“Temos um país muito grande e com uma economia forte, que tem produzido campeões em outras vertentes do automobilismo. Mas, infelizmente, nos ralis isso não acontece. Creio que é um problema de base, falta mais estímulo e investimento nos jovens pilotos”, analisou Gabriel Morales, de 34 anos, à agência Lusa.

O co-piloto, natural de São Paulo, partilhou que muitos jovens brasileiros “preferem ir para a vertente de todo-o-terreno do que para os ralis” e explicou que a extensão territorial do Brasil “torna difícil estabelecer um campeonato nacional sustentável”.

“Estamos falar de um país com mais de 5 mil quilómetros de extensão de ponta a ponta. É complicado abranger todos os estados. Na parte sul, no estado do Rio Grande do Sul, os ralis até estão bem estabelecidos, com provas interessantes, mas depois falta incentivo para que haja mais corridas pelo país”, explicou.

Assim, para um brasileiro se desenvolver na modalidade, a vinda para Europa é quase uma premissa essencial, num trajeto que foi feito por Morales, que começou nos ralis por influência familiar e, mais tarde, como navegador de Paulo Nobre, um dos mais bem-sucedidos pilotos brasileiros.

“Comecei nos ralis com 17 anos, pois o meu pai e a minha mãe também eram co-pilotos. Até 2017 corri no Brasil e na América do Sul, mas depois, com o Paulo Nobre, comecei uma carreira internacional, em provas do WRC e também no Europeu de ralis”, recordou.

Atualmente, o brasileiro é o navegador do piloto boliviano Bruno Bulacia, tripulando um Ford Fiesta da categoria de WRC3, mas ambos também competem, regularmente, no troféu Toyota Ibérico, com provas já realizadas em Portugal

“Já competimos no Rali Terras de Aboboreira, em Fafe. O que nos ajudou muito na preparação para deste rali. As pessoas em Portugal são muito simpáticas, e o público dos ralis é muito apaixonado. E com a boa comida de cá, sinto-me um pouquinho em casa”, afirmou.

Neste que será o primeiro rali de terra para a dupla Bulacia/Morales ao volante do Fiesta WRC2, Gabriel aponta uma presença no pódio da categoria como um objetivo.

“O nosso objetivo é lutar pelo top 3 do WRC3, mas se conseguirmos uma vitória nesta categoria era muito importante. Não começámos bem na Suécia, mas vamos agora tentar inverter, até porque é na terra que o Bruno (Bucalia) tem mais experiência”, afirmou.

Para isso, e como um dos representantes da lusofonia neste Rali de Portugal, Gabriel Morales conta com “o apoio dos portugueses e também dos muitos brasileiros que vivem no país”.