Tour: A arrogância da Alpecin-Deceuninck valeu a primeira vitória a Asgreen

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Tour: A arrogância da Alpecin-Deceuninck valeu a primeira vitória a Asgreen

Asgreen celebrou a primeira vitória na Grande Boucle
Asgreen celebrou a primeira vitória na Grande BoucleAFP
A Soudal Quick-Step pode finalmente respirar de alívio, após Kasper Asgreen ter-se estreado esta quinta-feira a vencer na Volta a França, num triunfo que premeia tanto o talento do ciclista dinamarquês como castiga a arrogância da Alpecin-Deceuninck.

O pelotão, com a equipa neerlandesa ao comando, nunca deixou os fugitivos (primeiro três, depois quatro) ultrapassarem a barreira do minuto de vantagem, teve-os na mira durante praticamente os 184,9 quilómetros da 18.ª tirada, mas, ao subvalorizar o quarteto, errou os cálculos da perseguição e quase escandalosamente permitiu que Asgreen conquistasse, aos 28 anos, a sua primeira (e merecida) vitória na Volta a França.

Significa tanto. Com o período (difícil) que tive no ano passado, após a minha queda na Volta à Suíça, e de ter de abandonar o Tour … Foi um caminho longo”, assumiu o sempre humilde ciclista dinamarquês, uma das promessas perdidas do pelotão internacional.

Asgreen usou a astúcia que o ajudou a ganhar a Volta à Flandres (2021) para lançar o sprint no momento certo, a meros 200 metros da meta instalada em Bourg-en-Bresse, e bater os seus companheiros de jornada, o neerlandês Pascal Eenkhoorn (Lotto Dstny), segundo, e o norueguês Jonas Abrahamssen (Uno-X), com Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) a chegar com as mesmas 04:06.48 horas, na frente de um pelotão no qual o camisola amarela Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) seguia tranquilo.

A vitória do dinamarquês é também a primeira da Soudal Quick-Step nesta Grande Boucle, com a equipa belga a redimir-se esta quinta-feira da sua mais do que modesta prestação e a defender o seu registo na prova francesa: ganhou pelo menos uma etapa em cada uma das últimas 11 edições, somando agora 50 no total.

Há não sei quantos anos que não saíamos do Tour sem vitórias, estou contente que não tenhamos interrompido a série”, comentou o vencedor.

Os 184,9 quilómetros entre Moûtiers e Bourg-en-Bresse começaram com uma baixa de peso, o fenomenal Wout van Aert (Jumbo-Visma), que manteve a promessa de abandonar quando o segundo filho estivesse prestes a nascer e que, pela primeira vez, em cinco presenças, se despediu do Tour sem qualquer vitória de etapa (tem nove no currículo).

Assim que a partida real foi dada, Asgreen, Abrahamssen e Victor Campenaerts (Lotto Dstny), três repetentes em fuga, saltaram para a frente da corrida, sem nunca conseguirem uma margem próxima dos dois minutos.

Numa atitude inexplicável, o pelotão, nomeadamente a Alpecin-Deceuninck, brincou com os fugitivos, mantendo-os durante dezenas e dezenas de quilómetros a um minuto ou menos, e até o camisola verde Jasper Philipsen deu notas de soberba, anulando em solitário uma tentativa de Pascal Eenkhoorn, que insistiu em ir para a fuga, desta vez com sucesso – alcançaria os homens da frente a 58 quilómetros da meta.

Não tive a intenção de ser mau ou arrogante, mas não queria mais ciclistas na frente”, justificou após a etapa o belga, que já ganhou quatro etapas nesta edição.

A fuga a quatro ganhou um novo fôlego e, com dois roladores de peso – Asgreen e Campenaerts -, foi aguentando estoicamente a perseguição do pelotão, estrategicamente desorganizada por dois companheiros do dinamarquês, a estrela Julian Alaphilippe e Tim Declercq, que se foram intrometendo entre os comboios dos sprinters para atrapalhar.

Foi um contrarrelógio por equipas. Realmente, não teria conseguido sem o Pascal, o Victor e o Jonas, todos estiveram excelentes. Para ser honesto, todos merecíamos ganhar com o trabalho que fizemos”, concedeu o vencedor, enquanto Campenaerts, que lançou Eenkhoorn, criticou a atitude “pouco esperta” do pelotão, que, ao ter diferenças tão curtas para os fugitivos, permite que outros ciclistas se unam à fuga mais tarde.

Quem agradeceu a jornada tranquila foi o camisola amarela Jonas Vingegaard, assim como o seu vice na geral, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), que revelou ter ficado emocionado com o apoio recebido esta quinta-feira, depois de ter capitulado na véspera e ter ficado a 07.35 minutos do dinamarquês da Jumbo-Visma.

O top 10 da geral, incluindo Adam Yates (UAE Emirates), que fecha o pódio a 10.45 minutos, chegou integrado no pelotão, ao contrário dos portugueses: Nelson Oliveira (Movistar) perdeu 50 segundos – e é 55.º da geral, a 02:55.55 horas de Vingegaard – e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) chegou 01.16 minutos depois do vencedor, sendo 70.º na classificação, a 03:32.26.

Na sexta-feira, a 19.ª etapa parece ser novamente ideal para que uma fuga tenha sucesso, com os acidentados 172,8 quilómetros entre Moirans-en-Montagne e Poligny a incluírem uma contagem de montanha de terceira categoria a 28 quilómetros da meta.