. Guimarães na final, em 2017). Foi um momento giro, eles reduziram para 2-1, mas a tarde foi sorridente para nós."

Vitória na Supertaça, por 5-0, frente ao Sporting, em 2019, no Algarve: "Nesse jogo infelizmente não estive dentro do campo, tinha a tíbia fraturada ainda da época passada. Foi um jogo no Algarve, incrível, uma exibição à Benfica."

Último golo: "Foi no ano passado, com o Trofense, para a Taça de Portugal. Foi um momento delicado, tinha vindo de lesão há pouco tempo. Foi um bom golo, ainda não tinha os índices que sempre tive e acabou por ser especial nesse aspeto, para me dar confiança para o que viesse aseguir. Nesse jogo fiz 120 minutos, depois de uma paragem tão grande, foi um jogo importante para mim, para dar um passo em frente após a lesão."

Último golo na Luz, frente ao Boavista, em 2019/2020, sem adeptos: "Foi contra o Helton Leite, ele veio contra mim, acabou por cair e eu, de um ângulo complicado, meti a bola na baliza. O futebol é os adeptos, é o golo, é a emoção à volta do jogo e nesse período sem adeptos no estádio acabámos por estar num ambiente quase de treino. Estás a competir, tens o árbitro, mas tens o eco, esse ambiente faz falta ao futebol."

Finais da Liga Europa: "Se calhar é a maior mágoa que levo, mas é difícil ganhar uma competição europeia. Infelizmente não as conseguimos trazer para os mudeu, mas os benfiquistas viram os jogos, fomos uma equipa à Benfica, dominante, a querer ganhar. Mas o benfiquistas recordam esses jogos pela forma como a equipa se bateu ao longo da competição. Em ambos os jogos senti que o Benfica ia ganhar. Mas estou muito contente com o trajeto da equipa até às finais porque foi bonito e com muita competência."

Jogo com a Juventus, que deu acesso à final da Liga Europa em 2013/14: "Fiquei de joelhos, a festejar. Foi um jogo complicadíssmo, ficámos reduzidos a 9 e a aguentar uma Juventus com tão bons jogadores, de top mundial, em casa deles... Foi um ambiente difícil de controlar, mas ali o Benfica mostrou toda a raça, aguentou-se e bateu-se. Foi especial, não só pelo acesso à final mas também pelo demonstrámos em campo."

65 jogos nas competições europeias: "São jogos muito especiais, a Liga dos Campeões é a maior competição do mundo e penso que ao longo destes anos todos temos trajetos muito bonitos. Chegámos 4 vezes aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, com clubes de topo. A Liga Europa, fica aquele amargozinho por termos chegado duas vezes à final e não termos conseguido trazer nenhuma para este museu."

71 jogos como capitão do Benfica: "É um sentimento muito especial chegar a um clube desta dimensão e chegar a capitão. Os meus colegas olharem para mim como um exemplo e uma refrência... Estou muito grato por tudo o que vivi aqui."

No regresso após lesão, Otamendi deu-lhe a braçadeira: "Na altura até nem associei bem, mas depois agradeci-lhe o gesto. Durante o jogo não há muito o hábito de quem entra ficar com a braçadeira, só depois do jogo é que me apercebi do gesto e agradeci-lhe. Foi um momento especial para mim porque com uma lesão de tanto tempo, voltar... Ele teve essa sobriedade de pensamento, foi um momento especial.

Vestir a camisola do Benfica: "Ainda para mais na minha cidade, no meu clube... Não consigo expressar em palavras o que é poder estar lá dentro, ao longo de tanto tempo, viver tantas alegrias, partilhá-las com a minha gente, a minha família, os meus companheiros, os grandes amigos que fiz aqui, vou levá-los para sempre. Poder festejar nas quatro linhas foi gratificante e estou muito orgulhoso de tudo o que vivi aqui."

Despedida: "Vou levar o Benfica no coração, porque isto é um até já, vou continuar a ser benfiquista, vou continuar a ver os jogos. Só não estou presente nas quatro linhas... Mas vou estar presente, esta será sempre a minha casa."