Catar ao ataque perante críticas europeias

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Catar ao ataque perante críticas europeias

Catar condena os ataques e diz-se alvo de descriminação pelos países ocidentais
Catar condena os ataques e diz-se alvo de descriminação pelos países ocidentaisAFP
Na sequência das críticas da Europa Ocidental, numa altura em que se aproxima o arranque do Mundial-2022, o Catar mudou a estratégia e subiu o tom de resposta nos cenários mediático e diplomático, abrindo portas, inclusivamente, a processos judiciais.

Acusado de violações de direitos humanos, o emirado do Golfo Pérsico repetia, até há bem pouco tempo, que "todos serão bem acolhidos" no Mundial-2022 e condenava os críticos que nunca haviam estado no país para comprovar essa ideia.

Contudo, no início de outubro, a imprensa catari, muito ligada ao poder, começou a envocar uma "conspiração sistemática" dos meios de comunicação europeus e, a menos de um mês do início da prova, um discurso do emir marcou um ponto de viragem.

"Inicialmente, tratámos a questão com boa-fé e, inclusive, considerámos que um pouco de crítica era algo positivo e útil, que nos ajudava a desenvolver aspetos que precisam de ser desenvolvidos", disse Tamim bin Hamad al Thani, durante o discurso de abertura de uma sessão anual do Conselho Shura.

“Mas rapidamente ficou claro para nós que a campanha continua, aumenta e inclui invenções e duplos padrões, até atingir uma nível de ferocidade que fez muitos questionarem, infelizmente, sobre os reais motivos por trás desta campanha", acrescentou.

Para o Ministro do Trabalho do país, citado pela AFP no iníco de novembro, essas motivações seriam de caráter "racista".

"Não querem permitir que um país pequeno, um país árabe, muçulmano, organize o Campeonato do Mundo", atirou Ali bin Samikh Al-Marri.

Catar condena "descriminação" de que diz ser alvo

Em declarações proferidas no Fórum Económico de Davos, em maio, o emir lamentou que o Catar estivesse a ser vítima de "descriminação", alegando que algumas pessoas "não possam aceitar que um país árabe e muçulmano" organize um Mundial.

Por seu lado, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, de passagem pela Europa, sublinhou que "há muita hipocrisia nestes ataques", que disse serem "promovidos por um número muito pequeno de pessoas, no máximo em dez países".

Em entrevistas concedidas à cadeia de televisão britânica Sky News e aos diários francês e alemão Le Monde e Frankfurter Allgemeine Zeitung, Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani vincou que "o futebol é de todos" e que "não é um clube reservado às elites".

No passado domingo, durante a cerimónia de batismo de um dos hotéis-barco que servirão o Mundial-2022, Akbar Al-Baker, CEO da Qatar Airways denunciou "toda a publicidade negativa orquestrada pela imprensa" contra o país, que recebeu o apoio da Liga Árabe, que congrega 22 países membros, para fazer frente a "campanhas de desprestígio".

No âmbito diplomático, o Catar começa a inflingir represálias, já que a 28 de outubro, o embaixador alemão foi notificado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros do país para clarificar as declarações da Ministra do Interior e dos Desportos da Alemanha, Nancy Faeser.

Três dias depois, Faeser teve um discurso apaziguador durante uma visita ao emirado, durante a qual assegurou ter recebido "garantias sobre a segurança" dos espectadores e anunciou a intenção de voltar ao país para assistir ao primeiro jogo da Alemanha, com o objetivo de "apoiar o Catar nas suas reformas cruciais para o futuro".

Meios locais acusam Ocidente de querer manter "monopólio" da organização do Mundial

Questionado sobre a abordagem dos meios de comunicação social europeus, cujas críticas vão desde o tratamento aos trabalhadores migrantes à suposta proibição de andar de mãos dadas em público, o Catar considera, também, uma resposta legal.

Suspeito de espionagem no âmbito da organização do Mundial, depois de uma investigação levada a cabo pelo jornal britânico The Sunday Times, o emirado respondeu, garantindo estar a estudar "todas as opções legais" contra os autores de "acusações infundadas".

Os meios locais continuam a apoiar as autoridades do país e a agência noticiosa QNA cita artigos e entrevistas favoráveis ao Mundial-2022 que são difundidos pela Europa.

O canal de televisão Al Jazeera dedicou 50 minutos a uma reportagem em árabe às origens das críticas feitas ao emirado, na qual é dito que as mesmas "começaram na Grã-Bretanha", passando, depois, para "França e Dinamarca".

Já o jornal Al-Sharq sublinha que a campanha anti-Catar "confirma a arrogância de certos países ocidentais que pensam que a organização do Campeonato do Mundo deve continuar a ser o seu monopólio".