Vestidos de preto, com o amarelo da Seleção ou com as cores dos clubes que Zagallo jogou e treinou, dezenas de pessoas foram à CBF para se despedir do Velho Lobo.
Próximo do caixão foram exibidos os cinco troféus de campeão Mundial conquistados pelo Brasil.
Zagallo, extremoconhecido pelo seu brilhantismo tático, esteve presente em quatro desses títulos, mais do que qualquer outro jogador na história do futebol.
Ao lado de Pelé, conquistou como jogador os Mundiais de 1958 e 1962. No Mundial de 1970, foi o treinador da equipa que venceu o tri no México e, em 1994, foi treinador adjunto no tetra.
"Perdemos uma lenda do desporto", disse o ex-avançado Bebeto, que fez parte da equipa do Brasil campeã mundial nos Estados Unidos.
"Ele é o meu segundo pai", acrescentou o camisola 7 do tetra.
Entre outros que prestaram homenagem a Zagallo estavam o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que deu um abraço emocionado a um dos filhos do antigo jogador, Mário César.

"Só um Zagallo"
Claudio Alvarenga, motorista de 64 anos, chegou cedo para ser um dos primeiros a passar pelo caixão.
"Ele foi um exemplo para todos os brasileiros", disse à AFP.
"Você pode viajar pelo mundo, só vai encontrar um Zagallo. Ninguém mais na história ganhou quatro Mundiais", acrescentou.

A assistente de longa data de Zagallo, Eliana Gaia, de 66 anos, considerou-o de um "ser humano sem igual".
"Vai deixar muita saudade ao povo brasileiro", disse.
Após o velório público e uma missa privada, o caixão de Zagallo foi envolvido pelas bandeiras da FIFA, da CBF e da Confederação Sul-Americana de Futebol e partiu num cortejo fúnebre pelas ruas do Rio de Janeiro rumo ao cemitério São João Batista, em Botafogo, sob os aplausos de uma pequena multidão de fãs.
Zagallo morreu na sexta-feira por falência múltipla dos órgãos num hospital do Rio de Janeiro, após sofrer uma série de problemas de saúde nos últimos meses.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, que chamou Zagallo de "um dos maiores jogadores e técnicos de futebol de todos os tempos", decretou três dias de luto nacional a partir de sábado, ordenando o hastear das bandeiras a meio mastro em todo o Brasil. O mundo do futebol também rendeu homenagens ao Velho Lobo.

"A influência de Zagallo no futebol, e no futebol brasileiro em particular, é suprema", disse o presidente da FIFA, Gianni Infantino.
"Em tempos de necessidade, o Brasil olhou para 'O Professor' como uma presença calma, um guia e um génio tático", acrescentou.
Os campeões mundiais Ronaldo, Ronaldinho e Romário também homenagearam o ídolo.
Além de Zagallo, somente o alemão Franz Beckenbauer (1974 e 1990), que faleceu no domingo, e o francês Didier Deschamps (1998 e 2018) venceram o Mundial como jogador e como treinador.

Nostalgia dos dias de glória
Amado tanto pelos seus feitos no futebol quanto pela sua personalidade, Zagallo é lembrado pelo seu humor caloroso, profunda superstição e paixão pelo desporto.
O antigo extremo era o último titular da equipa campeã do Mundo em 1958 ainda vivo, depois da morte de Pelé em dezembro de 2022, aos 82 anos.
A despedida ocorre num momento difícil do futebol brasileiro, que parece longe dos dias de glória da era Zagallo. A CFB demitiu o treinador Fernando Diniz do comando técnico da seleção do Brasil na sexta-feira, após uma série de três derrotas na qualificação para o Mundial-2026.

Segundo anúncio do São Paulo no domingo, Dorival Júnior pediu para deixar o clube para ser o novo treinador do Brasil.
"É a realização de um sonho pessoal", disse Dorival no comunicado da equipa paulista. Até ao momento, a CBF não confirmou Dorival Júnior como sucessor de Diniz.
Ednaldo Rodrigues, que regressou à presidência da CBF na última quinta-feira, não quis falar sobre a situação da seleção brasileira.
"Só quero falar do Zagallo", disse Rodrigues aos jornalistas.