Um pulso prodigioso, habilidades especiais no basquetebol condensadas numa altura de um metro e noventa e sete centímetros, uma ética de trabalho impecável e uma personalidade capaz de o fazer passar de inimigo público número um a mais amado pelos mesmos fãs. Estas eram algumas das maiores qualidades da lenda croata.
Drazen Petrovic, quando a Croácia fazia parte da antiga Jugoslávia, dominou a Europa com mão de ferro. Formado no Sibenka, colocou o Cibona Zagreb no mapa. E não só, para se tornar um grande entre os grandes. Aí, tornou-se o bicho-papão de um Real Madrid que fez valer o ditado "se não podes vencer o inimigo, junta-te a ele".
Assim, depois de não terem conseguido contrariar as suas virtudes, contrataram-no na época 1988/1989. Conseguiu, sozinho, vencer a final da antiga Taça dos Vencedores das Taças contra o histórico Snaidero Caserta, de Itália. Marcou 62 pontos enquanto os seus companheiros lhe deixavam a bola para fazer a sua magia. Ganhou também a Taça do Rei antes de partir para a NBA.
Uma NBA "vetada" aos europeus
Na altura, a liga americana via os europeus como jogadores de segunda categoria. Era difícil fazer nome, mesmo que se tivesse ganho tudo antes, ou que se tivesse chegado como uma estrela. Se não tivesse sido formado nos Estados Unidos, os seus êxitos anteriores não tinham qualquer utilidade.
Por isso, Petrovic esforçou-se por conseguir um lugar nos Blazers. A mesma equipa onde Fernando Martin, cuja história desportiva e fim trágico são semelhantes aos do croata, também não conseguiu ter sucesso. Mas Drazen insistiu que queria ter sucesso e que ia ter sucesso. Assinou pelos Nets, na altura em New Jersey. E aí provou que, apesar das suas fraquezas defensivas, era imparável no ataque. Simplesmente imparável.
Infelizmente para ele, para a sua família e para todos os adeptos do basquetebol, houve uma coisa que o impediu. Um acidente de viação numa auto-estrada alemã onde não devia estar. Deveria ter apanhado um avião com os seus colegas de equipa, mas à última hora decidiu partir com dois amigos num carro particular. Nunca mais foi visto com vida.
Camisola retirada nos Nets
A marca que deixou foi tão indelével que os Nets decidiram retirar a sua camisola com o número 3 após a sua morte. Agora, a 7 de junho, faz 30 anos da sua despedida, o mais triste adeus ao génio de Sibenik.