Não é fácil conquistar um lugar na prestigiada WNBA. Kennedy Burke já teve uma experiência amarga com isso. No entanto, durante os quatro anos que passou na maior liga de basquetebol feminino do mundo, ela não tinha nada de que se envergonhar. Escolhida na segunda ronda do Draft, foi uma sólida jogadora de rotação sob as cores de três franquias diferentes.
Mas a WNBA não é o ano inteiro e, como muitas jogadoras, exilou-se na Europa durante os períodos de pré-temporada. Só que, no ano passado, o telefone não tocou. O que não é compreensível, uma vez que ela fez uma época absolutamente excecional com as cores do ESB Villeneuve d'Ascq, e os factos provam-no.
No plano continental, chegou às meias-finais da Eurocup. Mas a nível nacional, Kennedy Burke foi simplesmente eleita a MVP da época regular da Liga Feminina de Basquetebol. Foi um prémio bem merecido que destacou uma jogadora de qualidade, com um bom remate geral, trabalhadora e que esteve muito perto de levar o seu clube ao segundo título nacional, perdendo apenas no jogo decisivo da final contra o ASVEL.
Daí a surpresa quando anunciou que ia prolongar a sua aventura. Além da WNBA, vários gigantes europeus poderiam ter feito ofertas tentadoras, mas a americana está claramente à vontade no norte da França. A prova disso foi uma campanha explosiva na Euroliga para ela e para as Lionesses da ESB. Com 15,6 pontos (sétima melhor marcadora), foi a líder de uma equipa que, sob a sua orientação, deu uma reviravolta incontestável.
O ESB nunca tinha conseguido passar da fase de grupos da Euroliga. As Leoas foram suficientemente sólidas para o conseguir, mas o melhor ainda estava para vir. Sem a vantagem de jogar em casa, mantiveram a cabeça baixa antes de darem o golpe perfeito no jogo do play-off em Diósgyőri VTK, conquistando um lugar histórico nos últimos quatro.
Um trio em que a americana e as suas companheiras de equipa foram impressionantes. Melhor ainda, elas também estão em chamas no Campeonato, tendo terminado a fase regular no topo, garantindo a vantagem de jogar em casa durante os play-offs. Kennedy Burke , que na quinta-feirarecebeu o prémio de MVP da época, infelizmente só verá parte dos play-offs, uma vez que em breve se juntará ao New York Liberty, com a época regular da WNBA a começar a 15 de maio. Para colmatar esta lacuna, a ESB chamou uma antiga jogadora da equipa, Keisha Hampton, na esperança de que seja suficiente.
Mas antes disso, ela estará presente na Euroliga. E para a primeira meia-final do ESB nesta competição, a tarefa não será fácil contra o USK Praga. Não há necessidade de fazer projecções desnecessárias, uma vez que as duas equipas já se defrontaram na fase de grupos desta época. As checas, que parecem ter o plantel mais forte, são favoritos a vencer os dois jogos.
No entanto, o jogo de volta no Norte de França merece uma menção especial. Por uma simples razão: o Praga só perdeu três jogos em todas as competições esta época, todos eles na Euroliga. E uma dessas derrotas aconteceu no Palacium, a 17 de janeiro, quando a equipa checa vinha de uma série de 20 vitórias consecutivas!
E quem foi a melhor do jogo nessa noite? Kennedy Burke, é claro. A americana teve um desempenho 5 estrelas, marcando 31 pontos em 10/16 lançamentos, dos quais 5/7 de triplos! Foi o recorde da época, o recorde da Euroliga e a prova irrefutável de que a californiana é uma jogadora nascida para os grandes jogos.
E ainda bem que é disso que se trata esta noite. É um jogo que fará com que Villeneuve entre para uma nova casta, já que apenas Clermont, Bourges e Valenciennes chegaram à final da Euroliga. Antes de regressar a casa com um novo estatuto, Kennedy Burke sabe o que tem de fazer. Tornar-se um ícone para sempre no Palacium.