No seu sexto combate na UFC, a mais prestigiada das ligas de artes marciais mistas, Saint-Denis vai defrontar o americano Matt Frevola, ele próprio um oficial na reserva do exército dos Estados Unidos da América.
Por um acaso do destino, os dois homens enfrentam-se a 11 de novembro, data que assinala o armistício da Primeira Guerra Mundial e sinónimo, nos Estados Unidos, do Veterans Day, dia comemorativo em honra dos veteranos.
"É algo que me dá uma motivação extra", explica Benoit Saint-Denis, também conhecido como Deus da Guerra, à AFP. "Tive camaradas que foram feridos em operações externas, que tiveram lesões psicológicas, com choque pós-traumático, ou lesões físicas. Portanto, isto é uma espécie de homenagem".
Tem apenas 27 anos, mas Saint-Denis já está a viver a sua segunda vida, depois de ter servido mais de seis anos no exército.
"Viver a sua própria aventura"
"Entrei para as forças especiais francesas no 1.º Regimento de Paraquedistas de Infantaria Naval para viver uma vida de aventura, fraternidade e empenhamento", recorda.
A passagem pelo exército, incluindo vários anos na frente do Sahel, proporcionou-lhe"uma experiência cheia de humildade". "Deu-me maturidade, endureceu-me mentalmente, consegui estabelecer objectivos e ser disciplinado. Entrei no exército como um rapaz e quando saí era um homem".
"Passei momentos realmente incríveis, foi uma verdadeira aventura. Agora, todos os homens, penso eu, chegam a uma altura em que se questionam, em que também querem ser os seus próprios patrões, viver a sua própria aventura."
Tendo-se "apaixonado" pelo jiu-jitsu durante a sua carreira militar, começou a competir como amador, aperfeiçoou o boxe com os punhos e foi descoberto pelo treinador Daniel Woirin, antigo treinador da lenda brasileira Anderson Silva.
Seguindo o credo da unidade onde serviu,"Quem se atreve, vence", decidiu deixar o exército e o seu contrato de dois mil euros euros por mês para se lançar no desconhecido.
Dois anos e meio após a sua estreia, assinou contrato com a UFC em plena pandemia de Covid,"uma proeza em termos de tempo", sublinha. "É algo de que eu e a minha equipa nos orgulhamos, porque trabalhámos arduamente, correndo riscos, mas também com inteligência, brio e disciplina".
No sábado, prepara-se para enfrentar Matt Frevola, um "lutador completo e duro". "O objetivo é vencê-lo em todas as áreas.
Com quatro vitórias e uma derrota no currículo, um triunfo sobre o americano, 14.º classificado na divisão de pesos leves, colocá-lo-ia no top 15 da categoria.
"Estilo Seine-Saint-Denis"
Com grandes lutadores como Islam Makhachev, Charles Oliveira e Justin Gaethje, a categoria -70kg é sem dúvida uma das mais difíceis do UFC, mas não intimida o francês.
Após a sua impressionante vitória por nocaute sobre o brasileiro Thiago Moises noUFC Paris, há dois meses, ele avisou:"Vou dizer uma coisa, não há uma pessoa na categoria sub-70 que possa fazer três rounds comigo, e eu vou provar isso passo a passo. Virei defender o cinturão da UFC em Paris quando ele estiver à volta da minha cintura".
Em todo o caso, o facto de Saint-Denis estar prestes a lutar na arena do prestigiado Madison Square Garden, no card do UFC 295, com dois cintos em jogo no programa, é um sinal de que a organização aposta nele.
Como de costume, ele subirá ao palco ao som da canção do comando,"uma canção que eu costumava cantar quando era jovem no exército", e do icónico "estilo Seine-Saint-Denis" do NTM. "Quando ouço esta música, sei que vai haver guerra", diz.