No chão, é o mais próximo do teto negro do antigo centro de treinos dos Spurs, que deixará na terça-feira para iniciar o último estágio de preparação com a equipa texana em novas instalações. Um grupo de jornalistas segue os movimentos do francês de 19 anos, que desliza com facilidade de uma sessão fotográfica para as pequenas cadeiras de uma conferência de imprensa, onde faz malabarismos entre o inglês e o francês.

"É sempre uma loucura, às vezes apercebo-me que estou na NBA, que jogo nos Spurs. É um pouco irreal, mas é normal, ainda está fresco", explica o prodígio, escolhido em primeiro lugar no draft de junho pela equipa texana, onde o seu compatriota Tony Parker brilhou antes dele. "Vou descobrir estas coisas que costumava ver na televisão. Os estádios, o ambiente, tudo vai ser precioso. Vou viver coisas incríveis. Sei que estou a criar memórias que vão durar para sempre".

Depois de ter participado na Liga de verão em julho, Wembanyama teve algumas semanas de "descanso total" antes de regressar aos treinos em San Antonio, onde está a desfrutar do seu tempo com um grupo particularmente jovem, fazendo jantares de equipa e jogando bowling.

"Cerebral"

"Adaptou-se de forma brilhante", elogia o seu treinador Gregg Popovich, que prolongou o seu contrato com os Spurs, aos 74 anos, para treinar o prodígio. "Ele é muito maduro para a sua idade. É cerebral, muito inteligente e é um bom rapaz. Não teve qualquer problema quando chegou para ganhar o respeito dos seus companheiros de equipa, compreender o seu ambiente e as suas novas responsabilidades".

Um jogador enorme (2,24 m de acordo com a NBA, 2,21 m de acordo com ele) com uma agilidade única para o seu tamanho, Wembanyama suou na sala de musculação este verão e engordou "entre 4 e 7 quilos", sem distorcer a sua figura esguia. "Não quero ir demasiado depressa", diz.

"Estou na melhor condição física da minha vida. Aprendi mais sobre o meu corpo em três meses do que nos últimos cinco anos, graças a numerosos testes. Esta época baixa vai contar, e não apenas para este ano".

A NBA recomeça a 24 de outubro, com a estreia dos Spurs em casa, a 25, contra o Dallas. "Não sei se posso falar de expectativas particulares, quero aprender a ganhar o mais rápido possível", disse "Wemby", apesar do facto de a franquia texana não disputar os playoffs desde 2019 e ter ganho apenas 22 jogos na época passada (60 derrotas).

O ex-jogador do Nanterre, ASVEL e Boulogne-Levallois Metropolitans sabe que seus adversários esperam que ele jogue um jogo físico para testá-lo. "Depois do que vivi no ano passado (no Campeonato Francês), nada mais me assusta".

"Aberração"

Os Spurs contam com vários jogadores jovens e versáteis, incluindo o francês, que o treinador não quis confirmar em nenhuma posição específica. "Sei que posso ajudar esta equipa, mas a melhor maneira é não me colocar numa caixa. Ele (Popovich) sabe disso. Sabemos que vamos fazer algo original, algo especial", explica o jovem de Le Chesnay (Yvelines).

"Sempre joguei como número 4 (ponta) e isso pode continuar sem problemas. Eu me dou bem em quadra com o pivô Zach Collins. Quando jogo com um 5 (pivô) físico no aro, funciona bem".

Os seus companheiros de equipa não pouparam elogios ao novo "anormal", como lhe chama Jeremy Sochan. "Todos os jogos ele faz uma loucura. Às vezes não faz sentido, o cesto parece tão baixo! Vão gostar de o ver esta época", promete Devin Vassell.