"Nunca antes visto", "um extraterrestre", "sem comparação"... Os dirigentes da Liga francesa não acreditam na "Wembamania" que irrompe em cada jogo dos Metropolitans Boulogne-Levallois, o seu clube.
Anunciado como o próximo dominador do basquetebol mundial, o poste de 19 anos e 2,21 metros esgotou 14 dos 17 jogos da sua equipa. O mesmo acontecerá na sexta-feira, nos quartos-de-final da Leaders Cup, contra o Asvel.
Em Blois, no início de fevereiro, todos os 2.850 lugares do pavilhão esgotaram assim que foram postos à venda.
"Esta é a sexta época em que sou responsável pela venda de bilhetes e nunca vi nada assim, nem na final do ano passado, nem quando recebemos o Asvel no início da época, no nosso primeiro jogo na Elite (a liga francesa)", explicou à AFP Johan Gallon, responsável pelos bilhetes no ADA Blois.
Capitalizar
Em Pau, onde o Elan Bearnais receberá os Metropolitans a 7 de março, o clube tentou adaptar-se para responder a uma procura sem precedentes.
"Vendemos todos os lugares e agora colocámos à venda lugares de pé através de uma autorização municipal, o que não é muito comum", disse Audrey Sauret, diretora-geral do clube.
Para Alain Beral, presidente da liga nacional de basquetebol, Wemby reforça a tendência ascendente de uma maior presença de público nos pavilhões franceses.
"Sentimos uma aceleração porque todos sabem que ele não estará aqui no próximo ano, e se as pessoas quiserem vê-lo terão de se levantar de madrugada (para acompanhar os jogos da NBA), enquanto que aqui o podem ver com os próprios olhos", disse à AFP.
O melhor marcador da Liga de Elite (22,2 pontos de média) poderá tornar-se o primeiro francês a ser eleito como n.º 1 no draft da NBA, em maio. Deste modo, chegará à competição na próxima época.
Entretanto, o campeonato francês quer "capitalizar" o internacional francês. De momento, a época tem uma assistência recorde, com uma média de 3.685 espectadores por jogo.
"A grande diferença está no comportamento de compra, assim que a venda abre, as pessoas pedem-nos a data para terem lugar 'no jogo onde o grande está a jogar'", sorri Audrey Sauret.
"Sabemos que estas não são pessoas que serão clientes fiéis para um bilhete de época, mas continuam a ser clientes que temos de encontrar para dois ou três jogos por ano", acrescenta.
Mais procura do que lugares
No seu pavilhão tornou-se quase impossível encontrar bilhetes: no momento da abertura da venda online, o número de pessoas online ultrapassou o número de lugares disponíveis no pequeno Palácio dos Desportos Marcel Cerdan, em Levallois.
Existe algum receio de uma diminuição do número de espetadores após a anunciada partida do poste para a NBA?
"O bom é que as pessoas que vêm à descoberta de algo voltam porque gostaram. O objetivo é levar os clubes ao topo com grandes orçamentos, com o regresso de grandes jogadores franceses, por isso não creio que o balão perca o ar depois de Wembanyama", explica Alain Beral.